<\/a><\/p>\nUma vez que os deuses deixaram a Terra nos trinques, com cada coisa em seu devido lugar, inclusive os bichos das mais diferentes esp\u00e9cies, acharam que, para usufruir de tanta beleza, e depois de tanto trabalho, teriam que criar um animal mais c\u00e9lebre, que se regozijasse com tudo aquilo. E assim foi criado o homem. Como pode concluir o leitor, at\u00e9 os deuses erram. Mas vamos deixar isso para l\u00e1, pois o que est\u00e1 feito n\u00e3o mais est\u00e1 por fazer. Vejamos o processo usado pelas divindades.<\/p>\n
\u00c9 fato que no resto daquele caldo chamado “Caos”, ainda existiam algumas sementes celestiais, com certeza j\u00e1 passando do prazo de validade, e foi delas, juntamente com terra e \u00e1gua que foi feito o homem. Aos dois irm\u00e3os tit\u00e3s Epitemeu e Prometeu os deuses deram a tarefa de cri\u00e1-lo. Ao primeiro coube a execu\u00e7\u00e3o da obra e ao segundo a supervis\u00e3o. Para dar um porte mais altivo a esse novo ser, ele foi criado diferente dos outros animais, \u00e0 semelhan\u00e7a dos deuses. Por isso, ao contr\u00e1rio dos bichos, cujo rosto \u00e9 voltado para baixo, como se agradecessem pelo ch\u00e3o em que pisam, o novo animal anda olhando para frente, e pode contemplar o c\u00e9u e as estrelas sempre que quiser. Mas alguns levam tal postura t\u00e3o a s\u00e9rio, que se tornam vitimados pelo torcicolo da vaidade.<\/p>\n
Epitemeu, portanto, foi incumbido de meter a m\u00e3o na massa, enquanto cabia a Prometeu apenas a tarefa de examinar o produto final. Espertinho, n\u00e3o? Contudo, houve um probleminha, que acabou refletindo nos dias de hoje, pois ao trabalhador Epitemeu tamb\u00e9m coube a tarefa de distribuir a todos os animais seus devidos dons (ligeireza, coragem, for\u00e7a, audi\u00e7\u00e3o agu\u00e7ada, etc.). E nesse toma aqui e d\u00e1 ali, j\u00e1 cansado, o tit\u00e3 nem percebeu que n\u00e3o deixara nem um poucochinho de faculdades necess\u00e1rias ao animal nobil\u00edssimo, chamado homem, para a sua viv\u00eancia na Terra. Pelos deuses, o que fazer? O pobre tit\u00e3 estava em meio a um angu de caro\u00e7o. Ou seria num mato sem cachorro?<\/p>\n
Prometeu, que havia trabalhado menos, \u00e9 bom que se saiba, foi chamado para socorrer seu irm\u00e3o Epitemeu. Era o m\u00ednimo que poderia fazer, por n\u00e3o ter supervisionado a obra como deveria. Pediu ajuda \u00e0 deusa Minerva (Palas), a mandachuva da sabedoria. Ambos foram at\u00e9 o c\u00e9u, e ali, ocultamente, acenderam um archote no carro do sol, dando ao homem o fogo. E foi ao apoderar-se do uso dessa energia, que ele, o animal nobre, conseguiu comandar o mundo. Com ele construiu as mais perversas armas, sobrepujando os outros animais, e depois a esp\u00e9cie p\u00f4s-se a brigar entre si, numa ferocidade desmedida. Deve ser por isso que dizem por a\u00ed que a esp\u00e9cie humana \u00e9 “fogo” nas ardilezas. Lamentavelmente o homem \u00e9 o \u00fanico animal capaz de conceber o mal e coloc\u00e1-lo em pr\u00e1tica.<\/p>\n
Nota:<\/span> pormenor da obra de Michelangelo, A Cria\u00e7\u00e3o de Ad\u00e3o<\/em><\/p>\nFontes de Pesquisa<\/span>
\nMitologia\/ Thomas Bulfinch
\nMitologia\/ LM<\/p>\nViews: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Recontado por Lu Dias Carvalho Uma vez que os deuses deixaram a Terra nos trinques, com cada coisa em seu devido lugar, inclusive os bichos das mais diferentes esp\u00e9cies, acharam que, para usufruir de tanta beleza, e depois de tanto trabalho, teriam que criar um animal mais c\u00e9lebre, que se regozijasse com tudo aquilo. E […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[36],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/20327"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=20327"}],"version-history":[{"count":8,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/20327\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":46813,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/20327\/revisions\/46813"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=20327"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=20327"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=20327"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}