{"id":28040,"date":"2016-06-17T00:54:20","date_gmt":"2016-06-17T03:54:20","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=28040"},"modified":"2022-08-14T23:18:56","modified_gmt":"2022-08-15T02:18:56","slug":"historiando-t-jobim-e-c-buarque-sabia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/historiando-t-jobim-e-c-buarque-sabia\/","title":{"rendered":"Historiando T. Jobim e C. Buarque \u2013 SABI\u00c1"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
\n<\/strong><\/p>\n

\"sabia\"<\/a><\/strong><\/p>\n

O jovem det\u00e9m-se silencioso no conv\u00e9s do navio. Sua terra afasta-se numa eleva\u00e7\u00e3o esverdeada. Seus olhos abra\u00e7am o azulado celeste do c\u00e9u. O navio singra em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 nova morada. O vento mistura seus pensamentos confusos, qual bando de mariposas no luzir do lampi\u00e3o. Nuvens \u00e1geis fazem sombreados no oceano, e l\u00e1grimas banham-lhe o rosto\u2026 Em v\u00e3o. O jovem, entre l\u00e1grimas, para si murmura: \u201cVou voltar\/ Sei que ainda vou voltar\/ Para o meu lugar\/ Foi l\u00e1 e \u00e9 ainda l\u00e1\/ Que eu hei de ouvir cantar\/ Uma sabi\u00e1\/ Cantar uma sabi\u00e1.\u201d<\/em>.<\/p>\n

O mar empina-se e entope-se de for\u00e7a bruta. Lan\u00e7a nos rochedos sua colcha de espumas que se refaz, altera-se e volta a tomar forma, tal como a vida que n\u00e3o para, apenas singra. As lembran\u00e7as de seu pa\u00eds rodopiam em sua mente. A voz do jovem continua a ressoar: \u201cVou voltar\/ Sei que ainda vou voltar\/ Vou deitar \u00e0 sombra de uma palmeira\/ Que j\u00e1 n\u00e3o h\u00e1\/ Colher a flor\/ Que j\u00e1 n\u00e3o d\u00e1\/ E algum amor possa espantar\/ As noites que eu n\u00e3o queria\/ E anunciar o dia.\u201d.<\/em><\/p>\n

A luz do sol h\u00e1 muito se dissipou no horizonte. O jovem agora \u00e9 banhado pelos finos raios da lua. O timoneiro segue guiando a nave pra longe. As lembran\u00e7as do expatriado n\u00e3o mais navegam… Flutuam. Ele repete, agora em voz alta: \u201cVou voltar\/ Sei que ainda vou voltar\/ N\u00e3o vai ser em v\u00e3o\/ Que fiz tantos planos\/ De me enganar\/ Como fiz enganos de me encontrar\/ Como fiz estradas\/ De me perder\/ Fiz de tudo e nada\/ De te esquecer.\u201d. <\/em>Eu te amo, meu Brasil!<\/p>\n

Estrelas enviam ao mo\u00e7o exilado abra\u00e7os em c\u00f3digo Morse. Dizem-lhe que tudo na vida \u00e9 impermanente, e aquilo que ora o atormenta e machuca, um dia, com certeza, n\u00e3o se far\u00e1 mais presente. O alumiado do navio expele reflexos t\u00eanues, deixando nas \u00e1guas do oceano marcas sutis. O pranto do\u00eddo do jovem esvai-se pelos ares, cheio de saudades de seu povo e de seu pa\u00eds que tristemente ele vai deixando para tr\u00e1s.<\/p>\n

Uma brisa marinha traz de volta o murmulho do expatriado, transformando-o em notas musicais. Nas praias de seu pa\u00eds, os que ali se encontram, ouvem, em forma de can\u00e7\u00e3o, o juramento do mo\u00e7o infeliz: \u201cVou voltar\/ Sei que ainda vou voltar\/ Para o meu lugar\/ Foi l\u00e1 e \u00e9 ainda l\u00e1\/ Que eu hei de ouvir cantar\/ Uma sabi\u00e1\/ Cantar uma sabi\u00e1.\u201d<\/em>.<\/p>\n

E todos tiveram a certeza de que ele cumpriria sua palavra.<\/p>\n

Obs.:<\/span> Clique no link para ouvir a m\u00fasica: SABI\u00c1<\/a><\/p>\n

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Autoria de Lu Dias Carvalho O jovem det\u00e9m-se silencioso no conv\u00e9s do navio. Sua terra afasta-se numa eleva\u00e7\u00e3o esverdeada. Seus olhos abra\u00e7am o azulado celeste do c\u00e9u. O navio singra em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 nova morada. O vento mistura seus pensamentos confusos, qual bando de mariposas no luzir do lampi\u00e3o. Nuvens \u00e1geis fazem sombreados no oceano, […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[41],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28040"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=28040"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28040\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47089,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28040\/revisions\/47089"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=28040"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=28040"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=28040"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}