<\/a><\/p>\nO Rio Ganges (ou Benares) \u00e9 um dos sete rios sagrados da \u00cdndia, cujas \u00e1guas s\u00e3o formadas pelo degelo das enormes montanhas do Himalaia. Nasce no Tibet, atravessa o norte indiano, desaguando no Oceano \u00cdndico. Possui uma liga\u00e7\u00e3o muito forte com a cultura e a religi\u00e3o indiana.<\/p>\n
\u00c9 muito importante para a popula\u00e7\u00e3o que vive em suas margens, pois \u00e9 dele que ela retira a \u00e1gua e os alimentos que consome. Nos per\u00edodos das chuvas, as enchentes do rio atingem uma \u00e1rea de mais de 150 quil\u00f4metros e com isso proporciona uma \u00f3tima fertiliza\u00e7\u00e3o de sua margem, ideal para o plantio de alguns produtos como trigo, arroz, algod\u00e3o, a\u00e7ucares e v\u00e1rios outros g\u00eaneros agr\u00edcolas.<\/p>\n
O Ganges possui um grande valor espiritual para os adeptos do hindu\u00edsmo, que tomam banho nas suas \u00e1guas, crendo que o rio possui a capacidade de purific\u00e1-los de todos os pecados. Pessoas idosas v\u00e3o ali para morrer, pois se falecem nesse local sagrado, o ciclo de reencarna\u00e7\u00f5es termina, ficando livres da Roda de Samsara<\/i>, conforme prega o hindu\u00edsmo.<\/p>\n
Nas \u00e1guas do Ganges, milh\u00f5es de pessoas fazem o ritual de purifica\u00e7\u00e3o. Sendo, sem d\u00favida, um dos maiores centros de peregrina\u00e7\u00e3o do mundo, principalmente durante o festival religioso Ardh Kumbh Mela, <\/i>quando as estradas ficam apinhadas de peregrinos.<\/p>\n
Nas margens do Ganges h\u00e1 v\u00e1rios postos de crema\u00e7\u00e3o onde os mortos s\u00e3o queimados, ininterruptamente, e as cinzas encontram o destino final em suas \u00e1guas. As fam\u00edlias que trazem seus mortos para serem cremados, acreditam que eles ser\u00e3o purificados e se libertar\u00e3o da servid\u00e3o material.<\/p>\n
Na \u00cdndia, a tradi\u00e7\u00e3o de se banhar no rio Ganges n\u00e3o foi interrompida, apesar de sua crescente polui\u00e7\u00e3o. \u00a0Milh\u00f5es de hindus banham-se ali para se purificarem dos pecados, e ascenderem a uma nova reencarna\u00e7\u00e3o, numa casta superior \u00e0 que estava. Milhares de devotos banham-se, oram, oferecem velas acesas, bebem sua \u00e1gua e lan\u00e7am-lhe as cinzas e os ossos de seus entes queridos, cremados nas escadarias (os “ghats”) desse mesmo \u201crio santo\u201d. Quem n\u00e3o pode pagar a crema\u00e7\u00e3o de seus familiares, joga os corpos no rio ou os deixa apodrecer nas margens. E muitas m\u00e3es afogam seus filhos rec\u00e9m-nascidos, principalmente meninas, como sacrif\u00edcio aos deuses (embora alguns julguem que seja, para n\u00e3o terem que pagar dote, quando casarem).<\/p>\n
O Rio Ganges \u00e9 um mundo \u00e0 parte. Nele, pessoas lavam roupas, tomam banho, escovam os dentes, assim como vacas podem ser vistas, mortas ou vivas, dentro de suas \u00e1guas. Al\u00e9m disso, \u00e1guas de enxurradas vindas das ruas cheias de coc\u00f4 de humanos, de vacas, de porcos, de cachorro e outros animais s\u00e3o despejadas no rio. <\/i><\/strong>Somente na cidade de Varanasi existem 32 sa\u00eddas de esgoto para o Ganges, o que torna as peregrina\u00e7\u00f5es muito perigosas.<\/p>\nA Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade vem estudando uma forma de despoluir esse rio, que \u00e9 a principal causa da mortalidade infantil na regi\u00e3o. Mesmo assim, \u00e9 imposs\u00edvel n\u00e3o notar os rostos felizes, cheios de paz e espiritualidade que emergem de suas \u00e1guas. Sendo in\u00fatil qualquer tentativa de proibir que bebam dessas mesmas \u00e1guas e que se evite levar garrafas cheias com a \u201c\u00e1gua sagrada\u201d para casa, para supostos tratamentos.<\/p>\n
