<\/a><\/p>\nDentre as aves que habitam a floresta Amaz\u00f4nica, nenhuma \u00e9 motivo de tantas lendas quanto o uirapuru, uma avezinha pequenina, cuja plumagem varia entre o marrom-claro e o avermelhado. Na cabe\u00e7a traz manchas brancas. Ela n\u00e3o chama a aten\u00e7\u00e3o pela sua plumagem, mas pelo seu canto melodioso, o que a define como o “m\u00fasico da mata”. Apesar de sua voz maviosa, similar \u00e0s notas de uma flauta, o uirapuru jamais se exibe como “estrela”, ao contr\u00e1rio, \u00e9 extremamente discreto e humilde.<\/p>\n
Certa tribo amaz\u00f4nica tinha um jovem \u00edndio que tocava flauta, como se com ela tivesse nascido. As notas musicais dela tiradas expandiam-se por toda a floresta, encantando os outros \u00edndios e os animais. At\u00e9 mesmo o vento parava de remexer as folhas das plantas, para que nenhum barulho pudesse toldar sons t\u00e3o maviosos. E se estivesse chovendo, e o \u00edndio pusesse-se a dedilhar seu instrumento, a chuva ia parando, tornando-se cada vez mais suave, at\u00e9 n\u00e3o restar mais ru\u00eddo algum. Ele era chamado de o “flauta m\u00e1gica”.<\/p>\n
Apesar de n\u00e3o se encontrar entre os jovens mais formosos da tribo, o tocador de flauta encantava todas as garotas da tribo com as can\u00e7\u00f5es que expandia pelos ares. Mas foi Ma\u00edra quem ganhou seu cora\u00e7\u00e3o. Os dois assentavam-se debaixo dos p\u00e9s de copaibeiras, onde ele se punha a tocar e ela a cantar. Os galhos frondosos das \u00e1rvores enchiam-se de animais alados, enquanto uma enormidade de bichos terrestres rodeava o casal. E assim tudo transcorria na mais perfeita serenidade, enquanto se aproximava o dia do casamento dos dois enamorados.<\/p>\n
Certa tarde, o flautista sentiu vontade de pescar um peixe especial para a amada. Rumou para um lugar diferente do costumeiro, onde diziam viver as maiores corumbebas. E \u00e9 claro, sua flauta acompanhou-o. Entardeceu. Depois veio a noite com o cantar dos bichos not\u00edvagos, e depois o amanhecer, mas o jovem n\u00e3o apareceu. Toda a tribo p\u00f4s-se \u00e0 sua procura, enquanto l\u00e1grimas escorriam pelo rosto de Ma\u00edra. Seu cora\u00e7\u00e3o dizia-lhe que algo de ruim acontecera. Primeiro encontraram a flauta, depois o corpo entesado do jovem, deitado entre as ra\u00edzes de uma gigantesca sumaumeira. Os dois furos na perna indicavam que fora picado por uma cobra pe\u00e7onhenta das mais mortais.<\/p>\n
O corpo do jovem \u00edndio foi enterrado pr\u00f3ximo \u00e0 tribo, debaixo de uma frondosa \u00e1rvore, aonde Ma\u00edra ia com frequ\u00eancia chorar sua saudade, que a cada dia tornava-se mais pungente. Assim como ela, o esp\u00edrito do tocador de flauta tamb\u00e9m n\u00e3o conseguia ter paz, ao ver tanta dor exalando do cora\u00e7\u00e3o da amada, e tantas l\u00e1grimas a deslizar-se de seu rosto. Por isso, pediu ao Esp\u00edrito Criador que o transformasse numa ave, ainda que fosse diminuta e feia, mas que lhe desse uma voz melodiosa, para que pudesse alegrar o cora\u00e7\u00e3o de Ma\u00edra.<\/p>\n
O Esp\u00edrito Criador atendeu \u00e0 s\u00faplica do jovem \u00edndio, transformando-o no uirapuru. \u00c9 por isso que, quando ele canta, tudo em volta emudece, para ouvir sua voz, assim como acontecia quando era gente, ao tocar sua flauta, parando at\u00e9 mesmo o vento e a chuva.<\/p>\n
Nota:<\/span> imagem copiada de www.tenda-do-xama.com<\/em><\/p>\nViews: 28<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Recontada por Lu Dias Carvalho Dentre as aves que habitam a floresta Amaz\u00f4nica, nenhuma \u00e9 motivo de tantas lendas quanto o uirapuru, uma avezinha pequenina, cuja plumagem varia entre o marrom-claro e o avermelhado. Na cabe\u00e7a traz manchas brancas. Ela n\u00e3o chama a aten\u00e7\u00e3o pela sua plumagem, mas pelo seu canto melodioso, o que a […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[36],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19604"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19604"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19604\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46733,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19604\/revisions\/46733"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19604"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19604"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19604"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}