{"id":27981,"date":"2016-06-06T01:08:07","date_gmt":"2016-06-06T04:08:07","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=27981"},"modified":"2022-08-14T23:25:03","modified_gmt":"2022-08-15T02:25:03","slug":"historiando-chico-buarque-e-gilberto-gil-calice","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/historiando-chico-buarque-e-gilberto-gil-calice\/","title":{"rendered":"Historiando Chico Buarque e Gilberto Gil \u2013 C\u00c1LICE"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
\n<\/strong><\/p>\n

\"calice\"<\/a><\/strong><\/p>\n

Pai, afasta de mim esse c\u00e1lice\/ Pai, afasta de mim esse c\u00e1lice\/ Pai, afasta de mim esse c\u00e1lice\/ De vinho tinto de sangue. (Chico Buarque e G. Gil)<\/em><\/strong><\/p>\n

Meu pobre pa\u00eds! Retalham-no, assim como fizeram com o m\u00e1rtir Tiradentes. S\u00e3o tempos de desvarios, cheios de cobi\u00e7a e \u00f3dio n\u00e3o mais latente. Os avaros e velhacos, dividem-no em nacos. E n\u00e3o satisfeitos, exigem mais, em nome do capital. Golpeiam sem piedade os direitos sociais de seu povo. E o faz descaradamente, essa corja astuciosa de malfeitores, ao perpetrar um crime hediondo de lesa-p\u00e1tria. Pai, \u201cComo beber dessa bebida amarga\/ Tragar a dor, engolir a labuta\/ Mesmo calada a boca, resta o peito\/ Sil\u00eancio na cidade n\u00e3o se escuta\u201d.<\/em><\/p>\n

As not\u00edcias de tais horrores espalham-se por toda parte, sangrando o cora\u00e7\u00e3o das gentes consternadas. Cada manchete \u00e9 um soco amargo no est\u00f4mago. Aos carrascos foi dado o poder de manejar a guilhotina e providenciar os saques. Aos estrangeiros \u00e9 prometida do butim a melhor parte. Prossegue em fr\u00eamito a pilhagem da p\u00e1tria m\u00e3e dilapidada. Toma rumo o desmonte da na\u00e7\u00e3o, nossa p\u00e1tria amada. \u00a0E eu me pergunto: \u201cDo que me vale ser filho da santa\/ Melhor seria ser filho da outra\u201d<\/em>, e ter \u201cOutra realidade menos morta<\/em>\u201d, pois o povo est\u00e1 inseguro diante de \u201cTanta mentira, tanta for\u00e7a bruta\u201d<\/em>. \u00a0Ser\u00e1 que algu\u00e9m me escuta?<\/p>\n

Pai, por favor, valha-nos! N\u00e3o sabe \u201cComo \u00e9 dif\u00edcil acordar calado\/ Se na calada da noite eu me dano\/ Quero lan\u00e7ar um grito desumano\/ Que \u00e9 uma maneira de ser escutado\u201d<\/em>. Aflito corro por todos os cantos, tentando ouvir o protesto dos inconformados. Mas, Pai, ainda s\u00e3o\u00a0 poucos os preocupados com o momento p\u00e9rfido que j\u00e1 se faz presente. E \u201cEsse sil\u00eancio todo me atordoa\/ Atordoado eu permane\u00e7o atento\/ Na arquibancada pra a qualquer momento\/ Ver emergir o monstro da lagoa\u201d<\/em>, a aberra\u00e7\u00e3o desta sangria desatada, que devora os direitos do povo a duras penas conquistados.<\/p>\n

Pai, diz a sabedoria popular que \u201cDe muito gorda, a porca j\u00e1 n\u00e3o anda\/ De muito usada, a faca j\u00e1 n\u00e3o corta\u201d<\/em>. Em assim sendo, se nossa for\u00e7a for calada, \u201cComo \u00e9 dif\u00edcil, pai, abrir a porta\u201d<\/em>. N\u00e3o sei mais como soltar \u201cEssa palavra presa na garganta\u201d<\/em>. Parece at\u00e9 que houve \u201c(Esse) um pileque hom\u00e9rico no mundo\u201d, <\/em>tamanha \u00e9 a insanidade. Eu sempre agi como cidad\u00e3o, mas \u201cDo que adianta ter boa vontade\u201d<\/em>, se uma s\u00facia apodera-se sem temor de nossos haveres e liberdade. Ainda que eu quisesse me omitir, Pai, seria imposs\u00edvel, pois \u201cMesmo calado o peito, resta a cuca\/ Dos b\u00eabados do centro da cidade\u201d<\/em>.<\/p>\n

\u00a0Pai, quanta raiva! \u201cTalvez o mundo n\u00e3o seja pequeno\/ N\u00e3o seja a vida um fato consumado\u201d<\/em>. E eu, que sempre quis ser boa gente, mudei de opini\u00e3o. Agora \u201cQuero inventar o meu pr\u00f3prio pecado\/ Quero morrer do meu pr\u00f3prio veneno\u201d<\/em>. Durante toda a minha vida, Pai, eu segui\u00a0 seus mandamentos, mas agora \u201cQuero perder de vez tua cabe\u00e7a\/ Minha cabe\u00e7a perder teu ju\u00edzo\u201d<\/em>, pois o meu c\u00e1lice j\u00e1 se encontra entornado. \u201cEu quero cheirar fuma\u00e7a de \u00f3leo diesel\/ Me embriagar at\u00e9 que algu\u00e9m me esque\u00e7a.\u201d<\/em>. E at\u00e9 que meu povo livre-se deste pesadelo.<\/p>\n

\u00a0Obs.:<\/u> Ou\u00e7am a m\u00fasica \u2013 C\u00c1LICE<\/a><\/p>\n

\u00a0Nota:<\/u> imagem copiada de jhonnascimento91.blogspot.com<\/a>\u00a0 <\/em><\/p>\n

Views: 17<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho Pai, afasta de mim esse c\u00e1lice\/ Pai, afasta de mim esse c\u00e1lice\/ Pai, afasta de mim esse c\u00e1lice\/ De vinho tinto de sangue. (Chico Buarque e G. Gil) Meu pobre pa\u00eds! Retalham-no, assim como fizeram com o m\u00e1rtir Tiradentes. S\u00e3o tempos de desvarios, cheios de cobi\u00e7a e \u00f3dio n\u00e3o mais […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[41],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27981"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=27981"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27981\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47101,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/27981\/revisions\/47101"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=27981"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=27981"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=27981"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}