{"id":27281,"date":"2016-03-17T02:14:54","date_gmt":"2016-03-17T05:14:54","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=27281"},"modified":"2016-03-19T15:31:01","modified_gmt":"2016-03-19T18:31:01","slug":"campanarios-de-minas-gerais","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/campanarios-de-minas-gerais\/","title":{"rendered":"CAMPAN\u00c1RIOS DE MINAS GERAIS"},"content":{"rendered":"

Autoria de Luiz Cruz<\/strong><\/p>\n

\u00a0\u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0<\/a>\"cruz1\"\u00a0 \u00a0 <\/a>\"cruz12\"<\/a><\/p>\n

Os campan\u00e1rios, os sinos e seus toques representam um dos tra\u00e7os mais expressivos da nossa cultura. Tanto que o \u201cToque dos Sinos\u201d, em Minas Gerais, foi reconhecido como Patrim\u00f4nio Nacional, atrav\u00e9s do IPHAN \u2013 Instituto do Patrim\u00f4nio Hist\u00f3rico e Art\u00edstico Nacional, e inscrito no Livro das Formas e Express\u00f5es, em 2009, tendo como refer\u00eancia as cidades de Catas Altas, Congonhas, Diamantina, Mariana, Ouro Preto, Sabar\u00e1, S\u00e3o Jo\u00e3o del-Rei e Tiradentes. O \u201cOf\u00edcio de Sineiro\u201d tamb\u00e9m foi reconhecido como Patrim\u00f4nio Nacional pelo IPHAN, e inscrito no Livro de Registros dos Saberes, no mesmo ano.<\/p>\n

O Brasil herdou de Portugal a tradi\u00e7\u00e3o dos sinos, que aqui logo foi assimilado como ex\u00edmio instrumento de comunica\u00e7\u00e3o. Por isso, teve que ser instalado em locais mais elevados, para que o som alcan\u00e7asse os mais long\u00ednquos lugares. E, para cumprir bem sua fun\u00e7\u00e3o, foram levados para o alto das torres. Por\u00e9m, nem todos, ao circular pelos mais buc\u00f3licos cantos de Minas, podem apreciar curiosas solu\u00e7\u00f5es de campan\u00e1rios, entre elas destacam-se as aplicadas ao da Capela de Sant\u2019Ana, em Mariana, instalado no adro, mas afastado da edifica\u00e7\u00e3o e utilizando-se apenas de madeira e um pequeno telhado. Ou ainda o da Capela de S\u00e3o Jo\u00e3o, em Ouro Preto, uma das mais antigas da localidade. O sino foi afixado ao lado do templo, elevado apenas por uma coluna de alvenaria e protegido por um telhadinho. Sua coloca\u00e7\u00e3o pr\u00f3xima aos fi\u00e9is e visitantes de forma t\u00e3o simples, mas com gra\u00e7a, encanta-nos.<\/p>\n

H\u00e1 diversas solu\u00e7\u00f5es arquitet\u00f4nicas singelas para os campan\u00e1rios, mas h\u00e1 tamb\u00e9m projetos altamente sofisticados e de autoria dos melhores arquitetos, ou mestres pedreiros, como os da Capela de S\u00e3o Francisco de Assis, em Ouro Preto, cria\u00e7\u00e3o do Mestre Aleijadinho. A cidade possuiu outros interessantes como os das capelas de Nossa Senhora do Carmo e do Ros\u00e1rio ou ainda o da Casa de C\u00e2mara e Cadeia \u2013 o atual Museu da Inconfid\u00eancia. \u00c9 importante salientar que ao longo dos s\u00e9culos XVIII e XIX os sinos foram os instrumentos de comunica\u00e7\u00e3o tanto da Igreja quanto do \u201cPoder P\u00fablico\u201d. Ainda merecem destaque os campan\u00e1rios das capelas de Nossa Senhora do Carmo, S\u00e3o Francisco de Assis e o da Casa de C\u00e2mara e Cadeia da cidade primaz de Minas \u2013 Mariana \u2013 tanto pela sofistica\u00e7\u00e3o arquitet\u00f4nica quanto pela harmonia com que comp\u00f5em uma das mais significativas paisagens mineiras.<\/p>\n

