<\/a><\/p>\nC\u00e9zanne foi t\u00e3o somente meu \u00fanico mestre (Pablo Picasso)<\/strong><\/em><\/p>\nTalvez tenha nascido cedo demais. Sou mais pintor de sua gera\u00e7\u00e3o do que da minha. (C\u00e9zanne a um jovem pintor)<\/strong><\/em><\/p>\nA idade e a sa\u00fade n\u00e3o me deixar\u00e3o realizar o sonho de arte que persegui durante toda a minha vida. (Paul C\u00e9zanne)<\/strong><\/em><\/p>\nO pintor franc\u00eas Paul C\u00e9zanne<\/em> (1839 \u2013 1906) era filho do exportador de chap\u00e9us Louis-Auguste C\u00e9zanne, que depois tornou-se banqueiro, e de Anne-Elisabeth-Honorine Aubert, tendo nascido na pequena cidade de Aix-en-Provence. Teve duas irm\u00e3s, Marie e Anne, nutrindo uma rela\u00e7\u00e3o mais forte com a primeira, que sempre tomava o seu lado, em rela\u00e7\u00e3o ao autoritarismo do pai. C\u00e9zanne<\/em> e Marie nasceram quando seus pais ainda mantinham uma rela\u00e7\u00e3o secreta.<\/p>\nComo o pai de C\u00e9zanne<\/em> ascendesse financeiramente, ele passou a estudar numa boa escola. Paralelamente aos estudos na nova escola, Coll\u00e8ge Bourbon, onde ficou at\u00e9 os 19 anos, tendo recebido uma importante forma\u00e7\u00e3o humanista, passou a estudar artes com o professor Joseph Gibert, na \u00c9cole Municipale Livre de Dessin de Aix, onde foi premiado com a segunda coloca\u00e7\u00e3o, o que estimulou a sua veia art\u00edstica. Foi a\u00ed que se tornou amigo do futuro escritor \u00c9mile Zola, que ali estava em companhia do pai e de Jean-Baptiste Baille, futuro engenheiro. O trio tornou-se muito unido. A amizade entre eles era tamanha, que, quando Zola, ap\u00f3s a morte tr\u00e1gica do pai, retornou a Paris, C\u00e9zanne<\/em> caiu em profunda depress\u00e3o, passando os dois a corresponderem-se com assiduidade.<\/p>\nO pai de C\u00e9zanne<\/em> era tido como um homem severo, que n\u00e3o mantinha com o filho rela\u00e7\u00f5es pr\u00f3ximas. Ele exigiu que o filho fizesse o curso de direito. Ap\u00f3s frequentar a universidade durante tr\u00eas anos, C\u00e9zanne<\/em> acabou por abandon\u00e1-la. Depois dos pedidos incessantes da m\u00e3e e da irm\u00e3 Marie, seu pai acabou por lhe dar permiss\u00e3o para se dedicar \u00e0 pintura, em Paris, ao lado do amigo Zola. L\u00e1, estudou na Acad\u00e9mie Suisse, onde se preparava para ingressar na Escola de Belas-Artes. Fazia visitas ao Louvre, copiando os grandes mestres: Ticiano, Tintoreto, Rubens, Veronese, Poussin, Coubert e Delacroix. Al\u00e9m de ter sido reprovado, o futuro artista, introvertido e provinciano, n\u00e3o se adaptou \u00e0 capital francesa, retornando a Aix, onde continuou pintando e ajudando o pai no banco.<\/p>\nCom a ascens\u00e3o econ\u00f4mica, o pai de C\u00e9zanne<\/em> comprou uma propriedade, o Jas de Bouffan, onde foi morar com a fam\u00edlia. Coube ao filho pintor decorar com pain\u00e9is o sal\u00e3o da nova morada, tendo escolhido como tema as quatro esta\u00e7\u00f5es. Um ano depois, voltou a Paris, onde permaneceu cerca de dois anos. Ali encontrou-se com os pintores Monet, Bazille, Degas, Renoir, Sisley, Pissarro, entre outros, passando a frequentar o Caf\u00e9 Guerbois. Tamb\u00e9m chegou a participar do Sal\u00e3o dos Recusados, pois suas obras tamb\u00e9m n\u00e3o eram aceitas pelo Sal\u00e3o de Paris, com suas r\u00edgidas normas acad\u00eamicas. Teve apenas uma \u00fanica obra sua exposta naquele lugar. E mesmo no Sal\u00e3o dos Rejeitados, ou nas exposi\u00e7\u00f5es que fazia, suas pinturas eram motivo de \u00e1cidas cr\u00edticas pelos julgadores e zombaria por parte do p\u00fablico visitante.<\/p>\nO pai de C\u00e9zanne<\/em> morreu seis meses ap\u00f3s o casamento do pintor com Hortense Fiquet, depois de seu filho esconder dele essa uni\u00e3o e paternidade por mais de 16 anos, pois necessitava que esse o ajudasse, uma vez que n\u00e3o conseguia vender seus quadros. Deixou uma grande heran\u00e7a, que foi dividida entre os tr\u00eas filhos. Mesmo assim, ele continuou vivendo solit\u00e1rio, e levando uma vida simples.