{"id":28481,"date":"2016-07-05T00:11:39","date_gmt":"2016-07-05T03:11:39","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=28481"},"modified":"2022-08-14T23:27:48","modified_gmt":"2022-08-15T02:27:48","slug":"historiando-c-buarque-e-e-lobo-ode-aos-ratos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/historiando-c-buarque-e-e-lobo-ode-aos-ratos\/","title":{"rendered":"Historiando C. Buarque e E. Lobo \u2013 ODE AOS RATOS"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
\n<\/strong><\/p>\n

\"rato\"<\/a><\/p>\n

O homem assentou-se no banquinho da pra\u00e7a, buscando calor, naquela manh\u00e3 fria de inverno. Encostou a cabe\u00e7a no espaldar do banco, voltando o rosto para cima, em busca dos raios solares. N\u00e3o demorou muito para que sentisse algo macio ro\u00e7ando seus p\u00e9s. Imaginou que fosse algum c\u00e3ozinho de madama. Mas a tentativa de subir-lhe pelas pernas, passando pela boca da cal\u00e7a, alertou-o para que descobrisse qual seria aquele ser t\u00e3o audacioso. Era um \u201cRato de rua\/ Irrequieta criatura\/ Tribo em fren\u00e9tica\/ Prolifera\u00e7\u00e3o\/ L\u00fabrico, libidinoso\/ Transeunte\/ Boca de est\u00f4mago\/ Atr\u00e1s do seu quinh\u00e3o\u201d<\/em>. Tomado pelo asco, ele sacudiu as pernas longas, botando o atrevido invasor em fuga.<\/p>\n

Voltando \u00e0 posi\u00e7\u00e3o de antes, o homem lembrou-se dos artigos, que lera na internet naquela manh\u00e3, sobre os \u201cratos do er\u00e1rio p\u00fablico\u201d. E p\u00f4s-se a fazer compara\u00e7\u00e3o entre os ratos humanos e os ratos bichos. Todos eles \u2013 pensou – \u201cV\u00e3o aos magotes\/ A dar com um pau\/ Levando terror\/ Do parking ao living\/ Do shopping center ao l\u00e9u\/ Do cano de esgoto\/ Pro topo do arranha-c\u00e9u\u201d<\/em>. Os segundos s\u00e3o guiados pelo instinto com que os dotou a natureza. Os primeiros, no entanto, s\u00e3o p\u00e9rfidos, cru\u00e9is, pois maquinam e pactuam com seus iguais. Est\u00e3o em todos os lugares, onde possam surrupiar aquilo que jamais lhes pertenceu. Vivem no esgoto da velhacaria, embora habitem luxuosas mans\u00f5es ou belos arranha-c\u00e9us, indiferentes ao destino da na\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

O \u201cRato de rua\/ Abor\u00edgene do lodo\/ Fu\u00e7a gelada\/ Coura\u00e7a de sab\u00e3o\/ Quase risonho\/ Profanador de tumba\/ Sobrevivente\/ \u00c0 chacina e \u00e0 lei do c\u00e3o\u201d<\/em>. O rato do er\u00e1rio, sempre risonho, \u00e9 um abor\u00edgene da cobi\u00e7a, profanador da legalidade, fruto da falta de justi\u00e7a, que submete seu pa\u00eds \u00e0 lei do c\u00e3o. Cada um deles \u00e9 \u201cSaqueador\/ Da metr\u00f3pole\/ Tenaz roedor\/ De toda esperan\u00e7a\/ Estuporador da ilus\u00e3o\/ \u00d3 meu semelhante\/ Filho de Deus, meu irm\u00e3o\u201d<\/em>.<\/p>\n

O calor do sol foi se tornando mais intenso \u00e0 medida que a manh\u00e3 ia sendo deixada para tr\u00e1s. Ratos quadr\u00fapedes corriam ligeiros pela pra\u00e7a, enquanto os b\u00edpedes tramavam em ambientes atapetados. E o homem, de volta para casa, seguiu murmurando estupefato acerca de seu parentesco com o rato, qualquer que fosse ele: \u201c\u00d3 meu semelhante\/ Filho de Deus, meu irm\u00e3o\u201d.<\/em><\/p>\n

Obs.:<\/u> ou\u00e7a a m\u00fasica ODE AOS RATOS<\/a><\/p>\n

Nota:<\/u> imagem copiada de ratomfelix.blogspot.com<\/p>\n

Views: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho O homem assentou-se no banquinho da pra\u00e7a, buscando calor, naquela manh\u00e3 fria de inverno. Encostou a cabe\u00e7a no espaldar do banco, voltando o rosto para cima, em busca dos raios solares. N\u00e3o demorou muito para que sentisse algo macio ro\u00e7ando seus p\u00e9s. Imaginou que fosse algum c\u00e3ozinho de madama. Mas […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[41],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28481"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=28481"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28481\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47106,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28481\/revisions\/47106"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=28481"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=28481"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=28481"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}