<\/a>
\n<\/b><\/p>\nSinto o avi\u00e3o desacelerando devagar. Neste instante, uma voz ecoa no sistema de autofalante da aeronave:<\/p>\n
\u00a0– Aten\u00e7\u00e3o senhores passageiros, aqui \u00e9 o comandante para inform\u00e1-los que j\u00e1 iniciamos o procedimento de descida para o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, com estimativa de pouso para as 12h33min, hora local. O tempo em Manaus est\u00e1 bom, com poucas nuvens e a temperatura local \u00e9 de 38\u00baC no momento.<\/i><\/p>\n
Olho para o meu rel\u00f3gio de pulso e come\u00e7o ajust\u00e1-lo para o novo fuso hor\u00e1rio de Manaus, voltando no tempo 2 horas, pois est\u00e1 em vigor o hor\u00e1rio de ver\u00e3o.\u00a0 A seguir, olho pela janela do grande p\u00e1ssaro de a\u00e7o. S\u00f3 vejo nuvens embaixo de um c\u00e9u de brigadeiro, iluminado pelo sol do meio dia. Distraidamente, folheio uma revista de bordo e encontro um excelente artigo sobre Manaus, seus pontos tur\u00edsticos, o Rio Mar, seu povo, sua cultura e suas ind\u00fastrias. Volto a olhar pela pequena janela e n\u00e3o h\u00e1 mais nuvens, somente um belo e imenso mar verde, entrecortado por rios de todos os tamanhos, serpenteantes num imenso mar verde. E, \u00e0 medida que descemos, as \u00e1rvores v\u00e3o se tornando maiores, mais exuberantes. De repente o avi\u00e3o balan\u00e7a fortemente. As luzes de alerta do teto piscam e o alerta sonoro soa.<\/p>\n
– Apertem os cintos! <\/i><\/p>\n
A voz firme da comiss\u00e1ria de bordo avisa que estamos atravessando uma \u00e1rea de turbul\u00eancia. Mas, felizmente dura pouco e o desconforto causado pela turbul\u00eancia logo passa. J\u00e1 se passaram 20 minutos do aviso do comandante. Volto a olhar para a mata novamente e, logo \u00e0 frente, j\u00e1 consigo avistar Manaus.<\/p>\n
N\u00e3o sei bem o porqu\u00ea, mas toda vez que me aproximo de Manaus, lembro-me de um ditado popular da\u00a0 regi\u00e3o: \u201c Quem bebe a \u00e1gua do Rio Negro, come o peixe Jaraqui, n\u00e3o sai\u00a0 mais\u00a0 daqui!<\/i>\u201d.<\/p>\n
\u00a0 N\u00e3o tomar a \u00e1gua do Rio Negro constitui uma hip\u00f3tese improv\u00e1vel porque \u00e9 o manancial utilizado para o sistema de tratamento e abastecimento da capital, sendo captada desse importante e emblem\u00e1tico rio. J\u00e1 comer o Jaraqui, um peixe muito abundante na regi\u00e3o e de bom paladar, nunca deixarei essa iguaria de lado. Ir a Manaus e n\u00e3o comer peixe com pir\u00e3o feito com a farinha local \u00e9 como ir a Roma e n\u00e3o ver o Papa. Talvez essa seja a raz\u00e3o de eu ter viajado tantas vezes a Manaus!<\/p>\n
O dia seguinte da minha chegada \u00e0 cidade era um s\u00e1bado que amanheceu magn\u00edfico. Acordei \u00e0s 6 horas, tomei banho, vesti-me e tomei caf\u00e9. Logo chegaram os amigos para um passeio de barco, partindo do cais do Hotel Tropical de Manaus. Barco lotado. Turistas de v\u00e1rias partes do mundo. Torre da Babel a bordo. Na proa, um guia tur\u00edstico ia explicando a origem e as caracter\u00edsticas de\u00a0 cada ponto de interesse que\u00a0 podia ser avistado nas margens do rio.<\/p>\n
– Est\u00e3o vendo aquela marca naquele barranco \u00e0\u00a0 esquerda<\/i> \u2013 dizia o guia \u2013 \u00e9 a marca deixada pela \u00faltima enchente, mais de 20 metros! Mais adiante, o pr\u00e9dio da primeira cervejaria da regi\u00e3o!<\/i><\/p>\n
