<\/a><\/p>\nMuitas pessoas afirmam que o homem era muito mais vaidoso antigamente do que nos dias de hoje, pois h\u00e1 suspeitas de que m\u00famias, no antigo Egito, 3,5 anos atr\u00e1s, j\u00e1 tinham as madeixas embelezadas para causarem uma boa apar\u00eancia no outro mundo. Retornando a uma \u00e9poca mais atual, citam como refer\u00eancia o uso da famosa brilhantina. Pode at\u00e9 ser que sim, e que depois tenha havido uma queda na afeta\u00e7\u00e3o masculina. Por\u00e9m, nos dias de hoje, \u00e9 cada vez maior o n\u00famero de homens usando xampus, filtros-solares, cremes corporais, botox e outras coisas tais. No que fazem muito bem, pois, como dizia a minha av\u00f3: “Quem n\u00e3o se enfeita por si se enjeita.”.<\/p>\n
Uma hist\u00f3ria interessante da vaidade humana est\u00e1 relacionada com as madeixas masculinas. Como o homem n\u00e3o podia recorrer ao truque do rabo de cavalo, para impedir que os cabelos lisos despencassem pela testa, trazendo inc\u00f4modo, o jeito era besunt\u00e1-los, deixando todos os fios bem acomodados, onde foram postos. Para tanto, numa \u00e9poca em que a cosmetologia e os produtos de cabalo engatinhavam, restava aos mo\u00e7oilos mais vaidosos, buscar novas descobertas, muitas vezes oriundas do disse me disse, sem nenhum anteparo cient\u00edfico. E foi assim que surgiram in\u00fameros tipos de gorduras vegetais, com destaque para o azeite de oliva e o \u00f3leo de palma, que deixavam os cachos com uma apar\u00eancia molhada. No interior do pa\u00eds tamb\u00e9m grassava a banha de galinha, que al\u00e9m de manter os rebelados no lugar, ainda os tratava, dando-lhes brilho e conservando-lhes a cor. E o cheiro? Isso a\u00ed \u00e9 outra coisa! Muitas pessoas misturavam as gorduras com alfazema, madeira do oriente e a outros perfumes baratos.<\/p>\n
Mas se algu\u00e9m pensa que as receitas para manter a compostura das cabeleiras paravam por a\u00ed, est\u00e1 muito enganado. Algumas delas cheiravam a bruxaria. Na Europa, l\u00e1 pelos idos de 1300, havia uma f\u00f3rmula considerada infal\u00edvel, que talvez algum leitor queira experimentar em seus cabelos rebeldes, tamanha \u00e9 a sua simplicidade: misturava-se \u00e0 gordura de lagarto (o coitadinho nem possui cabelo) fezes de pombos (sempre existiram aos mont\u00f5es). Uma vez pronta a pasta, essa deveria ser aplicada diretamente na juba humana. Na \u00c1sia, a receita era mais apreci\u00e1vel: gordura animal com mel ou ocre. Se escorresse pela cara ainda daria para lamber. E ainda dava cor aos cabelos. Na \u00c1sia, um arsenal de pentes e uma pomada que tinha como base a cera, davam conta dos penteados mirabolantes da nobreza. Na Am\u00e9rica do Norte, mais pomposa, usava-se \u00f3leo de urso, refinado. Coitado do animal, que nada tinha a ver com o requinte humano.<\/p>\n
Para o bem dos mo\u00e7oilos e mo\u00e7oilas, que pegavam carona no envaidecimento dos machos, em 1800, as pomadas come\u00e7aram a ganhar o mercado. E no s\u00e9culo XX, os apetrechos embelezadores deram um passo maior ainda, no sentindo de diminuir o sofrimento olfativo, tanto de quem usava produtos animais, n\u00e3o l\u00e1 muito agrad\u00e1veis ao nariz, quanto de quem era obrigado a conviver com figuras tais. Nasciam assim a goma de petr\u00f3leo e a cera de abelhas. Mas com o andar da carruagem, e, com o olho num mercado t\u00e3o auspicioso, certo perfumista franc\u00eas criou, em 1900, a salva\u00e7\u00e3o, n\u00e3o a eterna, mas tempor\u00e1ria, para as madeixas masculinas: a brilhantina. Tratava-se de um \u00f3leo perfumado que n\u00e3o s\u00f3 apaziguava a cabeleira, como lhe dava, juntamente com os bigodes, um ar umedecido. Era a gl\u00f3ria!<\/p>\n
E a Gr\u00e3-Bretanha era l\u00e1 maluca de ficar longe desse fil\u00e3o da cabelama? Never! Em 1929 lan\u00e7ou no mercado o Brylcreem, que jogou por terra a popularidade da Brillantine. E a\u00ed veio a febre, e junto com ela os topetes, cada um mais altos e sofisticados. Eram a vez dos engordurados (greasers). Que o digam Elvis Presley, James Dean, John Travolta e a turma do rock`n`roll e seguidores.<\/p>\n
E como as coisas andavam no Brasil? Ser\u00e1 que a vaidade passava longe destas terras? De jeito nenhum. N\u00f3s t\u00ednhamos o Gumex, certo tipo de p\u00f3 sol\u00favel em \u00e1gua. O vaidoso tinha que ser r\u00e1pido no gatilho, pois se demorasse na aplica\u00e7\u00e3o, a mistura virava uma sola. A propaganda em latim era uma p\u00e9rola: “Dura lex sed lex, no cabelo s\u00f3 Gumex” (A lei \u00e9 dura, mas \u00e9 a lei, no cabelo s\u00f3 Gumex). Foi criada pelo nosso saudoso Ary Barroso. O melhor era o apelido que recebiam os usu\u00e1rios do Gumex: “engomadinho”, “lambido”, “cabelo que boi lambeu”, “alisadinho”, e muitos outros. E assim foi at\u00e9 os anos 60.<\/p>\n
Como tudo que \u00e9 usado em demasia acaba cansando, os topetes agigantados ca\u00edram do trono, ou melhor, da cabe\u00e7a. Produtos \u00e0 base de \u00e1gua e gel vieram botar os cabelos nos devidos lugares. Mas isso n\u00e3o durou muito tempo. Basta dar uma andada pelas ruas para ver os jovens com seus topetes a “la moicanos”, cheios de gel. E assim \u00e9 a moda, num vai e vem cont\u00ednuo.<\/p>\n
Fontes de pesquisa
\n<\/span>Aventuras na Hist\u00f3ria\/ Editora Abril
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Autoria de Lu Dias Carvalho Muitas pessoas afirmam que o homem era muito mais vaidoso antigamente do que nos dias de hoje, pois h\u00e1 suspeitas de que m\u00famias, no antigo Egito, 3,5 anos atr\u00e1s, j\u00e1 tinham as madeixas embelezadas para causarem uma boa apar\u00eancia no outro mundo. Retornando a uma \u00e9poca mais atual, citam como […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[35],"tags":[],"class_list":["post-20204","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-historia-da-humanidade"],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/20204","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=20204"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/20204\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46796,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/20204\/revisions\/46796"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=20204"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=20204"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=20204"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}