<\/p>\nEm 1886, quando estava com 47 anos, C\u00e9zanne<\/em> teve uma grande decep\u00e7\u00e3o com o amigo \u00c9mile Zola, que j\u00e1 era um reconhecido escritor. No seu romance L\u00b4ouvre, ele tinha como protagonista um pintor, denominado Claude Lantier, cujo perfil correspondia ao de C\u00e9zanne<\/em>. E pior, era descrito como um artista conturbado por sua vida particular, sendo in\u00e1bil para finalizar sua obra-prima, endoidecendo-se e, ao final, pondo um fim na pr\u00f3pria vida. Segundo C\u00e9zanne<\/em>, havia passagens na obra, que eram fatos reais vividos por ambos. Assim foi por \u00e1gua abaixo uma das maiores amizades cultivadas entre artistas daquela \u00e9poca. Mas, para alegria de C\u00e9zanne<\/em>, esse tamb\u00e9m foi o per\u00edodo em que suas obras passaram a ser valorizadas por alguns c\u00edrculos da cultura francesa, sendo visto como um importante pintor.<\/p>\nAnos depois, em uma das exposi\u00e7\u00f5es de C\u00e9zanne<\/em>, onde se encontravam 150 obras do pintor, Zola, em meio aos cr\u00edticos detratores, qualificou o antigo amigo de “pintor fracassado”, sem lmostrar-lhe qualquer tipo de considera\u00e7\u00e3o. Contudo, C\u00e9zanne<\/em> foi aclamado por outros artistas, grandes figuras do impressionismo, recebendo tamb\u00e9m o elogio dos mais jovens, entre os quais se encontrava Matisse. Tamb\u00e9m esteve presente na inaugura\u00e7\u00e3o da Torre Eiffel, com o apoio do amigo Victor Chocquet, quando foi um dos participantes da Exposi\u00e7\u00e3o Universal de Paris, com o seu quadro A Casa do Enforcado<\/em>. No ano seguinte, participou da importante exposi\u00e7\u00e3o Les XX, em Bruxelas.<\/p>\nMesmo com o sucesso, o artista tornava-se a cada dia mais retra\u00eddo e solit\u00e1rio, distanciando-se dos outros pintores, estando tamb\u00e9m vitimado pela diabetes. Sa\u00eda pouqu\u00edssimo de casa. O que lhe importava era sua arte. Era ela que sustentava seu esp\u00edrito. Onze anos ap\u00f3s a morte do pai, ele perdeu a m\u00e3e. Por sua vez, o contato com a esposa e o filho, que viviam em Paris, tornava-se espor\u00e1dico. Suas rela\u00e7\u00f5es eram pouqu\u00edssimas, o que aumentava ainda mais sua solid\u00e3o. Hortense Piquet n\u00e3o gostava da vida rotineira do povoado, mas da vida agitada de Paris, ficando o pintor sozinho em Aix, onde se sentia \u00e0 vontade, ao lado de seus vizinhos que o admiravam, pessoas que com ele crescera, levando uma vida simples, longe da metr\u00f3pole francesa e das \u00e1cidas cr\u00edticas dos julgadores e do p\u00fablico, referentes \u00e0 sua arte, que eles n\u00e3o compreendiam. E muitos desses seus amigos posaram para ele em suas pinturas, como seu jardineiro.<\/p>\n
C\u00e9zanne<\/em> sofria de diabetes, doen\u00e7a que aumentava sua irritabilidade. Em 1906, quando estava pintando ao ar livre, nos seus queridos campos da Proven\u00e7a, foi surpreendido por uma tempestade, com chuva fina, num dia de muito frio, sendo encontrado inconsciente. Foi socorrido por lavradores que o levaram at\u00e9 Aix. Embora debilitado, voltou a pintar no jardim de sua casa, mas foi acometido por uma pneumonia. Morreu uma semana depois, aos 67 anos. Na ocasi\u00e3o, sua esposa Hortense Fiquet e o filho Paul encontravam-se em Paris, n\u00e3o chegando a tempo para v\u00ea-lo vivo. Foi homenageado no Sal\u00e3o de Outono, com a exposi\u00e7\u00e3o de 10 obras suas.<\/p>\nFontes de pesquisa<\/span>
\nC\u00e9zanne\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha
\nC\u00e9zanne\/ Abril Cole\u00e7\u00f5es
\nC\u00e9zanne\/ Girassol
\nC\u00e9zanne\/ Taschen
\nA hist\u00f3ria da arte\/ E.H. Gombrich<\/p>\nViews: 2<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho C\u00e9zanne foi t\u00e3o somente meu \u00fanico mestre (Pablo Picasso) Talvez tenha nascido cedo demais. Sou mais pintor de sua gera\u00e7\u00e3o do que da minha. (C\u00e9zanne a um jovem pintor) A idade e a sa\u00fade n\u00e3o me deixar\u00e3o realizar o sonho de arte que persegui durante toda a minha vida. (Paul […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19798"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19798"}],"version-history":[{"count":6,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19798\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46752,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19798\/revisions\/46752"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19798"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19798"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19798"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}