{"id":28728,"date":"2016-08-25T00:00:32","date_gmt":"2016-08-25T03:00:32","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=28728"},"modified":"2022-08-15T21:38:53","modified_gmt":"2022-08-16T00:38:53","slug":"pintores-brasileiros-alberto-da-veiga-guignard","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/pintores-brasileiros-alberto-da-veiga-guignard\/","title":{"rendered":"Pintores Brasileiros \u2013 ALBERTO DA VEIGA GUIGNARD"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
\n<\/strong><\/p>\n

\u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 \"alvegu\"<\/a>\u00a0\u00a0 \"alvegu1\"<\/a><\/strong><\/p>\n

Eterna crian\u00e7a grande, Guignard conservou a ingenuidade, o lirismo e a frescura da inf\u00e2ncia, como se a vida e o tempo tivessem por ele passado impunemente, deixando-o intacto. (L\u00facia Machado de Almeida)<\/em><\/strong><\/p>\n

\u00a0Guignard sempre pintou o que estava perto, a realidade ao seu redor. Pintou os frutos sobre a mesa, as flores junto \u00e0 janela, retratou amigos e visitantes, pintou os instrumentos de trabalho no ateli\u00ea, a m\u00fasica que ouvia, desenhou a mesa do bar que frequentava e, nos card\u00e1pios dos restaurantes, pintou a paisagem. Em Itatiaia pintou a serra e o vale, em Ouro Preto, a montanha e o casario. Mais: transformou essa mesma realidade. (Frederico Morais)<\/em><\/strong><\/p>\n

Guignard vale-se de um desenho insinuante e gr\u00e1cil, que possui import\u00e2ncia ascendente em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 cor, aplicada com leves dosagens ao suporte. (…) Ele se caracterizou, sobretudo, como paisagista, estimulado por alguns s\u00edtios e regi\u00f5es, desde os seus primeiros tempos de retorno ao Rio, quando pintou quadros representando o Jardim Bot\u00e2nico. Salientam-se bem mais tarde ternas vistas com perspectiva a\u00e9rea das cidades barrocas mineiras, envoltas num v\u00e9u de fantasia. Os bal\u00f5es da noite junina apoderam-se do c\u00e9u atr\u00e1s das montanhas. Com sua linha de alta precis\u00e3o e seus tons nuan\u00e7ados, valeu-se sempre de apurado senso decorativo. (Walter Zanini)<\/em><\/strong><\/p>\n

O pintor, professor, desenhista, ilustrador e gravador brasileiro Alberto da Veiga Guignard<\/em> (1896-1962) nasceu na cidade de Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. O beb\u00ea Guignard nasceu com l\u00e1bio leporino, o que trouxe grandes preocupa\u00e7\u00f5es para seus pais. Quando ainda era crian\u00e7a perdeu o pai, vindo a m\u00e3e a contrair novas n\u00fapcias com certo alem\u00e3o, bem mais jovem do que ela, que ostentava o t\u00edtulo de bar\u00e3o, embora sem dinheiro. A fam\u00edlia mudou-se para a Alemanha, quando Guignard contava com onze anos de idade. Ele permaneceu na Europa at\u00e9 os 33 anos. Segundo Frederico Morais, \u201cGuignard provinha de uma fam\u00edlia abastada, tendo tido uma inf\u00e2ncia e juventude bem tranquilas financeiramente falando, por\u00e9m, ao retornar ao Brasil passou a viver sempre sozinho e com seus parcos recursos, morou, de in\u00edcio, em quartos e pens\u00f5es, nunca permanecendo muito tempo em nenhum deles.\u201d.<\/p>\n

A fenda no palato do artista trouxe-lhe, ao longo da vida, grandes sofrimentos. Por n\u00e3o ter passado por uma cirurgia eficiente, ao comer, Guignard via certos alimentos serem expelidos pelas narinas, sem falar no corrimento nasal que o acompanhava permanentemente. Ele jamais escondeu essa defici\u00eancia, tanto \u00e9 que ela aparece nos seus autorretratos. Ao retrat\u00e1-la em algumas figuras de Cristo (ver pintura acima) e noutras pinturas religiosas, era como se comparasse o sofrimento desses com o seu.<\/p>\n

