{"id":19640,"date":"2015-07-04T00:09:58","date_gmt":"2015-07-04T03:09:58","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=19640"},"modified":"2022-08-12T19:26:18","modified_gmt":"2022-08-12T22:26:18","slug":"o-arco-iris-e-os-dois-amantes","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/o-arco-iris-e-os-dois-amantes\/","title":{"rendered":"O ARCO-\u00cdRIS E OS DOIS AMANTES"},"content":{"rendered":"

Recontada por Lu Dias Carvalho
\n<\/strong><\/p>\n

\"memo1\"<\/a><\/p>\n

Os \u00edndios brasileiros acreditam que o Bem<\/em> e o Mal<\/em> vivem em permanente luta, do modo que um tenta sobrepujar o outro desde o comecinho do mundo, sendo que ora um ganha, ora outro perde, numa infind\u00e1vel mudan\u00e7a de posi\u00e7\u00f5es. \u00c9 por isso que ningu\u00e9m \u00e9 feliz e tampouco infeliz o tempo todo.<\/p>\n

Certa tribo do sul de nosso pa\u00eds, que vinha sofrendo perversamente com a visita constante do Mal<\/em>, reuniu seus homens mais idosos, e, portanto, mais s\u00e1bios, para que criassem um artif\u00edcio para deter as investidas de ser t\u00e3o cruel. Durante dois dias e duas noites, em permanente jejum, eles convocaram todos os bons esp\u00edritos da floresta para que lhes dessem sabedoria, a fim de encontrar uma sa\u00edda, de modo a proteger seu povo. Sabiam que jamais seriam capazes de banir totalmente a maldade, mas poderiam, pelo menos, aquiet\u00e1-la com mais frequ\u00eancia, recebendo a bondade mais assiduamente. E a ilumina\u00e7\u00e3o t\u00e3o ansiada chegou at\u00e9 eles, embora com ela viesse certa dose de sofrimento.<\/p>\n

A chegada de cada primavera assinalava que uma das mais belas jovens da aldeia seria sacrificada, ou melhor, ofertada ao Mal<\/em> em casamento. Ela tinha que ser casta, e nem mesmo seu olhar poderia fitar homem algum. Ao despos\u00e1-la, o Mal<\/em> deixava a tribo em paz por algum tempo. Escasseavam-se as doen\u00e7as, as secas, as enchentes, as tempestades nervosas, as pragas nas lavouras e a guerra entre as tribos rivais. A garota selecionada, portanto, via na sua escolha uma forma de ajudar sua gente. Aceitava seu sacrif\u00edcio com hero\u00edsmo e benevol\u00eancia.<\/p>\n

Naquela primavera, a escolhida foi a primorosa filha do cacique. Ela sabia que tinha que devotar sua vida ao bem de seu povo, como fizeram tantas outras jovens antes dela. Restava-lhe, portanto, aguardar o dia do casamento, conforme os ditames do Mal<\/em>, que exigia que fossem feitos muitos convites \u00e0s aldeias vizinhas. E, assim, no dia que antecedeu as n\u00fapcias, os convidados come\u00e7aram a chegar, ornados com suas maravilhosas pinturas. Dentre eles encontrava-se um vistoso guerreiro de uma tribo mais distante. Num relance, os olhos dos dois jovens cruzaram-se, nascendo da\u00ed uma paix\u00e3o incapaz de ser domada at\u00e9 mesmo pela crueldade do Mal<\/em>.<\/p>\n

O casal, aproveitando o corre-corre na aldeia, refugiou-se nas margens do rio Igua\u00e7u, onde, al\u00e9m de trocarem car\u00edcias, tamb\u00e9m planejaram a fuga na noite do casamento. Contudo, coitadinhos, o Mal<\/em> estava a espreit\u00e1-los, deixando que os planos fossem feitos, para depois puni-los no flagrante. E assim aconteceu. Enquanto fugiam velozmente numa canoa, como se as \u00e1guas do rio estivessem a ajud\u00e1-los, foram surpreendidos por uma gigantesca serpente, que desceu dos c\u00e9us em dire\u00e7\u00e3o \u00e0s \u00e1guas do Igua\u00e7u. Ao cair no meio do rio, abriu uma cratera gigantesca, que engoliu a embarca\u00e7\u00e3o, e esparramou \u00e1gua por todos os lados, nascendo ali as Cataratas do rio Igua\u00e7u.<\/p>\n

O Mal<\/em> ainda n\u00e3o estava satisfeito em sua vingan\u00e7a. Para complet\u00e1-la, transformou a bela \u00edndia numa pedra, depositada em meio \u00e0s espumas brancas da cachoeira, e o guerreiro numa palmeira, que ficava l\u00e1 no topo das cataratas. Ele poderia v\u00ea-la, mas jamais toc\u00e1-la. Contudo, o Bem<\/em> n\u00e3o permitiu que um amor t\u00e3o lindo assim pudesse morrer. Deu ordem ao vento\u00a0 para que, quando chegasse, sacudisse com for\u00e7a as folhas da palmeira, a fim de que ela enviasse mensagens de amor \u00e0 pedra, e, quando fosse primavera, levasse suas flores at\u00e9 ela. E o Bem<\/em> fez mais pelo casal, fato que acontece at\u00e9 os dias de hoje: quando o arco-\u00edris visita as Cataratas do Igua\u00e7u, ele une a palmeira e a pedra, momento em que esses dois elementos voltam a transformar-se em gente, como eram antes. Enquanto dura o arco-celeste, os dois amantes vivem momentos de grande paix\u00e3o. E repetem doces juras de amor, aguardando a chegada de um novo arco-\u00edris. E a lua, embevecida, comove-se com a ternura dos dois am\u00e1sios.<\/p>\n

Nota:<\/span> imagem copiada de www.indoviajar.com.br<\/span><\/a><\/span><\/em><\/p>\n

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