S\u00e3o Jo\u00e3o del-Rei destaca-se no universo de campan\u00e1rios com solu\u00e7\u00f5es arquitet\u00f4nicas bem peculiares e belas. Os campan\u00e1rios das capelas de S\u00e3o Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo s\u00e3o em cantaria de pedra, t\u00eam os elementos decorativos em xistos verdes. S\u00e3o s\u00f3lidos como fortalezas. Os campan\u00e1rios da Matriz de Nossa Senhora do Pilar foram edificados em cantaria de pedra, com espacialidade moderna para o per\u00edodo de sua constru\u00e7\u00e3o, cujo acesso \u00e9 atrav\u00e9s de uma complexa estrutura de madeira, que contrasta com a cantaria, cativando nossa aten\u00e7\u00e3o. Provavelmente, os campan\u00e1rios, os sinos e seus toques constituem um dos maiores atrativos da Semana Santa de S\u00e3o Jo\u00e3o del-Rei, que atualmente \u00e9 considerada a mais completa do Brasil. Vale a pena visit\u00e1-la neste per\u00edodo e conferir este marco da cultura s\u00e3o-joanense.<\/p>\n

Como os sinos s\u00e3o instrumentos que comp\u00f5em o universo dos objetos lit\u00fargicos, devem ser considerados tamb\u00e9m patrim\u00f4nio e obras de arte, com certeza, precisam de cuidados para sua conserva\u00e7\u00e3o e prote\u00e7\u00e3o:
\n\u2022 Todo sineiro deve aprender a us\u00e1-los com seguran\u00e7a pessoal, para sua prote\u00e7\u00e3o e conserva\u00e7\u00e3o, buscando conhecer a hist\u00f3ria do sino para melhor desempenhar sua fun\u00e7\u00e3o.
\n\u2022 Conhecer os toques tradicionais dos sinos para assegurar a preserva\u00e7\u00e3o dessa linguagem.
\n\u2022 Evitar dar manuten\u00e7\u00e3o sem o aux\u00edlio de profissional especializado, principalmente no badalo, pois bater o sino fora do batente traz um risco muito alto de rach\u00e1-lo ou trincar a bacia.
\n\u2022 Usar, preferencialmente, tiras de couro cru retiradas da barriga do boi para amarrar o badalo.
\n\u2022 Evitar interven\u00e7\u00f5es na estrutura do corpo do sino para n\u00e3o comprometer o ajuste entre o corpo e a bacia, nem colocar pregos, pois aceleram a infiltra\u00e7\u00e3o de \u00e1guas na madeira.
\n\u2022 Buscar ajuda especializada para orientar a troca de pe\u00e7as para a manuten\u00e7\u00e3o do sino.
\n\u2022 Lubrificar, periodicamente, com graxa o eixo e o mancal do sino.
\n\u2022 Manter as torres limpas e fech\u00e1-las com tela evitando a presen\u00e7a de aves e outros animais.
\n\u2022 Amarrar a corda de couro no garfo, passando pela argola do badalo para os repiques, evitando-se o uso de arames ou cordas de nylon.
\n\u2022 O corpo do sino deve ser pintado para a prote\u00e7\u00e3o da madeira. A tinta feita com \u00f3leo de linha\u00e7a \u00e9 mais indicada para melhor impermeabiliza\u00e7\u00e3o.
\n\u2022 Cobrir e proteger o sino quando ocorrerem obras na torre ou na sineira.
\n\u2022 Evitar dobres muito acelerados, pois, al\u00e9m de at\u00edpicos, trazem o risco de rachaduras e consequentemente o fim de sua utiliza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Nota:<\/span> Campan\u00e1rio da Capela de Sant\u2019Ana, em Mariana e Capela de S\u00e3o Jo\u00e3o, em Ouro Preto. Fotografia: LC<\/p>\n

Refer\u00eancia<\/span>
\nCRUZ, Luiz Antonio da. e BOAVENTURA, Maria Jos\u00e9. Manual de T\u00e9cnicas de Preserva\u00e7\u00e3o e Manuten\u00e7\u00e3o de Patrim\u00f4nio. Tiradentes: IHGT, 2016.
\nCRUZ, Luiz Antonio da. e BOAVENTURA, Maria Jos\u00e9. Gloss\u00e1rio do Patrim\u00f4nio de Tiradentes. Tiradentes: IHGT, 2016.
\nDANGELO, Andr\u00e9 Guilherme Dornelles. BRASILEIRO, Vanessa Borges. Sentinelas sonoras. Belo Horizonte: e.43, 2013.
\nMARTINS, Judith. Dicion\u00e1rio de Artistas e Art\u00edfices dos s\u00e9culos XVIII e XIX de Minas Gerais. Rio de Janeiro: MEC, Revista do IPHAN, 1974.<\/p>\n

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