A Primeira Missa no Brasil<\/em> retrata um momento da hist\u00f3ria brasileira, que acontecera 360 anos antes de a obra ser executada em Paris, onde o pintor encontrava-se em estudos. Maior triunfo para Meirelles foi o fato de esta pintura ter sido aceita para figurar no importante Salon de Paris,\u00a0 o que aumentou significativamente a sua import\u00e2ncia e fama no Brasil, com pareceres favor\u00e1veis, mas tamb\u00e9m contr\u00e1rios ao quadro. N\u00e3o se falava de outra coisa, \u00e0 \u00e9poca.<\/p>\nPara compor sua narrativa, Victor Meirelles, sob o incentivo do poeta e pintor Manuel de Ara\u00fajo Porto- Alegre, fez um estudo minucioso da carta de Pero Vaz de Caminha, de onde retirou a narrativa visual representada em sua composi\u00e7\u00e3o. Inclusive, estudou detalhadamente a vegeta\u00e7\u00e3o, o tipo f\u00edsico dos \u00edndios e a indument\u00e1ria usada por eles.<\/p>\n
Aos p\u00e9s da cruz de madeira e diante do altar est\u00e1 o frei Henrique de Coimbra, paramentado com uma vestimenta branca. Ele eleva um c\u00e1lice em dire\u00e7\u00e3o ao madeiro. Ajoelhado atr\u00e1s dele encontra-se um franciscano, servindo de ac\u00f3lito, que segura o paramento dourado do frei, para que n\u00e3o toque o ch\u00e3o. Os dois destacam-se do restante do quadro, sobretudo pela forte luz dourada que sobre eles incide e, que tamb\u00e9m ilumina o grupo composto por fidalgos e a guarni\u00e7\u00e3o da armada portuguesa, ajoelhados, e os objetos que se encontram ao redor.<\/p>\n
\u00c0 esquerda v\u00ea-se outro grupo formado por religiosos franciscanos, estando dois deles bem iluminados, e os servi\u00e7ais da expedi\u00e7\u00e3o portuguesa. Um dos frades encontra-se prostrado no ch\u00e3o. No meio da cena h\u00e1 um espa\u00e7o, onde se encontra uma arca, sobre a qual est\u00e1 escorado um crucifixo, e outros objetos necess\u00e1rios \u00e0 realiza\u00e7\u00e3o do of\u00edcio. Este vazio deixado pelo pintor tem tamb\u00e9m o objetivo de destacar as figuras humanas centrais, assim como o altar, confirmando a submiss\u00e3o das gentes portuguesas \u00e0 religi\u00e3o crist\u00e3.<\/p>\n
Ao redor do grupo principal est\u00e3o os \u00edndios, nas mais diferentes posi\u00e7\u00f5es: de p\u00e9, trepados em \u00e1rvores, sentados ou deitados no ch\u00e3o, acompanhando, curiosos, a encena\u00e7\u00e3o religiosa. \u00c0 esquerda, num plano mais baixo, um grupo liderado por um \u00edndio de cocar, que traz os bra\u00e7os abertos, parece deixar a cena, embora a acompanhe com o olhar. Atr\u00e1s deste grupo, um pouco mais distante, um segundo grupo emerge da selva, com os bra\u00e7os para cima, indicativo de surpresa. Os \u00edndios acorrem para ver o que est\u00e1 se passando.<\/p>\n
Em primeiro plano, um \u00edndio idoso, com a m\u00e3o no ombro de uma jovem \u00edndia, que usa uma tanga de penas brancas,\u00a0 parece explicar o que est\u00e1 acontecendo, ao indicar o grupo central. \u00c0 direita, na parte inferior da tela, a figura de um \u00edndio, usando cocar e tanga e segurando uma lan\u00e7a, est\u00e1 de costas para o que acontece no centro da composi\u00e7\u00e3o. \u00c0 frente dele, outro \u00edndio, tamb\u00e9m usando cocar e tanga, aponta o acontecimento para sua companheira, que segura o filhinho. Dois outros \u00edndios encontram-se numa grande \u00e1rvore, sendo que um deles acompanha atentamente a cerim\u00f4nia central.<\/p>\n
O c\u00e9u azul est\u00e1 separado da terra pela linha do horizonte mais ao longe. Predominam na tela as cores preta e ocres, assim como os tons terrosos mais escuros. As montanhas s\u00e3o delineadas em tons de cinza e a vegeta\u00e7\u00e3o traz muitos tons de verde. O olhar do observador \u00e9 direcionado para o madeiro, que quase toca a margem superior da tela. \u00c9 como se ele, observador, se encontrasse atr\u00e1s dos \u00edndios, presenciando o of\u00edcio.<\/p>\n
Segundo o escritor e historiador de arte Rafael Cardoso, \u201cEntre esbo\u00e7os e palpites, idas e vindas de estudos e correspond\u00eancias, o tempo decorrido entre a primeira ideia do quadro e sua vers\u00e3o definitiva foi superior a tr\u00eas anos.\u201d. Esta obra consagrou Victor Meirelles como um importante pintor hist\u00f3rico da pintura brasileira.<\/p>\n
Ficha t\u00e9cnica
\n<\/u>Ano: c. 1860
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
\nDimens\u00f5es: 268 x 356 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil<\/p>\n
Fonte de pesquisa
\n<\/u>A arte brasileira em 25 quadros\/ Rafael Cardoso
\nhttps:\/\/www.escritoriodearte.com\/artista\/victor-meirelles\/<\/p>\n
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Autoria de Lu Dias Carvalho […] os selvagens (tribo Tupiniquim) correram em grande n\u00famero ao lugar da solenidade, e ali mostravam dar grande aten\u00e7\u00e3o \u00e0 cerim\u00f4nia sagrada, fazendo-se notar entre eles um velho, que parecia compreender e explicar aos outros a santidade daquele ator. (Trecho da carta de Pero Vaz de Caminha) \u00a0A Primeira Missa […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[28],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28131"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=28131"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28131\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":48811,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28131\/revisions\/48811"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=28131"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=28131"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=28131"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}