Neste momento, avisto um ponto de capta\u00e7\u00e3o de \u00e1gua para tratamento e distribui\u00e7\u00e3o na cidade e comento com o guia a t\u00e3o falada pureza da \u00e1gua do Rio Negro,\u00a0 que necessita de\u00a0 pouca adi\u00e7\u00e3o de produtos qu\u00edmicos e decanta\u00e7\u00e3o. Mas o guia corrige o meu coment\u00e1rio. Necessitava, pois, infelizmente, j\u00e1 se constata a eleva\u00e7\u00e3o de contaminantes qu\u00edmicos e org\u00e2nicos em alguns pontos do rio.<\/p>\n
O barco continua avan\u00e7ando rio acima, passa sob uma moderna e bonita ponte. O calor \u00e9 forte, obrigando-nos a tomar muito l\u00edquido. Uma turista chinesa, sentada \u00e0 minha frente dorme, est\u00e1 quase caindo da cadeira, vencida pelo calor. Mas de repente, come\u00e7amos avistar \u00e0 frente, alem das \u00e1guas escuras do Rio Negro, as \u00e1guas pardas do Rio Solim\u00f5es. Botos aparecem aqui e acol\u00e1, dando boas vindas ao fen\u00f4meno do encontro das \u00e1guas. \u00c9 o Rio Amazonas nascendo, formando-se, em seu destino de rio mar. Neste instante, de posse do seu potente microfone, o guia explica:<\/p>\n
\u00a0– As \u00e1guas n\u00e3o se misturam por quil\u00f4metros! Os estudiosos do assunto relatam tr\u00eas motivos para que isso n\u00e3o ocorra: a velocidade das correntezas, a diferen\u00e7a de temperatura e de acidez das \u00e1guas dos rios.<\/i><\/p>\n
Permanecemos cerca de meia hora, observando o fen\u00f4meno da Natureza, com os botos nos homenageando e circulando junto ao barco. No c\u00e9u avistam-se revoadas de p\u00e1ssaros, bandos de araras Canind\u00e9, tucanos… Puro deleite junto \u00e0 Natureza.<\/p>\n
O barco parte calmamente. Cansados e famintos, avan\u00e7amos por mais meia hora rio acima e paramos para almo\u00e7ar \u00e0 moda\u00a0 dos ribeirinhos, num\u00a0 restaurante flutuante \u00e0 margem do rio. Descanso necess\u00e1rio para podermos enfrentar a caminhada logo mais, a seguir por uma trilha, selva adentro.<\/p>\n
Refer\u00eancias: <\/span><\/p>\n(1)\u00a0\u00a0 http:\/\/sustainabledevelopment.un.org\/ – UNITED NATIONS
\n(2)\u00a0\u00a0 INPA \u2013 Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz\u00f4nia<\/p>\n
Nota:<\/span> Foto do autor, junto \u00e0 maior folha do mundo da planta Coccoloba da regi\u00e3o Amaz\u00f4nica.<\/p>\nViews: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Beto Pimentel Sinto o avi\u00e3o desacelerando devagar. Neste instante, uma voz ecoa no sistema de autofalante da aeronave: \u00a0– Aten\u00e7\u00e3o senhores passageiros, aqui \u00e9 o comandante para inform\u00e1-los que j\u00e1 iniciamos o procedimento de descida para o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, com estimativa de pouso para as 12h33min, hora local. O […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[15],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2806"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2806"}],"version-history":[{"count":5,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2806\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":22928,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2806\/revisions\/22928"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2806"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2806"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2806"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}