Guignard teve uma boa forma\u00e7\u00e3o, estudando na Academia de Belas-Artes de Munique, na Alemanha, e na Academia de Belas-Artes de Floren\u00e7a, na It\u00e1lia. Teve como mestres dois nomes importantes: Herman Groeber e Adolf Engeler. Ao retornar ao Brasil, na d\u00e9cada de 20, tendo conclu\u00eddo seu aprendizado t\u00e9cnico na Europa, foi morar na cidade do Rio de Janeiro, que pintou em muitas de suas obras. Tornou-se um nome importante ao lado de Candido Portinari, Ismael Nery e C\u00edcero Dias. Em 1944, o artista foi convidado pelo prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, para criar um curso de desenho e pintura no rec\u00e9m-criado Instituto de Belas-Artes. Foi amor \u00e0 primeira vista pela cidade, para onde mudou e adotou como sua.<\/p>\n

O pintor tinha fascina\u00e7\u00e3o pelas montanhas de Minas Gerais, pelo seu c\u00e9u e cores, que in\u00fameras vezes retratou em suas paisagens, e pela gente mineira. Teve um grande peso na forma\u00e7\u00e3o de novos artistas, ao cortar os la\u00e7os com a linguagem acad\u00eamica, ajudando a firmar o modernismo nas artes pl\u00e1sticas do estado mineiro. Segundo o escritor Ol\u00edvio Tavares de Ara\u00fajo, em \u201cA Poesia Intacta\u201d, \u201c\u00c9 poss\u00edvel que, sem o retorno ao Brasil e sem a posterior mudan\u00e7a para Minas Gerais, a obra de Guignard n\u00e3o tivesse chegado \u00e0s alturas que chegou.\u201d, com sua pintura repleta de poesia. O artista tamb\u00e9m gostava de aformosear sua pintura, como relata a historiador da arte Rodrigo Naves: \u201cEm sua pintura, o decorativo est\u00e1 presente nos retratos, nos arranjos florais, nas estampas das roupas e em toda ornamenta\u00e7\u00e3o em torno de seus modelos femininos, al\u00e9m de tetos, pain\u00e9is, m\u00f3veis e objetos que pintou.\u201d.<\/p>\n

Guignard expandiu sua arte para todos os g\u00eaneros da pintura. Pintou paisagens, retratos, naturezas-mortas, pinturas de g\u00eanero e pintura religiosa, assim como temas aleg\u00f3ricos. Foi aquilo que se pode chamar \u201cum artista completo\u201d. Muitas vezes, empregava dois g\u00eaneros diferentes numa mesma obra, a exemplo de naturezas-mortas com paisagem em segundo plano. Alguns cr\u00edticos de sua obra consideram que foi no g\u00eanero do retrato que ele foi mais fecundante e, que perfazem a maior parte de sua cria\u00e7\u00e3o. Foi nesse g\u00eanero que recebeu, em 1940, o pr\u00eamio de viagem ao pa\u00eds, com a obra \u201cAs G\u00eameas\u201d. A tela retrata duas irm\u00e3s g\u00eameas, sentadas num sof\u00e1 e, como n\u00e3o poderia deixar de ser, uma paisagem ao fundo, representando o bairro carioca de Laranjeiras.<\/p>\n

Alberto da Veiga Guignard morreu em 1962, aos 66 anos de idade, tendo sido enterrado na Igreja de S\u00e3o Francisco de Assis, em Ouro Preto. Numa homenagem ao grande artista, a Escola Guignard<\/a>, na capital mineira, leva o seu nome.<\/p>\n

Nota:<\/u> 1. autorretrato do artista; 2. Cristo<\/em>, 1950, Cole\u00e7\u00e3o M\u00e1rio Sil\u00e9sio<\/p>\n

Fontes de pesquisa
\n<\/u>Brazialian Art VII
\nhttps:\/\/www.escritoriodearte.com\/artista\/alberto-da-veiga-guignard\/<\/p>\n

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