{"id":28753,"date":"2016-08-31T01:00:04","date_gmt":"2016-08-31T04:00:04","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=28753"},"modified":"2022-08-15T21:35:13","modified_gmt":"2022-08-16T00:35:13","slug":"guignard-as-paisagens-e-as-igrejas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/guignard-as-paisagens-e-as-igrejas\/","title":{"rendered":"Guignard \u2013 AS PAISAGENS E AS IGREJAS"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
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\"aspaeai\"<\/a><\/p>\n

\"aspaeai1\"<\/a> \u00a0 \"aspaeai4\"<\/a> \u00a0 \"aspaeai2\"<\/a> \u00a0 \"aspaeai3\"<\/a><\/p>\n

Guignard, quando esteve em Ouro Preto pela primeira vez, ficou embasbacado. Isso foi em 1942. Ele havia ganhado o Pr\u00eamio do Sal\u00e3o Nacional, no Rio de Janeiro, e veio conhecer Minas. Foi o poeta Manuel Bandeira que o aconselhou: \u201cV\u00e1 pra Minas que tem tudo a ver com voc\u00ea.\u201d M\u00e1rio Sil\u00e9sio conta que eles chegaram \u00e0 noite em Ouro Preto, ap\u00f3s o dia inteiro de viagem. Guignard, cansado, n\u00e3o quis ver nada e foi dormir. No dia seguinte, acordou cedo e n\u00e3o sabia dizer uma palavra, maravilhado com o que via. Ent\u00e3o exclamou: \u201c\u00c9 isso que eu procurei a vida inteira. Eu quero viver \u00e9 aqui!\u201d. (Prof. Pierre Santos)<\/em><\/strong><\/p>\n

Eterna crian\u00e7a grande, Guignard conservou a ingenuidade, o lirismo e e a frescura da inf\u00e2ncia, como se a vida e o tempo por ele tivessem passado impunemente, deixando-o intato. Ningu\u00e9m como Guignard […] para nos p\u00f4r em \u201cestado de gra\u00e7a\u201d diante de um punhado de flores l\u00edricas, ou de colinas suaves, que lembram paisagens japonesas. Suas \u00e1rvores explodem no ar como fogos de artif\u00edcios, e seus bosques fazem nossa sensibilidade recuar anos e anos, transpondo-nos a m\u00e1gicas florestas de Grimm e Perrault. (L\u00facia Machado de Almeida)<\/em><\/strong><\/p>\n

\u00a0<\/em><\/strong>O cr\u00edtico de arte Ol\u00edvio de Tavares Ara\u00fajo afirma em seu livro \u201cA Poesia Intacta\u201d que \u201c\u00c9 em Minas que se completa a passagem da pintura de Guignard de uma etapa, digamos, ainda mim\u00e9tica \u2013 isto \u00e9, relacionada com uma transposi\u00e7\u00e3o mais ou menos pr\u00f3xima da realidade contemplada \u2013 para uma etapa de inven\u00e7\u00e3o pura, como a que aparece nas paisagens imagin\u00e1rias.\u201d.\u00a0 Mais adiante, o cr\u00edtico complementa: \u201cA paisagem mineira n\u00e3o \u00e9, por certo, exatamente como Guignard a representou, de meados dos anos 1950 em diante, com essas igrejinhas assim espalmadas entre linhas sinuosas e esparsas fileiras de casinhas voejantes.\u201d.<\/p>\n

Em seu lirismo, Guignard, atrav\u00e9s de sua observa\u00e7\u00e3o, retirava da realidade os elementos necess\u00e1rios para a composi\u00e7\u00e3o de uma obra, contudo, ao transp\u00f4-los para a tela, trabalhava-os livremente, criando algo que ningu\u00e9m at\u00e9 ent\u00e3o fizera antes, como diz o cr\u00edtico de arte Pierre Santos, \u201cem mat\u00e9ria de poesia dentro da pintura\u201d, num misto de po\u00e9tica e inven\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

