<\/a><\/p>\nFinal de semana que antecedia o Natal. O shopping estava lotado. Os restaurantes apinhados. Pessoas comiam, enquanto outras esperavam a vac\u00e2ncia de uma mesa. O chope gelado rolava solto. Risos expandiam-se. Nos corredores, era preciso cuidado para n\u00e3o se esbarrar nos carrinhos de beb\u00eas e nas crian\u00e7as correndo. Os pais e sua prole compartilhavam a busca pelos presentes. Casais enamorados caminhavam felizes entre beijos e abra\u00e7os, enquanto outros enchiam as lojas, escolhendo presentes. Homens e mulheres desacompanhados e apressados entravam e saiam das lojas, fazendo parte daqueles que preferem a surpresa do presente.<\/p>\n
Em meio ao entra e sai de gente, o casal tamb\u00e9m comprava alguns mimos, embora o Natal n\u00e3o significasse tanto para eles. Mas sabiam que n\u00e3o era t\u00e3o f\u00e1cil fugir dos costumes. Depois das compras, um cineminha para descansar da cansativa tarefa. Hora de voltar para casa. O rel\u00f3gio marcava 20 horas.<\/p>\n
Assim que botou os p\u00e9s fora do shopping, o casal deu de cara com tr\u00eas crian\u00e7as de rua. Um meninho, que tinha no m\u00e1ximo cinco anos e duas garotinhas com cerca de seis. Os tr\u00eas serezinhos usavam chinelos de dedos e roupas bem gastas pelo uso. \u00a0Carregavam uma grande alegria, pois eram somente sorrisos. A maiorzinha carregava na m\u00e3o uma nota de dez reais. E, felizes, adentraram pelo shopping. Ou melhor, tentaram entrar.<\/p>\n
Mulher e marido ainda conseguiram ouvir a voz de um dos seguran\u00e7as do rico shopping, colocando os garotinhos para fora e uma das meninas dizer que ali estavam para comprar sorvete com o dinheiro que ganharam de um “mo\u00e7o muito bom”. Mas crian\u00e7as pobres n\u00e3o t\u00eam acesso a tais espa\u00e7os, onde os filhos da classe rica esbaldam-se. De modo que os pequeninos foram enxotados do local.<\/p>\n
O casal, antes de entrar no carro, ainda os viu sair humilhados, com os olhinhos amedrontados e os sorrisos agora apagados. N\u00e3o houve coment\u00e1rio algum. At\u00e9 \u00e9 bem poss\u00edvel que o marido n\u00e3o tivesse se dado conta da cena, desatento como \u00e9. Mas a mulher percebera tudo e nada fizera. Poderia ter tomado as crian\u00e7as pelas m\u00e3os e as levando para fazer um lanche, culminando com um opulento sorvete. E quem sabe ganhassem chinelinhos e roupinhas?! Ningu\u00e9m haveria de impedir,porque eles estavam bem vestidos, e \u00e9 a apar\u00eancia que conta neste mundo doentio.<\/p>\n
Quanta alegria o casal teria dado \u00e0quelas magri\u00e7as crian\u00e7as, se tivesse sa\u00eddo alguns minutos de seu egocentrismo. Com certeza os infantes falariam disso pelo resto da vida e carregariam a imagem daquele homem e daquela mulher presente em suas lembran\u00e7as, e lhes mandariam fachos de amor, sa\u00fade e prosperidade, sempre que se lembrassem deles.<\/p>\n
A mulher sentiu-se tremendamente infeliz por n\u00e3o ter tomado nenhuma atitude, ao ver que as crian\u00e7as tinham sido afugentadas como c\u00e3es sarnentos. Apenas continuou seu caminho, como se nada pudesse fazer. Desculpa esfarrapada dos eg\u00f3latras e omissos. Depois, ela se sentiu mais insignificante do que nunca. E o seu Natal foi muito triste, pois as tr\u00eas crian\u00e7as estiveram presentes diante de seus olhos todo o tempo.<\/p>\n
Um grande Homem, que h\u00e1 mais de 2000 anos passou pela Terra, ao lhe serem apresentadas crian\u00e7as para que as tocassem, mas vendo que eram impedidas de chegarem at\u00e9 Ele, por seus disc\u00edpulos, exclamou:<\/p>\n
– Deixai vir a mim os pequeninos e n\u00e3o os impe\u00e7ais, porque dos tais \u00e9 o Reino de Deus.<\/i><\/p>\n
Nota:<\/span> imagem copiada de http:\/\/www.pragmatismopolitico.com.br\/2012\/04\/criancas-de-rua<\/em><\/p>\nViews: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho Final de semana que antecedia o Natal. O shopping estava lotado. Os restaurantes apinhados. Pessoas comiam, enquanto outras esperavam a vac\u00e2ncia de uma mesa. O chope gelado rolava solto. Risos expandiam-se. Nos corredores, era preciso cuidado para n\u00e3o se esbarrar nos carrinhos de beb\u00eas e nas crian\u00e7as correndo. Os pais […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[16],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1978"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1978"}],"version-history":[{"count":10,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1978\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45974,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1978\/revisions\/45974"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1978"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1978"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1978"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}