<\/a><\/p>\nConta-se que antigamente havia uma aldeia, no seio da floresta Amaz\u00f4nica, que tinha uma \u00edndia t\u00e3o linda, mas t\u00e3o linda, que o sol demorava-se mais tempo sobre aquela taba, s\u00f3 para poder contemplar a beleza de Iara, pois este era o seu nome. A lua, quando em suas andan\u00e7as pelo c\u00e9u, pedia \u00e0 brisa para empurrar todas as nuvens, que a impediam de alumiar o corpo moreno da filha das selvas.<\/p>\n
Iara gostava de tudo na selva. Acariciava os animais, beijava as flores, abra\u00e7ava as \u00e1rvores e deliciava-se com os frutos. Mas, dentre todas as coisas da natureza, ela amava, sobretudo, as \u00e1guas, tanto as que formavam os igarap\u00e9s-a\u00e7us como as que davam vida aos igarap\u00e9s-mirins. Ali passava horas e horas do dia ou da noite. Na maioria das vezes era observada pelos jovens de sua tribo, no maior deslumbramento, embevecidos com tal vis\u00e3o. De acordo com os ensinamentos repassados de gera\u00e7\u00e3o para gera\u00e7\u00e3o, eles sabiam que jamais uma mulher poderia ser tomada \u00e0 for\u00e7a. A escolha era dela. Assim, esperavam pacientemente pela sua decis\u00e3o, cada um aguardando ser o eleito.<\/p>\n
De uma feita, numa noite de pouco calor, Iara, nadava feliz da vida num igarap\u00e9-mirim, entre plantas aqu\u00e1ticas e pequenos peixes, ora imergindo, ora emergindo. Nessa noite, n\u00e3o era observada por ningu\u00e9m, pois sa\u00edra da aldeia silenciosamente. Entretida como estava, nem percebeu que um grupo de homens brancos aproximava-se do lugar, onde ela se encontrava. Mesmo em sua pureza, percebeu que os olhos deles, como os do Jurupari, estavam carregados de libidinagem. Impossibilitada de fugir, viu-se agarrada pelo grupo, passando de m\u00e3o em m\u00e3o, como se quisessem vir\u00e1-la pelo avesso. Depois a usaram, cada um na sua vez, em fila. N\u00e3o suportando tanta dor, ela perdeu os sentidos. Pensando que estivesse morta, os homens maus jogaram-na nas \u00e1guas do rio.<\/p>\n
Como a natureza est\u00e1 sempre cheia de bons esp\u00edritos, o Esp\u00edrito das \u00c1guas tomou-a em seus bra\u00e7os, soprou vida forte no seu corpo e untou seus ferimentos com ervas aqu\u00e1ticas, deixando-a mais bela ainda. Mas temendo que ela pudesse ser v\u00edtima de outra viol\u00eancia por parte dos homens brancos, O Esp\u00edrito das \u00c1guas transformou-a numa sereia. A parte de cima de seu corpo tornou-se mais bela do que era antes, enquanto a de baixo ganhou a forma do rabo de um peixe de escamas coloridas. E assim, qualquer homem ruim que pular nas \u00e1guas para seduzi-la e domin\u00e1-la, ser\u00e1 levado para as profundezas das \u00e1guas, de onde jamais voltar\u00e1.<\/p>\n
Nota:<\/span> imagem copiada de www.flickr.com<\/em><\/p>\nViews: 0<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Recontada por Lu Dias Carvalho Conta-se que antigamente havia uma aldeia, no seio da floresta Amaz\u00f4nica, que tinha uma \u00edndia t\u00e3o linda, mas t\u00e3o linda, que o sol demorava-se mais tempo sobre aquela taba, s\u00f3 para poder contemplar a beleza de Iara, pois este era o seu nome. A lua, quando em suas andan\u00e7as pelo […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[36],"tags":[],"class_list":["post-19643","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-mitos-e-lendas"],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19643","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19643"}],"version-history":[{"count":6,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19643\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46740,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19643\/revisions\/46740"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19643"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19643"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19643"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}