<\/a><\/p>\nExiste coisa mais chata do que crian\u00e7a excessivamente mimada, que chora por qualquer coisa? As l\u00e1grimas j\u00e1 ficam ali, escondidinhas nos cantos dos olhos, prestes a desabar por uma coisinha de nada. Nem que a vaca tussa aceitam a palavra \u201cn\u00e3o\u201d e pensam que tudo e todos est\u00e3o ao seu dispor. Os respons\u00e1veis n\u00e3o movem uma palha para corrigi-las. Esses anjinhos chor\u00f5es, parecidos com purgantes, v\u00e3o amargar um futuro desastroso no contato com o mundo real, enchendo as burras dos terapeutas.<\/p>\n
A minha priminha Juju \u00e9 uma manteiga derretida<\/i> hors concours. Se cisma que algu\u00e9m olhou para ela de um jeito meio enviesado, corre para os bra\u00e7os da m\u00e3e ou do pai, fazendo o maior berreiro, quando n\u00e3o quebra tudo que encontra pela frente. At\u00e9 os coleguinhas v\u00eam se afastando dela, cansados de sua denguice, pois afinal ningu\u00e9m \u00e9 de ferro para aguentar tanto chilique de uma pirralha mal-educada. Tudo mundo diz que a tal ser\u00e1 educada pela vida, levando muita pancada.<\/p>\n
Dias desses estava a chatomilda brincando com uma amiguinha, quando come\u00e7ou um berreiro de dar medo. Corremos para o quarto da pequena rainha, pensando que algum arm\u00e1rio tivesse desabado sobre ela. A cena era pat\u00e9tica. A bruxinha estava deitada no ch\u00e3o, batendo pernas e bra\u00e7os, enquanto a amiguinha, encolhida num cantinho do quarto, trazia o rosto molhado por l\u00e1grimas silenciosas. A m\u00e3e, com cara de quem comeu e n\u00e3o gostou, tomou a birrenta no colo, querendo saber o que lhe acontecera. Entre berros ela se explicou:<\/p>\n
\u2013 Eu n\u00e3o quero brincar com a minha boneca, quero a dela, e ela n\u00e3o quer me dar!<\/i><\/p>\n
Imaginei que fosse uma boa hora para que a genitora ensinasse \u00e0 filha alguns limites, de modo a respeitar as coisas dos outros. Mas n\u00e3o! Para agradar a chorona, disse-lhe:<\/p>\n
\u2013 N\u00e3o chore mais, filha, pois a mam\u00e3e vai lhe dar uma boneca igualzinha \u00e0 dela.
\n<\/i><\/p>\n
A amiguinha foi embora envergonhada, sem receber uma palavra de aten\u00e7\u00e3o da m\u00e3e da pirracenta. Indignada, meti a colher no angu, ao abrir o bico:<\/p>\n
\u2013 Cuidado prima, a gente cria filhos para o mundo e n\u00e3o para n\u00f3s.<\/i><\/p>\n
Ao que ela prontamente me respondeu:<\/p>\n
\u2013 Ela \u00e9 muito pequena ainda, vai chegar o seu tempo de aprender.<\/i><\/p>\n
Dias desses fiquei sabendo que a manteiga derretida<\/i> deu o maior show no anivers\u00e1rio de uma de suas coleguinhas. Queria desesperadamente um peda\u00e7o do bolo da aniversariante, antes da hora, sem esperar pelos parab\u00e9ns. N\u00e3o sendo atendida, puxou a toalha da mesa, espatifando tudo no ch\u00e3o. Envergonhados, os pais n\u00e3o sabiam onde enfiar a cara, com mil e um pedidos de desculpas. Bem feito! Quem planta urtiga jamais colher\u00e1 mios\u00f3tis, diz um dito popular, <\/i>pois \u00e9 de pequenino que se torce o pepino!<\/p>\n
J\u00e1 ia me esquecendo de falar sobre a express\u00e3o \u201cmanteiga derretida\u201d, <\/i>uai.<\/i> Trata-se de uma alus\u00e3o ao chiado da manteiga, quando \u00e9 levada ao fogo.<\/p>\n
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Autoria de Lu Dias Carvalho Existe coisa mais chata do que crian\u00e7a excessivamente mimada, que chora por qualquer coisa? As l\u00e1grimas j\u00e1 ficam ali, escondidinhas nos cantos dos olhos, prestes a desabar por uma coisinha de nada. Nem que a vaca tussa aceitam a palavra \u201cn\u00e3o\u201d e pensam que tudo e todos est\u00e3o ao seu […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[43],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2569"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2569"}],"version-history":[{"count":11,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2569\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":48600,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2569\/revisions\/48600"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2569"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2569"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2569"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}