<\/a><\/p>\nA chuva forte despencou do c\u00e9u sobre a floresta. A princ\u00edpio, os \u00edndios acharam mais do que natural, pois as florestas tropicais s\u00e3o banhadas pelas \u00e1guas diariamente. Eles come\u00e7aram a se preocupar, quando observaram que ela n\u00e3o parava nem um tiquinho de tempo, entrando noite e saindo dia. Depois, observaram que os rios estavam a engolir a terra com sua vegeta\u00e7\u00e3o e os bichinhos, que viviam perto do solo. E mais depois, alguns poucos humanos puderam observar que a enchente atingia o topo das \u00e1rvores mais altas, ingerindo tudo, como se estivesse esfomeada.<\/p>\n
Apenas uns poucos guerreiros de certa tribo conseguiram se salvar, pois ficaram deitados nas folhas da Coccoloba, que possui a maior folha do mundo, singrando de um lado para outro. Mas nem mesmo sabiam se teria valido a pena sobreviverem, tamanha era a tristeza em que se encontravam. Tudo era uma grande monotonia, s\u00f3 cortada pela voz deles ou pelo crepitar da madeira nas fogueiras. N\u00e3o havia ficado nem mesmo uma avezinha com seu trinado, para quebrar aquele sil\u00eancio de morte, enquanto as florestas iam reaparecendo.<\/p>\n
Aqueles valentes guerreiros, j\u00e1 acabrunhados pela melancolia, suplicaram ao Grande Esp\u00edrito que trouxesse de novo \u00e0 floresta todos os seus animais. E foram atendidos. Tudo seria recriado como dantes pelo anjo enviado, sendo feito das cinzas dos carv\u00f5es da primeira fogueira feita pelos sobreviventes, ap\u00f3s o dil\u00favio. O orvalho serviria de l\u00edquido para moldar a massa. Todo o servi\u00e7o s\u00f3 poderia ser feito \u00e0 noite. Os animais foram sendo recriados, tanto os do c\u00e9u quanto os da terra.<\/p>\n
A on\u00e7a, por ser a rainha da floresta tropical, foi a primeira a ser criada, depois veio o macaco, o gavi\u00e3o, a anta, e assim por diante. Os animais nasciam sem saber nada, tendo que aprender tudo: voar, cantar, subir nas \u00e1rvores, que alimento comer, correr, pular, nadar, etc. Era uma dura tarefa, mas que foi integralmente cumprida. O Grande Esp\u00edrito deu ordem a seu anjo para que retornasse, mas esse alegou que ainda tinha um punhado de cinzas e uns pedacinhos de carv\u00e3o. Recebeu a ordem de ficar apenas mais uma noite, n\u00e3o mais do que isso, usando o restante do material.<\/p>\n
O anjo come\u00e7ou a modelar, calmamente, um animal que fosse bem diferente. Fazia um molde e n\u00e3o achava bom. Depois fazia outro, e mais outro, e assim foi durante grande parte da noite. N\u00e3o poderia deixar nenhum material sobrando. Optou por fazer um bicho bastante forte, com um comprido e tubular focinho, e, que tivesse garras poderosas. Para deix\u00e1-lo mais charmoso, agregou-lhe uma longa cauda, semelhante a uma bandeira. Ainda faltava ao modelo alguns apetrechos, quando o anjo percebeu que o dia estava chegando. Bom ou ruim, ele deu seu trabalho por terminado, conforme as ordens recebidas.<\/p>\n
Ao ganhar vida, o animal n\u00e3o gostou muito de sua pobre figura. Faltavam-lhe os dentes, e, al\u00e9m do mais, a l\u00edngua era extensa e mole, incapaz de trabalhar alimentos duros. Mas, antes de desaparecer numa nuvem, o anjo, condo\u00eddo, gritou-lhe:<\/p>\n
– Busque como alimento aquilo que n\u00e3o seja necess\u00e1rio mastigar. As formigas, que existir\u00e3o sempre em demasia, s\u00e3o um bom prato, assim como os cupins. Use apenas a sua enorme l\u00edngua pegajosa para apanh\u00e1-los. E o melhor \u00e9 que voc\u00ea n\u00e3o ter\u00e1 concorrentes.<\/p>\n
\u00c9 por isso que o tamandu\u00e1-bandeira, que significa “o comedor de formigas<\/em>“, deita e rola nos formigueiros e cupinzeiros. Por causa de sua cauda vistosa e festiva, foi-lhe acrescido o nome de “bandeira”, por\u00e9m, \u00e9 muitas vezes apelidado de “papa-formiga”.<\/p>\nViews: 11<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Recontada por Lu Dias Carvalho A chuva forte despencou do c\u00e9u sobre a floresta. A princ\u00edpio, os \u00edndios acharam mais do que natural, pois as florestas tropicais s\u00e3o banhadas pelas \u00e1guas diariamente. Eles come\u00e7aram a se preocupar, quando observaram que ela n\u00e3o parava nem um tiquinho de tempo, entrando noite e saindo dia. Depois, observaram […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[36],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19572"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19572"}],"version-history":[{"count":5,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19572\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46748,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19572\/revisions\/46748"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19572"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19572"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19572"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}