As \u201cpaisagens imaginantes\u201d surgiram nos anos finais da vida de Guignard, quando sua palheta migra para um tom de cinza esbranqui\u00e7ado. O cr\u00edtico de arte e professor Rodrigo Naves assim define o novo trabalho do pintor: \u201c[…] tudo parece estar em suspens\u00e3o, sem solo ou pontos de apoio firmes. N\u00e3o h\u00e1 caminhos, acidentes geogr\u00e1ficos nem dist\u00e2ncias. H\u00e1 apenas um mundo nublado e tristonho.\u201d.<\/p>\n

Ainda que a paisagem mineira n\u00e3o seja tal como a pintou Guignard, ela se fez real nos pinc\u00e9is do grande artista, como se expressa Ol\u00edvio de Tavares Ara\u00fajo: \u201cSua grandeza est\u00e1 na inven\u00e7\u00e3o de uma paisagem mineira a que deu forma definitiva, na fus\u00e3o dos elementos l\u00edricos com momentos do mais intenso patetismo, e enfim no ter sabido transformar a circunst\u00e2ncia dolorosa da vida em obra universal, aut\u00f4noma e perene.\u201d. E \u00e9 assim que a veem os mineiros e os diversos f\u00e3s do pintor, espalhados pelo Brasil e pelo mundo. A obra desse artista \u00e9 a mais pura poesia.<\/p>\n

As paisagens imagin\u00e1rias de Guignard, adornadas por igrejinhas barrocas, que sempre brotam branquinhas e humildes, aqui e acol\u00e1, com pequeninas pinceladas coloridas \u00a0no arremate de suas c\u00fapulas e telhados, e pontos mais escuros para fazerem a vez de portas e janelas, reinam majestosas sobre as montanhas, nesse mundo encantado com que nos presenteou o pintor-poeta, que se tomou de amor e encantamento pelas cidades hist\u00f3ricas das Minas Gerais, eternizando-as com seus pinc\u00e9is.<\/p>\n

A escritora L\u00e9lia Coelho Frota, em seu livro \u201cGuignard: Arte, Vida\u201d, diz com conhecimento que \u201cGuignard chega a inscrever-se a si pr\u00f3prio na paisagem. Com a diferen\u00e7a de estar na paisagem pintada, pintando. Como Klee, mas de maneira inteiramente diversa, ele alude a certa inflex\u00e3o de arte infantil, ao distribuir os signos dos bal\u00f5es, das igrejas, das casas, do encontro das pessoas em festa, pelo risco da passagem pelos desfiladeiros, pela vertigem dos abismos, pela levita\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica, luminescente.\u201d. Bendito seja Guignard!<\/p>\n

Ficha t\u00e9cnica de cada gravura<\/span><\/p>\n

    \n
  1. Tela maior: Paisagem Imagin\u00e1ria Noturna<\/em>, 1950, \u00f3leo sobre madeira, 110 x 180 cm.<\/li>\n
  2. Primeira tela \u00e0 esquerda: Paisagem Imaginante<\/em>, 1955, \u00f3leo sobre madeira.<\/li>\n
  3. Segunda tela, \u00e0 esquerda: Tarde de S\u00e3o Jo\u00e3o<\/em>, 1959, \u00f3leo sobre madeira, 38,5 x 29 cm.<\/li>\n
  4. Terceira tela, a partir da esquerda: Noite de S\u00e3o Jo\u00e3o<\/em>, 1961, \u00f3leo sobre tela, 61 x 46 cm.<\/li>\n
  5. Quarta tela, a partir da esquerda: S\u00e3o Jo\u00e3o<\/em>, 1961, \u00f3leo sobre tela, 49,5 x 39,9 cm.<\/li>\n<\/ol>\n

    Fonte de pesquisa
    \n<\/u>Brazilian Art VII<\/p>\n

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    Autoria de Lu Dias Carvalho \u00a0 \u00a0 \u00a0 Guignard, quando esteve em Ouro Preto pela primeira vez, ficou embasbacado. Isso foi em 1942. Ele havia ganhado o Pr\u00eamio do Sal\u00e3o Nacional, no Rio de Janeiro, e veio conhecer Minas. Foi o poeta Manuel Bandeira que o aconselhou: \u201cV\u00e1 pra Minas que tem tudo a ver […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[28],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28753"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=28753"}],"version-history":[{"count":5,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28753\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47205,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/28753\/revisions\/47205"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=28753"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=28753"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=28753"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}