{"id":20001,"date":"2015-07-29T21:44:14","date_gmt":"2015-07-30T00:44:14","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=20001"},"modified":"2015-10-02T14:33:28","modified_gmt":"2015-10-02T17:33:28","slug":"john-parsons-um-ingles-bem-brasileiro","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/john-parsons-um-ingles-bem-brasileiro\/","title":{"rendered":"JOHN PARSONS \u2013 UM INGL\u00caS BEM BRASILEIRO"},"content":{"rendered":"
Autoria de Luiz Cruz<\/strong><\/p>\n <\/a>\u00a0 <\/a><\/p>\n No in\u00edcio da d\u00e9cada de 1970, o casal Anna Maria Noemia Lopes Parsons e John Francis Parsons (1930-2015) tinha projetos a serem desenvolvidos na Espanha. Ap\u00f3s terem adquirido terreno nesse pa\u00eds, resolveu fazer uma viagem ao Brasil e chegaram at\u00e9 Tiradentes, onde fariam uma visita breve. S\u00f3 que, quando John deparou-se com a imponente Serra de S\u00e3o Jos\u00e9, decidiu que aqui seria o local em que viveria para sempre e executaria seus projetos, inicialmente idealizados para a Europa.<\/p>\n O casal adquiriu uma obra inacabada e, ao longo do tempo, foi construindo, adaptando e equipando a edifica\u00e7\u00e3o, que veio a ser o Hotel Solar da Ponte. Anna Maria e John inovaram a maneira de hospedar e abriram diversas oportunidades de trabalho para os tiradentinos. A excel\u00eancia dos servi\u00e7os do Solar influenciou sobremaneira n\u00e3o somente Tiradentes, mas diversas localidades. O casal sempre esteve \u00e0 frente da gest\u00e3o do hotel, acompanhando tudo de perto, o que al\u00e9m de garantir a qualidade, tornou-se um diferencial significativo, refor\u00e7ando a proposta de que receber bem pode se tornar uma arte.<\/p>\n John Parsons nasceu em Wolverhampton, na Inglaterra, e desde que chegou a Tiradentes, integrou-se para sempre \u00e0 comunidade, tornando-se um tiradentino de cora\u00e7\u00e3o. Acompanhou as celebra\u00e7\u00f5es religiosas, e a prociss\u00e3o que mais gostava era a de Ramos, a que abre a programa\u00e7\u00e3o da Semana Santa. Sempre prestigiou a Sociedade Orquestra e Banda Ramalho de Tiradentes e as orquestras Ribeiro Bastos e Lira, de S\u00e3o Jo\u00e3o del Rei. Na regi\u00e3o, conhecia todos os bons artes\u00e3os, moveleiros, santeiros, canteiros, marceneiros e ferreiros, com quem trocava ideias e com suas habilidades de engenheiro, contribu\u00eda para o aprimoramento das pe\u00e7as.<\/p>\n Em 1980, o casal Parsons juntamente com Angelo Oswaldo de Araujo Santos, Jos\u00e9 Luiz Alqueres, Alice Lima Barbosa e outros fundaram a SAT \u2014 Sociedade Amigos de Tiradentes, que obteve o apoio de in\u00fameros amigos que se hospedavam no Solar da Ponte. Muitos deles se associaram \u00e0 SAT e colaboraram financeiramente com v\u00e1rios projetos pela defesa do patrim\u00f4nio cultural e ambiental de Tiradentes, sendo o Projeto Obras Emergenciais o mais amplo e importante.<\/p>\n John presidiu a SAT por alguns mandatos e apoiou as manifesta\u00e7\u00f5es populares como os grupos de Folias de Reis e S\u00e3o Sebasti\u00e3o, Congados e as Pastorinhas. A SAT foi a primeira institui\u00e7\u00e3o a apoiar os brigadistas, equipando-os para o combate aos inc\u00eandios florestais na Serra de S\u00e3o Jos\u00e9. Os brigadistas fortaleceram-se e tornaram-se o Corpo de Bombeiros Volunt\u00e1rios de Tiradentes, atualmente com quase vinte e cinco anos de atua\u00e7\u00e3o. John sempre acompanhou as quest\u00f5es ambientais locais. Em 1987, ele e Anna Maria subiram a Serra de S\u00e3o Jos\u00e9, integrando a Prociss\u00e3o Ecol\u00f3gica em defesa da serra. Participou da Semana do Meio Ambiente de Tiradentes e na primeira edi\u00e7\u00e3o, tamb\u00e9m realizada em 1987, na Escola Estadual Bas\u00edlio da Gama, fez palestra sobre a \u201cSustentabilidade do Planeta\u201d. Acompanhou todo processo de cria\u00e7\u00e3o das Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o da Serra de S\u00e3o Jos\u00e9, que infelizmente n\u00e3o viu devidamente tombada, pois o processo se arrasta no IPHAN, desde 1979. Liderou a campanha para aquisi\u00e7\u00e3o do Terreno Maria Joanna, pela SAT, no alto da serra, onde se encontram as cachoeiras do Mangue.