{"id":1903,"date":"2013-03-02T10:32:52","date_gmt":"2013-03-02T13:32:52","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=1903"},"modified":"2015-10-09T20:59:08","modified_gmt":"2015-10-09T23:59:08","slug":"os-primeiros-templos-cristaos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/os-primeiros-templos-cristaos\/","title":{"rendered":"OS PRIMEIROS TEMPLOS CRIST\u00c3OS"},"content":{"rendered":"

Autoria do Prof.<\/strong> Pierre Santos
\n<\/b><\/p>\n

\"templcrist\"<\/a>\u00a0\u00a0\u00a0 \"templcrist<\/a><\/p>\n

Igreja Basilical Primitiva<\/span><\/p>\n

Seu plano construtivo, inspirado na anterior bas\u00edlica civil romana, era baseado no sistema de escora e sustenta\u00e7\u00e3o dos materiais utilizados, visando \u00e0s \u00f3bvias e j\u00e1 testadas solu\u00e7\u00f5es de estabilidade, tudo conforme os antigos sistemas de edifica\u00e7\u00e3o, os quais, do Neol\u00edtico<\/i> \u00e0 Antiguidade Cl\u00e1ssica<\/i>, mantiveram sempre, com raras varia\u00e7\u00f5es, os mesmos princ\u00edpios de equil\u00edbrio arquitet\u00f4nico, com aperfei\u00e7oamentos apenas \u00f3bvios ao longo do tempo.<\/p>\n

Tratava-se, no caso, de sistema construtivo est\u00e1tico, no qual pilares e traves dispostos na oposi\u00e7\u00e3o de verticais e horizontais garantiam o repouso seguro dos materiais. Assim, o plano arquitet\u00f4nico era limitado em virtude dos problemas criados pelas for\u00e7as da gravidade, num tempo em que a constru\u00e7\u00e3o ainda n\u00e3o tinha encontrado solu\u00e7\u00f5es que as desafiassem. Isto s\u00f3 iria acontecer, e com assombroso arrojo, a partir do per\u00edodo seguinte.<\/p>\n

Ora, a edifica\u00e7\u00e3o do cristianismo, j\u00e1 no s\u00e9culo IV, se deu ao esfor\u00e7o de renovar, fazendo a de origem evoluir para um indiv\u00edduo arquitet\u00f4nico mais ambicioso, mais forte e esbelto (ver ilustra\u00e7\u00f5es). Todavia, se a bas\u00edlica primitiva n\u00e3o era afetada por intemp\u00e9ries naturais, por ser acachapada, a crist\u00e3 desde a fase de liberta\u00e7\u00e3o se viu instada a lutar contra outra amea\u00e7a constante: a das \u00e1guas pluviais, que sempre minavam os alicerces, provocando desmoronamentos. Por conseguinte, passemos agora em revista como se estruturava a edifica\u00e7\u00e3o crist\u00e3 ao longo do per\u00edodo de liberta\u00e7\u00e3o, com as primeiras inova\u00e7\u00f5es introduzidas na fei\u00e7\u00e3o, mas n\u00e3o na estrutura do templo.<\/p>\n

A planta era consideravelmente simples. Uma escadaria terminada em plataforma, o adro, dava ingresso a um p\u00f3rtico, o qual se abria para um amplo p\u00e1tio, o \u00e1trio. Este, contornado por colunas, hipetra (ou seja, descoberto), mas n\u00e3o nas laterais. Em seu centro ficava a fonte de purifica\u00e7\u00e3o dos novos conversos, origem da pia batismal. O \u00e1trio, por sua vez, abria-se para outro p\u00f3rtico, um imponente vest\u00edbulo denominado nartex, que introduzia o fiel \u00e0 igreja propriamente dita, que era nada mais nada menos do que um comprido ret\u00e2ngulo buscado na antiga bas\u00edlica, a nave central.<\/p>\n

A esta nave, a principal, foram acrescentadas duas naves laterais (o que era mais comum, pois, excepcionalmente, constru\u00edram-se igrejas de cinco naves: a central e duas laterais de cada lado). Para alguns estudiosos do assunto, as naves laterais representavam os sombrios corredores das catacumbas. Mais estreitas e baixas, eram separadas da central por colunas, recurso que, al\u00e9m de aumentar o espa\u00e7o interno do templo, desempenhava o papel de escoras a apoiarem as ditas colunas, que realmente precisavam desta escora, porque sua fun\u00e7\u00e3o era sustentar o entablamento, elemento feito de pedra aparelhada, que corria por cima delas do princ\u00edpio ao fim da nave principal, em cima do qual se levantava outra parede, o que permitia ficasse o templo o dobro mais alto.<\/p>\n

