\u00c1FRICA – ALBINISMO E FEITI\u00c7ARIA)<\/a><\/p>\nA bruxaria sempre foi respons\u00e1vel por um grande n\u00famero de mortes, em raz\u00e3o das vingan\u00e7as, desde a \u00e9poca em que os povos eram ca\u00e7adores\/coletores e viviam em sociedades tribais. Como n\u00e3o tinham conhecimento do ciclo da vida, imaginavam que a morte de algu\u00e9m era motivada por outrem. Se um le\u00e3o matava o sujeito na ca\u00e7ada, tudo bem, pois o fato fora observado por seus companheiros. Contudo, se a pessoa morria de doen\u00e7a, a\u00ed a coisa mudava. Quem a teria matado, sen\u00e3o algu\u00e9m que tinha poderes sobre as for\u00e7as sobrenaturais! \u00a0Mas por debaixo de tal ignor\u00e2ncia tamb\u00e9m haviam interesses escusos, pois, segundo pesquisas antropol\u00f3gicas, os parentes afins eram muitas vezes exterminados como bruxos, para favorecer certos interesses do chefe tribal, que deles queria se livrar. Muitos rivais tamb\u00e9m eram eliminados sob a acusa\u00e7\u00e3o de bruxaria. \u00a0Era mais f\u00e1cil usar tal ardil.<\/p>\n
O manual Malleus Maleficarum<\/em> foi\u00a0 escrito e publicado por dois monges, no s\u00e9culo XV, atrav\u00e9s do qual ensinavam como identificar um bruxo ou uma bruxa. Segundo o escritor canadense Steven Pinker, \u201cInstigados por essas revela\u00e7\u00f5es e inspirados pela injun\u00e7\u00e3o em \u00caxodo 22, 17 \u2018A feiticeira n\u00e3o deixar\u00e1s viver\u2019, ca\u00e7adores de bruxas franceses e alem\u00e3es mataram entre 60 mil e 100 mil pessoas acusadas de bruxaria (85% mulheres) durante os dois s\u00e9culos seguintes.\u201d<\/em>. Essas pessoas eram normalmente queimadas em fogueiras, depois de passarem por uma excruciante tortura, na qual reconheciam ter cometido v\u00e1rios crimes, como os citados por Pinker em seu livro “Os Anjos Bons da Natureza Humana”:<\/p>\n\n- causar naufr\u00e1gios;<\/li>\n
- comer beb\u00eas;<\/li>\n
- destruir colheitas;<\/li>\n
- voar em vassoura no sab\u00e1;<\/li>\n
- copular com dem\u00f4nios e depois transform\u00e1-los em c\u00e3es e gatos;<\/li>\n
- tornar homens impotentes convencendo-os de que perderam o p\u00eanis.<\/li>\n<\/ul>\n
Al\u00e9m da patranha das bruxarias, a elas juntavam-se invencionices que se transformavam em brutais cal\u00fanias, que propagavam mundo afora, trazendo muito derramamento de sangue. Dentre essas, pode ser citada uma que aconteceu na Europa medieval, quando se espalhou que os judeus envenenavam os po\u00e7os de \u00e1gua e tamb\u00e9m matavam crian\u00e7as no per\u00edodo da P\u00e1scoa judaica, com a finalidade de usar o sangue dessas para fazer o matz\u00e1 (p\u00e3o sem fermento, feito com farinha branca e \u00e1gua, o maior s\u00edmbolo da P\u00e1scoa judaica). Em raz\u00e3o dessa difama\u00e7\u00e3o, milhares de judeus foram mortos na Europa, durante a Idade M\u00e9dia.<\/p>\n
Ainda que houvesse pessoas que demostrassem ser imposs\u00edvel uma mulher usar uma vassoura como condu\u00e7\u00e3o para o voo, em se tratando das pretensas bruxas, a ignor\u00e2ncia falava mais alto. Esses defensores, muitas vezes, acabavam mortos sob o pecado de serem c\u00e9ticos. Foi somente na Idade da Raz\u00e3o, quando escritores como Erasmo de Roterd\u00e3, Michel de Montaigne e Thomas Hobbes passaram a ser ouvidos, e o esp\u00edrito cient\u00edfico passou a p\u00f4r \u00e0 prova as mirabolantes supersti\u00e7\u00f5es \u00e9 que foi amainando a ca\u00e7a \u00e0s bruxas.<\/p>\n
Em 1631, um jesu\u00edta alem\u00e3o chamado padre Friedrich Spee, ficou t\u00e3o horrorizado com o sistema de tortura e morte dos acusados de bruxaria, que escreveu um livro sobre o tema, pondo fim \u00e0s acusa\u00e7\u00f5es de bruxaria em parte de seu pa\u00eds. Nos meados do s\u00e9culo XVIII terminava a ca\u00e7a \u00e0s bruxas em toda a Europa. Essa parte da hist\u00f3ria da humanidade foi t\u00e3o perversa e do\u00edda, que at\u00e9 hoje existe a express\u00e3o \u201cca\u00e7a \u00e0s bruxas\u201d presente na cultura de v\u00e1rios povos. Segundo o dicion\u00e1rio Aur\u00e9lio ela significa: 1. Persegui\u00e7\u00e3o sistem\u00e1tica a advers\u00e1rios. 2. Restr. Pol\u00edt. Persegui\u00e7\u00e3o pol\u00edtica ou campanha punitiva, ger. caluniosa, contra pessoas ou grupos que discordam da ordem, princ\u00edpios ou governo estabelecidos. [Calque (2) do ingl. witch-hunt: express\u00e3o alusiva \u00e0s mulheres presas e condenadas a morrer na fogueira no s\u00e9c. XVII sob a acusa\u00e7\u00e3o de feiti\u00e7aria, e que, em meados do s\u00e9c. XX, serviu para designar as persegui\u00e7\u00f5es e os expurgos promovidos pelo senador Joseph McCarthy (v. macarthismo) contra esquerdistas e comunistas.].<\/em><\/p>\nNota:<\/u> O Sab\u00e1 das Bruxas<\/em>, obra de Francisco Goya<\/p>\nFonte de pesquisa
\n<\/u>Os anjos bons da natureza humana\/ Steven Pinker\/ Edit. Companhia das Letras<\/p>\n
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Autoria de Lu Dias Carvalho Uma pessoa suspeita de bruxaria era amarrada e jogada num lago; se flutuasse, era prova de que era bruxa, e ent\u00e3o a enforcavam; se afundasse e se afogasse, provava sua inoc\u00eancia. (Steven Pinker) O ser humano sempre buscou uma explica\u00e7\u00e3o para as coisas desagrad\u00e1veis que lhe acontece. Muitas pessoas, ainda […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[35],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27529"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=27529"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27529\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47044,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27529\/revisions\/47044"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=27529"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=27529"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=27529"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}