<\/a><\/p>\nConta-se que bem antigamente, quando as aldeias ind\u00edgenas come\u00e7aram a povoar o cora\u00e7\u00e3o da Floresta Amaz\u00f4nica, numa das tribos ali existentes, havia uma \u00edndia formosa como a lua. E n\u00e3o sendo apenas a formosura suficiente, ela era muito generosa com as gentes, bichos e plantas. Seu nome era Mugux\u00ea. N\u00e3o havia ningu\u00e9m que n\u00e3o a amasse. Todos os guerreiros da tribo sonhavam em possuir o cora\u00e7\u00e3o daquela criatura, mas foi o valente Tambataj\u00e1 quem o ganhou.<\/p>\n
Numa noite de lua-cheia, toda a tribo celebrou festivamente o casamento de Mugux\u00ea e Tambataj\u00e1. Dizem que at\u00e9 os p\u00e1ssaros vieram cantar para o casal, acompanhando o rufar dos tambores, e, que a brisa balan\u00e7ava as folhas das \u00e1rvores para l\u00e1 e para c\u00e1, de modo a propiciar uma brisa refrescante naquela noite. Em suma, aldeia e natureza mostravam-se em festa. Tudo nos dois amantes expressava o grande amor que um sentia pelo outro, sendo imposs\u00edvel haver um encantamento maior do que aquele. E assim viveram por um longo tempo, que n\u00e3o passa de poucas luas para quem ama.<\/p>\n
Certo dia, Tambataj\u00e1, ao voltar da pesca, encontrou sua amada deitada na rede, coisa que n\u00e3o era de costume, pois ela sempre o recebia com um forte abra\u00e7o. Aproximou-se dela e observou que estava doente. Deitou-se a seu lado, abra\u00e7ando-a, na esperan\u00e7a de que sua for\u00e7a passasse para o corpo dela. No dia seguinte, ofereceu-lhe mingau de mandioca, beiju, mingau de milho e \u00e1gua de coco, mas ela recusava qualquer alimento. Magux\u00ea continuava apenas murmurando, sem jamais abrir seus belos olhos. Para n\u00e3o deix\u00e1-la sozinha, quando fosse pescar ou trabalhar na lavoura, o guerreiro resolveu carreg\u00e1-la nas costas, como fazem as \u00edndias com seus beb\u00eas. E assim o fez por algumas semanas.<\/p>\n
Tambataj\u00e1 desceu sua pesada carga em cima de umas folhas de bananeira, para pingar na sua boca algumas gotas de \u00e1gua de coco. Mas que triste constata\u00e7\u00e3o: ela estava morta. Desesperado, o guerreiro p\u00f4s-se a gritar sua dor. Quando n\u00e3o tinha mais voz e l\u00e1grimas, deitou-se a seu lado e fechou os olhos. Os animais da floresta velaram-nos durante toda a noite. As folhas das \u00e1rvores uniram-se para que n\u00e3o se molhassem com as chuvas passageiras. Os cip\u00f3s rodearam-nos para que n\u00e3o fossem perturbados por bicho algum. As flores expeliram sobre eles as mais diferentes fragr\u00e2ncias. E os p\u00e1ssaros de cantar mais bonito pipiaram toda a noite, embalando o guerreiro em seu lancinante sofrimento.<\/p>\n
Assim que o dia amanheceu, Tambataj\u00e1, sabedor de que n\u00e3o viveria sem Magux\u00ea, fez uma enorme cova no solo dadivoso de sua floresta. Docemente acomodou ali sua amada, deitando-se a seu lado, e puxando a terra querida sobre os dois. E assim, tamb\u00e9m expirou. Passado algum tempo, uma nova planta nasceu na cova do casal. A tribo, que jamais se esquecera do sacrif\u00edcio do guerreiro, deu-lhe o nome de Tambataj\u00e1, porque a uma folha maior, sempre vem colada uma menorzinha, como se a de baixo servisse de suporte para a de cima, lembrando o amor de Tambataj\u00e1 por Magux\u00ea.<\/p>\n
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Recontada por Lu Dias Carvalho Conta-se que bem antigamente, quando as aldeias ind\u00edgenas come\u00e7aram a povoar o cora\u00e7\u00e3o da Floresta Amaz\u00f4nica, numa das tribos ali existentes, havia uma \u00edndia formosa como a lua. E n\u00e3o sendo apenas a formosura suficiente, ela era muito generosa com as gentes, bichos e plantas. Seu nome era Mugux\u00ea. N\u00e3o […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[36],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19732"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19732"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19732\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46761,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19732\/revisions\/46761"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19732"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19732"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19732"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}