{"id":28734,"date":"2016-09-01T01:39:57","date_gmt":"2016-09-01T04:39:57","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=28734"},"modified":"2016-09-01T22:56:25","modified_gmt":"2016-09-02T01:56:25","slug":"guignard-sua-arte-e-a-cor","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/guignard-sua-arte-e-a-cor\/","title":{"rendered":"Guignard – SUA ARTE E A COR"},"content":{"rendered":"

Autoria do Prof. Pierre Santos<\/strong><\/p>\n

\"suareaco\"<\/a><\/p>\n

Fiz um trabalho sobre a arte em Belo Horizonte, desde a instala\u00e7\u00e3o da Capital at\u00e9 Guignard <\/em>e os seus alunos imediatos, mas parei por a\u00ed. Tamb\u00e9m lecionei durante muitos anos na Escola de Belas-Artes e a minha primeira aula, a cada semestre, era sobre o artista, para que os alunos conhecessem a dimens\u00e3o e a import\u00e2ncia de sua obra.<\/p>\n

\u00a0A primeira vez que fui com Guignard<\/em> a Ouro Preto, ele me levou \u00e0 igreja de S\u00e3o Francisco de Paula. \u201cOlha essa vista!<\/em>\u201d. Ent\u00e3o desceu comigo, fomos para frente da igreja de Nossa Senhora do Pilar. O interessante em Guignard <\/em>era o seguinte: escolhia o lugar e pintava v\u00e1rios quadros. Outro dia sa\u00eda a p\u00e9, sem o cavalete, sem nada. Ia procurar novos rumos, outras refer\u00eancias paisag\u00edsticas. Ele sempre achava o que queria.<\/p>\n

Guignard<\/em> falava assim: \u201cTem uma Ouro Preto que ningu\u00e9m jamais viu.<\/em>\u201d. Fiz v\u00e1rias viagens a Ouro Preto com ele. Geralmente nos hosped\u00e1vamos no Hotel Toffolo. Quando ele ia sozinho, ficava na casa de amigos como a de The\u00f3dulo Pereira ou a da Lili Corr\u00eaa de Ara\u00fajo, o Pouso Chico Rey. Ele despertava um encantamento, exercia um fasc\u00ednio sobre intelectuais e alguns segmentos da sociedade. Mas ningu\u00e9m vendia arte no Brasil, muito menos Guignard<\/em>. O Di Cavalcanti, com uma obra fant\u00e1stica, morreu 10 anos depois dele, praticamente na mis\u00e9ria. Ele gostava muito do Jefferson Lodi, do Wilde Lacerda, do Vicente Abreu.<\/p>\n

Os pintores brasileiros de que muito falava eram Cl\u00f3vis Graciano e Di Cavalcanti. Do Portinari ele nunca me falou. Tenho a impress\u00e3o de que achava o seu jeito de fazer arte, meio acad\u00eamico, meio preso. Ele ouvia muita m\u00fasica enquanto pintava. Adorava Mozart e Brahms. Tamb\u00e9m me lembro de Guignard<\/em> solfejando alguma coisa de m\u00fasica popular. Tinha uma m\u00fasica que cantava de vez em quando: \u201cSe a noite for chegando… eu me perdi no deserto…<\/em>\u201d Era mais ou menos assim: \u201cSabi\u00e1 laranjeira, ou\u00e7o o teu cantar bem perto…<\/em>\u201d \u00c9 uma m\u00fasica antiqu\u00edssima, folcl\u00f3rica.<\/p>\n

A arte de Guignard<\/em> perdeu um tanto da cor, da tinta que ele punha. Sua pincelada foi ficando cada vez mais rala, mas era um efeito proposital. Todo mundo achava que ele estava poupando tinta. O Roberto Marinho soube disso e mandou para ele toneladas de tintas, das v\u00e1rias marcas que utilizava para pintar. Ele gostava muito da tinta Laurrilt, que era francesa. Mesmo assim, Guignard<\/em> continuou a pintar dessa forma at\u00e9 o fim da vida. E a sua arte ganhou em dramaticidade, embora tenha perdido um pouco o impacto da cor. Ficou muito dram\u00e1tica, claro e escuro como as paisagens de Ouro Preto. Os \u00faltimos autorretratos s\u00e3o tr\u00e1gicos. Ele estava sentido a aproxima\u00e7\u00e3o da morte, coisa impressionante.<\/p>\n

Obs.:<\/u> Ou\u00e7a a m\u00fasica Sabi\u00e1 Laranjeira<\/em>, autoria de D\u00e9rcio Marques:<\/p>\n

\u00a0https:\/\/www.ouvirmusica.com.br\/dercio-marques\/1902336\/<\/p>\n

Nota:<\/u> Floresta Tropical<\/em> [Entardecer], Alberto da Veiga Guignard (1938), obra destru\u00edda em inc\u00eandio, agosto de 2012, pertencia ao marchand e colecionador Jean Boghici.<\/p>\n

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