O teto era plano e muito bem trabalhado, coberto externamente por telhado de duas \u00e1guas, enquanto o telhado das naves laterais era obl\u00edquo e se amarrava na base externa do entablamento. Assim, na parte superior das paredes faziam o clerest\u00f3rio, conjunto de janelas para ilumina\u00e7\u00e3o interior do templo. Na parte quase terminal da nave, em plano mais elevado, ficava o transepto, onde corria a cancela, por tr\u00e1s da qual cruzava a igreja de um lado a outro uma nave transversal, dando \u00e0 planta a forma de cruz latina e em cujos terminais, de um lado e de outro da igreja, as irmandades se acomodavam durante os of\u00edcios religiosos. Um pouco adiante desse cruzamento de naves instalava-se o altar, al\u00e9m do qual, no final da nave, ficava a abside, de forma semiesf\u00e9rica, decorada de afrescos ou mosaicos, onde se abrigava a imagem do santo ou da santa a que a igreja era consagrada.<\/p>\n

Naqueles tempos, o sacerdote ficava entre o fim da abside e a mesa de que se compunha o altar, celebrando os rituais lit\u00fargicos de frente para o p\u00fablico. In\u00fameras igrejas foram assim constru\u00eddas por todos os lugares por onde a religi\u00e3o ia se expandindo, com ligeiras modifica\u00e7\u00f5es na planta de uma para outra. Encontramo-las em Constantinopla, como em Jerusal\u00e9m, Gr\u00e9cia, S\u00edria, It\u00e1lia, etc.<\/p>\n

Em Roma, a primeira igreja que Constantino mandou construir, antes mesmo da mudan\u00e7a da capital, foi a Bas\u00edlica de S\u00e3o Jo\u00e3o de Latr\u00e3o<\/i>, a m\u00e3e de todas as igrejas crist\u00e3s, como \u00e9 chamada, hoje completamente descaracterizada pelas constantes reformas ali efetuadas. A segunda foi a Bas\u00edlica de S\u00e3o Pedro<\/i>, exatamente no lugar onde o santo foi martirizado. Mais de um mil\u00eanio depois, arruinada em seus materiais, comprometida em suas bases, teve que ser demolida, isto em 1503, pelo Papa J\u00falio II, que mandou erguer em seu lugar a atual Bas\u00edlica do Vaticano<\/i>, o maior templo da cristandade. Na mesma \u00e9poca edificou-se tamb\u00e9m a Igreja de S\u00e3o Paulo Extramuros<\/i>, com altura que chegava a 34 metros, coisa espantosa para a \u00e9poca. Incendiada em 1823, foi reconstru\u00edda com estrita obedi\u00eancia \u00e0 antiga forma, pelo que consta.<\/p>\n

Pouco depois foram constru\u00eddas Santa Maria Maior<\/i>, Santa In\u00eas<\/i> e Santa Sabina<\/i>, Bas\u00edlicas estas infinitamente importantes para a Cristandade, que v\u00eam sofrendo a a\u00e7\u00e3o do tempo e sendo restauradas, j\u00e1 tendo sido bastante modificadas. Este impulso construtivo continuou nos s\u00e9culos seguintes, sofrendo adapta\u00e7\u00f5es sob as mais variadas influ\u00eancias, at\u00e9 que a primitiva bas\u00edlica, vagarosamente, evoluiu no Ocidente para as formas da Arte Rom\u00e2nica<\/i>, enquanto no Oriente desenvolvia simultaneamente a Arte Bizantina<\/i>, nosso pr\u00f3ximo tema.<\/p>\n

Ilustra\u00e7\u00e3o do texto:<\/span><\/p>\n

    \n
  1. Fachada da Bas\u00edlica de S. Paulo Extra muros, em Roma<\/li>\n
  2. Interior da Bas\u00edlica de S\u00e3o Paulo Extra muros, em Roma<\/li>\n<\/ol>\n

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