<\/a><\/p>\nItagiba e Potira formavam um casal de \u00edndios que vivia muito feliz em sua trib, na Amaz\u00f4nia. Nenhum amor poderia ser maior do que aquele que os unia. Mesmo que voltasse da pesca ou da lavoura muito cansado, Itagiba, cujo nome significa “bra\u00e7o forte como pedra”, punha-se a ajudar sua esposa na limpeza dos peixes ou no descascar do milho e das ra\u00edzes de mandioca, ainda que alguns amigos dissessem que aquilo era coisa de mulher. O que lhe importava era ficar ao lado de Potira, cujo nome significa “flor”. Somente quando tudo estava arrumado na cabana \u00e9 que os dois iam at\u00e9 o igarap\u00e9 mais pr\u00f3ximo, onde brincavam na \u00e1gua e banhavam-se. Depois, atiravam-se na rede de dormir, bem abra\u00e7adinhos.<\/p>\n
Certo dia infeliz, a tribo de Itagiba e Potira foi atacada por uma tribo distante, que foi duramente recha\u00e7ada. Mas a fama da crueldade daquela gente deixou todos os guerreiros apreensivos, cientes de que eles voltariam ainda mais fortes. N\u00e3o havia outra sa\u00edda sen\u00e3o atac\u00e1-los antes. E foi por isso que o cacique preparou seus guerreiros para a investida. Dentre eles estava o valente Itagiba. Apesar da tristeza que sentia, ao ter que deixar sua Potira, prometeu-lhe que lutaria bravamente para voltar a v\u00ea-la.<\/p>\n
Dois dias ap\u00f3s os preparativos, os homens mais fortes da aldeia partiram logo ao amanhecer. Ao despedir-se de seu amado, Potira n\u00e3o chorou, pois queria lhe repassar for\u00e7a e coragem. Ali, na beira do grande rio, juntamente com outras mulheres, idosos e crian\u00e7as, ficou olhando as pirogas desaparecerem na linha do horizonte, com os homens de sua tribo. Permaneceu muito tempo no lugar, como se em volta toda a beleza da selva houvesse desaparecido. Quando o sol estava alto no c\u00e9u, voltou cabisbaixa e solit\u00e1ria para sua cabana.<\/p>\n
No decorrer de muitos dias, Potira, mal chegava o amanhecer, dirigia-se para o rio, onde aportariam os guerreiros. Olhava para o c\u00e9u, mirava as \u00e1guas, escutava o canto dos passarinhos e o barulho de outros bichos, mas seu pensamento n\u00e3o desgrudava de sua amado Itagiba. Havia momentos em que o olhar traia-a, e ela imaginava enxergar as pirogas trazendo os guerreiros de volta. Mas um dia, isso realmente aconteceu, por\u00e9m, Itagiba n\u00e3o se encontrava entre eles. Lutara bravamente, mas perecera na batalha.<\/p>\n
Toda a taba reuniu-se para festejar a vit\u00f3ria e cultuar a mem\u00f3ria de seus mortos, mas Potira n\u00e3o estava no meio. Ao receber a not\u00edcia da morte de seu esposo adorado, ela acocorou-se nas margens do rio, derramando abundantes l\u00e1grimas. E ali permaneceu pelo resto de sua vida, chorando, dia e noite, a aus\u00eancia de seu amado companheiro. Ningu\u00e9m sabia de onde nasciam tantas l\u00e1grimas, a ponto de at\u00e9 mesmo o rio parecer ter suas \u00e1guas aumentadas.<\/p>\n
O deus Tup\u00e3, condo\u00eddo com o sofrimento de Potira, resolveu que l\u00e1grimas t\u00e3o sentidas e amorosas n\u00e3o poderiam ser desperdi\u00e7adas. Por isso, transformou-as em diamantes brutos, as mais duras e brilhantes das pedras preciosas, encontrados entre cascalhos e areias dos rios, possuindo um imenso valor. Quando lapidado, o diamante recebe o nome de brilhante.<\/p>\n
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Recontada por Lu Dias Carvalho Itagiba e Potira formavam um casal de \u00edndios que vivia muito feliz em sua trib, na Amaz\u00f4nia. Nenhum amor poderia ser maior do que aquele que os unia. Mesmo que voltasse da pesca ou da lavoura muito cansado, Itagiba, cujo nome significa “bra\u00e7o forte como pedra”, punha-se a ajudar sua […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[36],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19741"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19741"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19741\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46735,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19741\/revisions\/46735"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19741"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19741"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19741"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}