<\/a><\/p>\nRoda mundo, roda gigante\/ Rodamoinho, roda pi\u00e3o\/ O tempo rodou num instante\/ Nas voltas do meu cora\u00e7\u00e3o. (Chico Buarque)<\/em><\/strong><\/p>\nPor mais que se anuncie a desgra\u00e7a, nossa mente minimiza-a, como uma forma de jogar-nos para frente, pois, enquanto se est\u00e1 vivo, a luta deve prosseguir. Bendita sabedoria da mente, que age no intuito de preservar nossa vida, mostrando que somente os mortos jazem tombados, sem a\u00e7\u00e3o. Se vivos, temos muito a fazer, e nada ou ningu\u00e9m pode jogar por terra nossos anseios, sonhos e vontades. Eu sei disso! E como sei! J\u00e1 vivi muitas lutas! Tombei e levantei-me ainda mais pertinaz, confiante na minha capacidade de a\u00e7\u00e3o. \u00c9 fato que \u201cTem dias que a gente se sente\/ Como quem partiu ou morreu\u201d. <\/em>E estupefato e desnorteado pergunta-se:\u00a0 \u201cA gente estancou de repente\/ Ou foi o mundo ent\u00e3o que cresceu\u201d<\/em>. E indaga se vale a pena tanta peleja. Mas como vale! Nossos direitos somente ser\u00e3o conquistados na colis\u00e3o. Eles n\u00e3o nos dar\u00e3o de gra\u00e7a, pois somos o baluarte do capital selvagem e desenfreado que nos sufoca.<\/p>\nComo compreender que n\u00f3s, que constru\u00edmos diariamente esta na\u00e7\u00e3o, modelando a massa com nossas m\u00e3os calejadas, somos capazes de desmentir duas ci\u00eancias exatas: a matem\u00e1tica e a f\u00edsica que apregoam que, quanto maior \u00e9 o conjunto, mais forte e coeso ele se torna. Uma vara de marmelo \u00e9 f\u00e1cil de ser dobrada e quebrada, mas um feixe delas\u00a0 n\u00e3o se dobra e nem se quebra, a n\u00e3o ser sob a for\u00e7a bruta de possantes m\u00e1quinas. N\u00f3s, os oper\u00e1rios de m\u00e3os cheias de calosidades, respons\u00e1veis pelas mais diferentes fun\u00e7\u00f5es, somos a grande maioria do povo que constitui esta na\u00e7\u00e3o. Contudo, n\u00e3o passamos de servos dos donos do capital. Mas \u201cA gente quer ter voz ativa\/ No nosso destino mandar\/ Mas eis que chega a roda-viva\/ E carrega o destino para l\u00e1\u201d<\/em>. Precisamos ir em busca deste destino, onde quer que esteja. Ele \u00e9 nosso por direito. N\u00e3o podemos deix\u00e1-lo ser usurpado por quem apenas d\u00e1 as ordens.<\/p>\nDesde a descoberta deste pa\u00eds, chamado pelos \u00edndigenas de Pindorama (Terra das Palmeiras), e finalmente de Brasil, o povo humilde, composto por \u00edndios, negros, brancos e suas misturas raciais, tem se dobrado sob a m\u00e3o ferrenha do capital. \u00c9 fato que \u201cA gente vai contra a corrente\/ At\u00e9 n\u00e3o poder resistir\/ Na volta do barco \u00e9 que sente\/ O quanto deixou de cumprir\u201d<\/em>. Por mais que rememos contra as bravias torrentes, tantos outros de n\u00f3s dormitam em suas redes. E por isso deixamos nossa peleja inacabada, n\u00e3o por nossa vontade, mas por n\u00e3o contar com a for\u00e7a daqueles que julgaram desnecess\u00e1ria a participa\u00e7\u00e3o na luta. Eles nem se apercebem de que \u201cFaz tempo que a gente cultiva\/ A mais linda roseira que h\u00e1\/ Mas eis que chega a roda-viva\/ E carrega a roseira pra l\u00e1\u201d<\/em>. E todas as roseiras continuar\u00e3o a morrer, enquanto todos que vivem sob a ditadura dos capitalistas n\u00e3o se derem as m\u00e3os na batalha por uma mesma causa.<\/p>\nVivemos tempos tristes e enevoados em que \u201cA roda da saia, a mulata\/ N\u00e3o quer mais rodar, n\u00e3o senhor\u201d<\/em>, e o poeta diz \u201cN\u00e3o posso fazer serenata\u201d<\/em>, enquanto os sambistas apregoam que \u201cA roda de samba acabou\u201d<\/em>. E os artistas e intelectuais comprometidos com o destino sofrido do pov\u00e3o, servos do capitalismo selvagem, bradam: \u201cA gente toma a iniciativa\/ Viola na rua, a cantar\/ Mas eis que chega a roda-viva\/ E carrega a viola pra l\u00e1\u201d<\/em>. A viola \u00e9 o s\u00edmbolo da luta e da esperan\u00e7a. Ainda que seja atirada ao l\u00e9u pela roda-viva da prepot\u00eancia, do desprezo \u00e0s leis, do despotismo e da opress\u00e3o, n\u00f3s haveremos de resistir, at\u00e9 mesmo para dar sentido \u00e0 nossa pr\u00f3pria vida.<\/p>\nTemos conhecimento de que, desde que nosso Brasil foi encontrado, h\u00e1 mais de 500 anos atr\u00e1s, \u00a0nossos anseios por um pa\u00eds melhor, mais justo e mais humano v\u00eam sendo espezinhado. E que \u201cO samba, a viola, a roseira\/ Um dia a fogueira queimou\u201d<\/em>. E que essa mesma fogueira acesa pela vaidade dos poderosos continua a queim\u00e1-los. E a gente conclui que o fato de ter sonhado com um pa\u00eds melhor, onde todos possam viver com dignidade \u00a0\u201cFoi tudo ilus\u00e3o passageira\/ Que a brisa primeira levou\u201d<\/em>. Mas apesar de saber que \u201cNo peito a saudade cativa\/ Faz for\u00e7a pro tempo parar\/ Mas eis que chega a roda-viva\/ E carrega a saudade pra l\u00e1\u201d,<\/em> n\u00e3o podemos entregar os pontos. Precisamos lutar com indigna\u00e7\u00e3o contra essa roda-viva dos mesquinhos e agigantados que nos querem servis, cativos e sem voz, porque \u201cAmanh\u00e3 vai ser outro dia!\u201d.<\/p>\nObs.:<\/u> ou\u00e7am a m\u00fasica: RODA-VIVA<\/a><\/p>\nNota:<\/u> Oper\u00e1rios<\/em>, obra de Tarsila do Amaral<\/p>\nViews: 2<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho Roda mundo, roda gigante\/ Rodamoinho, roda pi\u00e3o\/ O tempo rodou num instante\/ Nas voltas do meu cora\u00e7\u00e3o. (Chico Buarque) Por mais que se anuncie a desgra\u00e7a, nossa mente minimiza-a, como uma forma de jogar-nos para frente, pois, enquanto se est\u00e1 vivo, a luta deve prosseguir. Bendita sabedoria da mente, que […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[41],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27722"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=27722"}],"version-history":[{"count":5,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27722\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47060,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27722\/revisions\/47060"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=27722"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=27722"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=27722"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}