Os fi\u00e9is caminham quil\u00f4metros para descer at\u00e9 o Ganges e esperam pacientemente sua vez, para lavar nele seus pecados, nos poucos metros de faixa de \u00e1gua habilitados para esse ritual. Os fi\u00e9is s\u00e3o liderados por sadhus<\/i>, homens considerados sagrados, que cobrem o corpo de cinzas e correm nus para o rio, usando apenas guirlandas de flores.<\/p>\n
Curiosidades<\/span>:<\/p>\n\n- A cena de imensas fogueiras para cremar os corpos dos mortos repete-se todos os dias.<\/li>\n
- As mulheres est\u00e3o proibidas de assistirem \u00e0s cerim\u00f4nias de crema\u00e7\u00e3o porque, ao chorar, impedem que a alma v\u00e1 para o Nirvana.<\/li>\n
- Antes de serem cremados, os corpos s\u00e3o lavados nas \u00e1guas do rio, depois colocados para escorrer o excesso de \u00e1gua.<\/li>\n
- \u00c9 comum ver fam\u00edlias tirando fotos ao lado do morto na sua pira cremat\u00f3ria.<\/li>\n
- O parente, que acende a fogueira, tem a cabe\u00e7a toda raspada em sinal de luto. Ao final da crema\u00e7\u00e3o todos os familiares presentes dever\u00e3o tomar um banho no rio.<\/li>\n
- N\u00e3o s\u00e3o cremados: beb\u00eas, crian\u00e7as de at\u00e9 5 anos de idade, br\u00e2manes, mulheres gr\u00e1vidas, sadhus, iogues, pessoas que morreram picadas por cobras, v\u00edtimas de hansen\u00edase ou var\u00edola e animais. S\u00e3o amarrados a uma pedra e jogados no fundo do rio. Muitas vezes os cad\u00e1veres desprendem das pedras e voltam \u00e0 superf\u00edcie, sendo muitos corpos devorados por animais.<\/li>\n
- Quando o rio est\u00e1 com baixo volume de \u00e1gua, o \u201cghat\u201d fica com tr\u00eas n\u00edveis: inferior, m\u00e9dio e superior. As crema\u00e7\u00f5es, ent\u00e3o, ocorrem por castas. A casta inferior \u00e9 cremada no n\u00edvel mais baixo do solo e a casta mais alta no n\u00edvel mais alto.<\/li>\n
- A madeira usada para a crema\u00e7\u00e3o nas castas mais altas \u00e9 o s\u00e2ndalo.<\/li>\n
- Homens s\u00e3o enrolados em tecido branco, mulheres em vermelho, idosos em roxo.<\/li>\n
- A casta mais alta tem um forno especial.<\/li>\n
- Na beirada do rio ficam muitos garimpeiros, peneirando as cinzas na tentativa de achar alguma joia que tenha sido esquecida pela fam\u00edlia do morto.<\/li>\n
- O cremat\u00f3rio ou “burning ghat” funciona dia e noite e os corpos chegam o tempo todo e de toda maneira.<\/li>\n
- Um pequeno caminh\u00e3o leva um funcion\u00e1rio com uma vara, que vai cutucando as pessoas deitadas no per\u00edodo de peregrina\u00e7\u00f5es. N\u00e3o havendo movimentos por parte dessas, s\u00e3o carregadas como supostamente mortas.<\/li>\n
- Os intoc\u00e1veis s\u00f3 podem vestir roupas dos mortos.<\/li>\n
- Os ossos da bacia feminina e do peito masculino n\u00e3o queimam completamente, sendo os restos jogados no Ganges.<\/li>\n<\/ul>\n
No Rio Ganges, a vida e a morte andam de m\u00e3os dadas, numa permanente festa.<\/p>\n
Nota:<\/span> imagem copiada de http:\/\/www1.folha.uol.com.br
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Autoria de Lu Dias Carvalho O Rio Ganges (ou Benares) \u00e9 um dos sete rios sagrados da \u00cdndia, cujas \u00e1guas s\u00e3o formadas pelo degelo das enormes montanhas do Himalaia. Nasce no Tibet, atravessa o norte indiano, desaguando no Oceano \u00cdndico. Possui uma liga\u00e7\u00e3o muito forte com a cultura e a religi\u00e3o indiana. \u00c9 muito importante […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[18],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1880"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1880"}],"version-history":[{"count":6,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1880\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45617,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1880\/revisions\/45617"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1880"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1880"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1880"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}