Negrinho do Pastoreio<\/em>. Bem, esse rapazola sofria a sujei\u00e7\u00e3o de uma fam\u00edlia, cuja malvadeza era ainda maior do que a imensa riqueza que possu\u00eda. O patr\u00e3o era um homem dono de terras a perder de vista. E esse tal tinha um filho que era a corda de seu cora\u00e7\u00e3o. Contudo, era imposs\u00edvel mesurar qual dos dois era mais perverso. Toda a raiva, que sentiam, era descontada nos seus escravos. E mais ainda nesse menino, negrinho como uma noite escura e de dentadura branca como a neve. Como n\u00e3o lhe fora dado um nome, recebeu o apelido de Negrinho, e assim era chamado por todos.<\/p>\nSe para os escravos n\u00e3o fazia diferen\u00e7a entre domingo, feriado e dia de semana, pois havia sempre uma quantidade de servi\u00e7o a ser feito, Negrinho n\u00e3o tinha sossego nem mesmo durante a noite. De uma feita, o tal senhor resolveu fazer uma aposta com outro vizinho, para saber qual dos dois tinha o cavalo mais veloz. A Negrinho coube a tarefa de treinar o cavalo baio e participar da corrida.<\/p>\n
No dia marcado, com a presen\u00e7a de toda a vizinhan\u00e7a, deu-se o evento. O cavalo baio, que vinha mantendo a dianteira, assustou-se com uma cobra e, por uma cabe\u00e7a, perdeu a corrida. Negrinho sabia que se encontrava em maus len\u00e7\u00f3is. Estimulado pelo filho, o homem mau n\u00e3o via a hora de castigar o garoto. E assim o fez, deixando-o em carne viva. Negrinho adormeceu de dor e cansa\u00e7o. Enquanto isso, o cavalo baio fugiu, levando os outros atr\u00e1s. E num mesmo dia, o molecote recebeu duas sovas de chicote.<\/p>\n
Negrinho foi obrigado a ir atr\u00e1s dos cavalos, \u00e0 noite, levando apenas um toco de vela para alumiar a escurid\u00e3o. Os pingos, que escorriam pelo ch\u00e3o, iam se transformando em luz, a alumiar o caminho, de modo que lhe foi poss\u00edvel encontrar os cavalos, mas depois de amarr\u00e1-los, caiu no ch\u00e3o desmaiado de dor, cansa\u00e7o e sono.<\/p>\n
Ainda de madrugada, o filho do fazendeiro chegou p\u00e9 ante p\u00e9 e soltou o cavalo baio, e foi contar ao pai que Negrinho n\u00e3o o trouxera. O perverso mandou buscar o sofredor. Como n\u00e3o aguentava caminhar, o garoto veio amparado por dois escravos, sendo depositado aos p\u00e9s de seu senhor. Apesar das explica\u00e7\u00f5es e dos pedidos de clem\u00eancia, nada comoveu aquele dem\u00f4nio em figura de gente, que bateu no garoto ainda com mais for\u00e7a. Todo o seu corpinho estava dilacerado, espirrando sangue. Ele parecia morto.<\/p>\n
Junto com os escravos, o sat\u00e2nico senhor come\u00e7ou a procurar uma cova para enterrar Negrinho. Encontraram um enorme formigueiro, e ali jogaram seu corpo para que as formigas devorassem-no. Depois do amanhecer do dia seguinte, o homem e o filho foram visitar o local, para se vangloriar do feito. Mas l\u00e1 estava Negrinho, de p\u00e9, tendo ao lado o cavalo baio e mais trinta cavalos.<\/p>\n
O menino montou no cavalo baio e partiu como um raio, enquanto o mal\u00e9volo fazendeiro gritava por seus cavalos. E h\u00e1 quem diga que, at\u00e9 os dias de hoje, \u00e9 comum encontrar o Negrinho montado no seu cavalo cor de ouro, seguido pelos outros, pois virara um anjo negro, e, que Nossa Senhora tomou-o por afilhado. Dizem tamb\u00e9m que, se algu\u00e9m perder alguma coisa, basta interceder a ele para encontrar.<\/p>\n
Nota:<\/span> imagem copiada de textosmaravilha.blogspot.com<\/em><\/p>\nViews: 4<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Recontada por Lu Dias Carvalho As gentes de hoje n\u00e3o fazem ideia do que era o tempo da escravid\u00e3o no Brasil, quando o fato de ser negro significava ser tratado como bicho sem valor. Naqueles tempos desgra\u00e7ados, havia homens e mulheres que tinham no lugar do cora\u00e7\u00e3o uma pedra bruta, pois n\u00e3o se apiedavam daquela […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[36],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19501"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19501"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19501\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46725,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19501\/revisions\/46725"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19501"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19501"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19501"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}