A Morte do Avaro<\/em>. Presume-se que fa\u00e7a parte dos primeiros trabalhos do pintor, levando em conta a relativa simplicidade da pintura e significado aleg\u00f3rico.\u00a0 Representa o mundo temporal e o espiritual.<\/p>\nNo barco, representante de ambos os mundos, terreno e espiritual, passam o tempo mergulhados nos prazeres da carne, sem se preocuparem com a fluidez da vida, portanto, em vez de ancorarem no porto da salva\u00e7\u00e3o, todos ir\u00e3o chegar \u00e0s costas do pa\u00eds dos loucos, recebendo a condena\u00e7\u00e3o no dia do Ju\u00edzo Final. A obra apresenta v\u00e1rios personagens.<\/p>\n
Na parte central do barco encontram-se sentados uma freira e um monge. Enquanto ela tenta tocar um ala\u00fade, instrumento musical que muitas vezes \u00e9 associado ao desregramento, traz os olhos fixos e a boca aberta, juntamente com o monge, tentando abocanhar um alimento pendurado numa corda, parecido com um p\u00e3o ou bolo, movido pelo homem que sobe na \u00e1rvore. Uma t\u00e1bua, que se encontra entre eles, cont\u00e9m um prato com cerejas, tidas como as frutas da imod\u00e9stia, enquanto ao lado est\u00e1 um copo, provavelmente contendo dados para serem jogados.<\/p>\n
Nada indica que o artista tenha feito sua obra baseando-se num fato real, ou seja, na expuls\u00e3o dos loucos da cidade. Possivelmente trata-se de uma representa\u00e7\u00e3o simb\u00f3lica da sele\u00e7\u00e3o dos maus. Como monges e freiras devessem ficar sempre separados, a presen\u00e7a de ambos no mesmo espa\u00e7o, j\u00e1 era um indicativo de condena\u00e7\u00e3o \u00e0 \u00e9poca do pintor. Por sua vez, naqueles tempos, o ala\u00fade, por ter um buraco redondo, simbolizava a vagina, enquanto a gaita simbolizava o p\u00eanis. Manej\u00e1-los remetia \u00e0 lux\u00faria.<\/p>\n
O jogo entre a freira e o monge, para ver quem \u00e9 capaz de comer o p\u00e3o, ou o que quer que seja, evidencia a gula, embora alguns estudiosos interpretam que os dois est\u00e3o apenas cantando. Outra presen\u00e7a marcante \u00e9 o n\u00famero de barris e recipientes para vinho, a sugerir a embriaguez. Ao que parece, o pintor quer mostra que, para cometer tantos pecados, \u00e9 preciso que sejam dementes. Os loucos, portanto, na composi\u00e7\u00e3o de Bosch, s\u00e3o as pessoas que se comportaram inadequadamente, segundo os princ\u00edpios morais da \u00e9poca, incapazes, portanto, de alcan\u00e7arem o reino dos c\u00e9us.<\/p>\n
H\u00e1 na composi\u00e7\u00e3o duas \u00e1rvores dentro do barco. Uma \u00e9 usada como leme, sendo ligada \u00e0 popa, e a outra, com folhas, \u00e9 usada como mastro. Um grande peixe est\u00e1 suspenso num galho seco, enquanto outro galho sust\u00e9m um louco, de costas para o grupo, que bebe vinho numa tigela, usando o uniforme dos loucos da \u00e9poca, e trazendo na m\u00e3o uma vara contendo na ponta as suas pr\u00f3prias fei\u00e7\u00f5es . Ele parece ser o mais calmo de todo o grupo.<\/p>\n
A bandeira em forma de fl\u00e2mula do mastro, desfraldada ao vento, traz uma lua crescente, emblema dos turcos, que queriam invadir a Europa. Era tamb\u00e9m usada para marcar os dementes em uma composi\u00e7\u00e3o, por isso, eles eram vistos sob a bandeira dos desafetos dos crist\u00e3os.<\/p>\n
Saindo de uma enorme moita, um sujeito tenta cortar a fita que prende ao mastro um ganso assado, o que remete ao pecado da gula. Mesmo que as velas, o leme e os ramos n\u00e3o sejam capazes de impulsionar o barco, isso n\u00e3o afeta o prazer dos ocupantes, que j\u00e1 se encontram b\u00eabados e alegres. Sendo que duas freiras e um frade deixam de lado as obriga\u00e7\u00f5es ligadas ao esp\u00edrito, para se comprazerem com os prazeres mundanos.<\/p>\n
Em cima, no meio da \u00e1rvore, aparece algo que tanto pode ser uma caveira quanto uma coruja, considerada a ave da sabedoria e da morte, pois, em raz\u00e3o do estado atual do quadro \u00e9 imposs\u00edvel precisar. Qualquer uma estaria de acordo com a obra. Na \u00e1gua est\u00e3o dois homens. Um deles levanta sua tigela, pedindo mais vinho. Um outro, seguro naquilo que seria o leme, parece vomitar.<\/p>\n
Havia muita simbologia na arte da Idade M\u00e9dia. Atrav\u00e9s do conhecimento de tais sinais, o observador podia decifrar a obra. O significado dessa simbologia ainda \u00e9 muito estudado nos dias de hoje para melhor compreens\u00e3o da arte desse tempo. Por exemplo, um barco poderia significar um s\u00edmbolo de Estado, da Igreja, da f\u00e9 ou a vida. A \u00e1gua era ligada \u00e0 limpeza, \u00e0 renova\u00e7\u00e3o e ao batismo. Tamb\u00e9m significava perigo, amea\u00e7a ou pecado. Assim, as figuras nuas representadas na \u00e1gua de O Barco dos Loucos<\/em> s\u00e3o pecadores. A \u00e1gua tamb\u00e9m poderia estar relacionada \u00e0 dem\u00eancia, inclusive, na cidade holandesa de Meulebeck, os dementes eram levados a passar sobre uma ponte, com o intuito de obterem a cura.<\/p>\nFicha t\u00e9cnica<\/span>
\nAno: c. 1494
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre madeira
\nDimens\u00f5es: 57,8 x 32,5 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Museu do Louvre, Paris, Fran\u00e7a<\/p>\nFontes de Pesquisa<\/span>
\nLos secretos de las obras de arte\/ Taschen
\nBosch\/ Abril Cole\u00e7\u00f5es
\n1000 obras-primas da pintura europeia\/ K\u00f6nemann
\nBosch\/ Tachen<\/p>\nViews: 31<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho A composi\u00e7\u00e3o O Barco dos Loucos, tamb\u00e9m conhecida como A Nave dos Loucos, obra de Hieronymus Bosch, faz parte do conjunto formado por Alegoria do Prazer e a A Morte do Avaro. Presume-se que fa\u00e7a parte dos primeiros trabalhos do pintor, levando em conta a relativa simplicidade da pintura e […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[11,42],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/18416"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=18416"}],"version-history":[{"count":10,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/18416\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46644,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/18416\/revisions\/46644"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=18416"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=18416"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=18416"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}