<\/p>\n Como bom ingl\u00eas, John adorava cavalgar e tinha orgulho em participar da Cavalgada da Inconfid\u00eancia Mineira. Foi s\u00f3cio fundador do CCYA \u2014 Centro Cultural Yves Alves e acompanhou praticamente todas as reuni\u00f5es, desde sua cria\u00e7\u00e3o. Contribuiu financeiramente para a manuten\u00e7\u00e3o do centro durante certo per\u00edodo. Levou ao Conselho do CCYA suas experi\u00eancias de engenheiro, ambientalista, empres\u00e1rio e acima de tudo humanista. Pode ver aprovado o Plano Diretor Participativo de Tiradentes, o qual sempre defendeu, e acreditava que seria a solu\u00e7\u00e3o para conter o crescimento desordenado da cidade. Teve a felicidade de participar e encaminhar diversas sugest\u00f5es nas oficinas para a elabora\u00e7\u00e3o do plano, que foi magistralmente coordenado pela Funda\u00e7\u00e3o Jo\u00e3o Pinheiro e apoiado financeiramente pelo BNDES. Como homem da \u00e1rea das ci\u00eancias exatas, buscava nos fil\u00f3sofos a compreens\u00e3o sobre as quest\u00f5es ambientais. Apreciador da obra de James Lovelock, acreditava que a sustentabilidade poderia amenizar e resolver os problemas locais e at\u00e9 mesmo os globais. Nos encontros ou reuni\u00f5es compartilhava os ensinamentos. O Meio Ambiente era um de seus temas favoritos e sobre ele podia discorrer longas horas.<\/p>\n John viveu intensamente, sempre ao lado de Anna Maria. Com certeza tornou-se um dos maiores defensores de Tiradentes e seu patrim\u00f4nio cultural e ambiental. Em nosso \u00faltimo encontro \u2014 j\u00e1 hospitalizado e na presen\u00e7a de Anna Maria \u2014 recomendou-me a leitura de seu \u00faltimo ensaio O planeta azul: promessas para o futuro, onde desenvolveu seus pensamentos inspirados em Idades de Gaia (Lovelock, 1988) perpassando por Charles Dickens, Francis Bacon, Issac Newton, Nicolau Copernicus, Lynn Margulis e outros. \u201cO Planeta Azul \u00e9 sustentado pela sua pr\u00f3pria teia de vida, na qual todos os seres vivos dependem de todos os demais, inclusive a pr\u00f3pria humanidade\u201d. E terminou o texto com o desejo de que as escolas participem mais, pois o comprometimento dos jovens pode fazer muita diferen\u00e7a em nossos ecossistemas, exatamente como ele proferiu em 1987, ao abrir a primeira Semana do Meio Ambiente de Tiradentes.<\/p>\n John Francis Parsons faleceu no dia 28 de junho de 2015 e foi sepultado no Cemit\u00e9rio das Merc\u00eas. A Capela de Nossa Senhora das Merc\u00eas, templo rococ\u00f3, decorado pelo artista Manoel Victor de Jesus, era a que ele mais apreciava em Tiradentes.<\/p>\n Nota <\/span>(fotografias)<\/p>\n 1 – O casal Parsons, no alto da Serra de S\u00e3o Jos\u00e9 (1987) \/ Fotografia: Eros Concei\u00e7\u00e3o. Views: 3<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Autoria de Luiz Cruz \u00a0 No in\u00edcio da d\u00e9cada de 1970, o casal Anna Maria Noemia Lopes Parsons e John Francis Parsons (1930-2015) tinha projetos a serem desenvolvidos na Espanha. Ap\u00f3s terem adquirido terreno nesse pa\u00eds, resolveu fazer uma viagem ao Brasil e chegaram at\u00e9 Tiradentes, onde fariam uma visita breve. 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\n2. Abertura da Semana do Meio Ambiente, em 1987, na E.E. Bas\u00edlio da Gama\/Fotografia: Luiz Cruz<\/p>\n