<\/a><\/p>\nMuitos e muitos anos atr\u00e1s, todos os \u00edndios de certa tribo amaz\u00f4nica viviam na mais harmoniosa paz. O cacique era um homem de bom cora\u00e7\u00e3o, admirado por todos, mas irredut\u00edvel no que diz respeito aos bons costumes de seu povo. Sua fam\u00edlia tamb\u00e9m era muito generosa e de boa conduta, a quem foi ensinado o respeito \u00e0s pessoas,\u00a0 aos bichos e a todas as coisas da natureza. Dentre os cinco filhos do chefe, s\u00f3 havia uma menina, trabalhadora como a m\u00e3e e muito admirada pela tribo.<\/p>\n
Certo dia, ao observar as mudan\u00e7as no corpo da filha, a m\u00e3e notou que ela estava prenhe. Imediatamente dividiu a not\u00edcia com o cacique, seu marido. \u00c0 mo\u00e7a foi imposta o dever de revelar o nome do pai do rebento que estaria por vir, mas tudo em v\u00e3o, pois ela jurava n\u00e3o ter tido rela\u00e7\u00e3o sexual com homem algum. Mas no saber do morubixaba era preciso a semente de um homem para emprenhar uma mulher. Se ela n\u00e3o queria tornar conhecido o infrator, a fim de castig\u00e1-lo, seria preciso mat\u00e1-la, para n\u00e3o desonrar os costumes antiqu\u00edssimos da tribo, que rezavam que o rapaz devia sempre pedir ao pai a m\u00e3o de sua filha em casamento.<\/p>\n
Na noite em que antecedeu o dia marcado para o sacrif\u00edcio da jovem \u00edndia, o cacique, muito pesaroso, recebeu, em sonho, a visita de um homem diferente, dizendo-lhe que sua filha era inocente, e, que n\u00e3o deveria ser morta, pois falava a mais pura verdade. Temeroso com o aviso recebido, o morubixaba contou o ocorrido \u00e0 tribo, sendo o sacrif\u00edcio esquecido, segundo a anu\u00eancia de todos. Assim, livre de qualquer empecilho, a gravidez da jovem \u00edndia transcorreu na mais perfeita normalidade.<\/p>\n
Mandi<\/em> nasceu com a pele branca como o leite de \u00e9gua e os cabelos dourados como as espigas de milho sob o sol equatorial, algo nunca visto na hist\u00f3ria da tribo. Os \u00edndios mais idosos, amedrontados, viram nisso um mau press\u00e1gio. Alguma coisa ruim estaria para acontecer ao povo e \u00e0s planta\u00e7\u00f5es. Para evit\u00e1-la, pensaram eles, seria necess\u00e1rio matar a rec\u00e9m-nascida. Mas o cacique, ainda se lembrando do sonho que tivera, disse a seu povo que os bons esp\u00edritos exigiram que a garotinha permanecesse entre eles, sendo muito bem tratada por todos. E assim aconteceu.<\/p>\nA crian\u00e7a, \u00e0 medida que crescia, tornava-se cada vez mais amorosa e bela como as flores da floresta. Era amada por sua tribo, encantando a todos. S\u00f3 que um dia, inesperadamente, ela morreu, como se fosse um passarinho. Ningu\u00e9m sabia o motivo. Todos a choraram dia e noite. E, para alegrar o cora\u00e7\u00e3o de seu inconsol\u00e1vel av\u00f4, seu corpinho foi enterrado na pequena pra\u00e7a do interior da taba, bem pertinho de sua maloca, onde ele poderia chor\u00e1-la sempre que se sentisse triste.<\/p>\n
Certo dia, o cacique notou a presen\u00e7a de uma plantinha, regada com suas l\u00e1grimas, onde fora enterrada Mandi<\/em>. Alguns dias depois, deparou-se com fortes ra\u00edzes, que levantavam a terra para sentirem a luz do sol. Por fora, elas traziam uma casca preta, mas por dentro tinham a mesma cor da pele da pequenina Mandi<\/em>. A aldeia entrou em festa, com todos compartilhando aquela deliciosa iguaria, que foi transformada em beijus, farinhas, mingaus e cauim. Ela recebeu o nome de “mandioca<\/em>” que significa “a casa de Mandi<\/em>” ou o “corpo de Mandi<\/em>“. A mandioca n\u00e3o apenas passou a fazer parte da alimenta\u00e7\u00e3o das aldeias, como tamb\u00e9m tomou parte na mesa de todos os brasileiros. Tem, inclusive, outros nomes como aipi, aipim, uaipi, macaxeira, maniva, maniveira, p\u00e3o-de-pobre, etc.<\/p>\nViews: 3<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Recontada por Lu Dias Carvalho Muitos e muitos anos atr\u00e1s, todos os \u00edndios de certa tribo amaz\u00f4nica viviam na mais harmoniosa paz. O cacique era um homem de bom cora\u00e7\u00e3o, admirado por todos, mas irredut\u00edvel no que diz respeito aos bons costumes de seu povo. Sua fam\u00edlia tamb\u00e9m era muito generosa e de boa conduta, […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[36],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19541"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19541"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19541\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46720,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19541\/revisions\/46720"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19541"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19541"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19541"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}