{"id":29287,"date":"2016-09-11T23:16:21","date_gmt":"2016-09-12T02:16:21","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=29287"},"modified":"2022-08-15T21:54:32","modified_gmt":"2022-08-16T00:54:32","slug":"mestres-da-pintura-paul-klee","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/mestres-da-pintura-paul-klee\/","title":{"rendered":"Mestres da Pintura \u2013 PAUL KLEE"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
\n<\/strong><\/p>\n

\"pakle\"<\/a><\/strong><\/p>\n

Concebo um motivo muito diminuto e tento represent\u00e1-lo de forma sum\u00e1ria, naturalmente por meio de \u201cest\u00e1gios\u201d, mas de modo pr\u00e1tico, isto \u00e9, armado de um l\u00e1pis. Partindo desta a\u00e7\u00e3o concreta, resulta algo bem melhor, dessa s\u00e9rie de pequenos atos repetidos, de um \u00e9lan po\u00e9tico sem forma e sem figura\u00e7\u00e3o… Todas as coisas pequeninas e justapostas umas \u00e0s outras, estreitamente, formam um conjunto que em si constitui uma atividade real. Aprendo retomando desde o princ\u00edpio, come\u00e7o a formar alguma coisa, como se eu ignorasse tudo sobre pintura. Porque descobri uma pequena propriedade incontestada at\u00e9 agora, um g\u00eanero especial da representa\u00e7\u00e3o em tr\u00eas dimens\u00f5es sobre a superf\u00edcie. (Paul Klee)<\/em><\/strong><\/p>\n

Antes de fazer o segundo ano, apeteceu-me abandonar a escola, no que fui contrariado pelos meus pais. Isto foi para mim um mart\u00edrio. S\u00f3 gostava do que era probido: desenhos e literatura. (Paul Klee)<\/em><\/strong><\/p>\n

O pintor, te\u00f3rico da arte e educador Paul Klee<\/em> (1879-1940) \u00e9 origin\u00e1rio de um lugarejo chamado M\u00fcnchenbuchsee, pr\u00f3ximo a Berna, na Su\u00ed\u00e7a. Ele nasceu e cresceu numa fam\u00edlia de m\u00fasicos. Seu pai, o alem\u00e3o Hans Klee, era um professor de m\u00fasica, e sua m\u00e3e, a su\u00ed\u00e7a Ida Frick, estudava Canto, tendo o artista, incialmente, hesitado entre a escolha da m\u00fasica e a da pintura. Aos sete anos come\u00e7ou a aprender a tocar violino e, aos onze j\u00e1 dominava muito bem tal instrumento. Lidava com a m\u00fasica, a escrita e o desenho. Portanto, nada mais do que normal a rela\u00e7\u00e3o de sua pintura com a m\u00fas\u00edca, pois ele vivia em meio a uma e a outra. Contudo, a m\u00fasica tinha um peso inferior ao da pintura, que lhe possibilitava criar mais.<\/p>\n

Especula-se que foi a av\u00f3 de Klee quem lhe ensinou a trabalhar com os l\u00e1pis e o papel. Ainda muito jovem, ele foi para Munique, na Alemanha, onde veio a estudar na Academia de Belas-Artes. Tamb\u00e9m fez viagens ao exterior, inclusive \u00e0 It\u00e1lia, no intuito de aumentar seus conhecimentos. Ali estudou os velhos mestres da pintura e tamb\u00e9m fez m\u00fasica. Ficou encantado com os tesouros art\u00edsticos encontrados nas cidades italianas, apreendendo as li\u00e7\u00f5es de arquitetura do Renascimento e da estatut\u00e1ria de Michelangelo.\u00a0 Retornou a Breda, mas sem perder contato com Munique, onde, atrav\u00e9s de exposi\u00e7\u00f5es, ficou conhecendo a obra de Blake, Goya e James Ensor. Casou-se com a pianista Lily Stumpf, tendo com ela seu \u00fanico filho, Felix. A Klee cabia cuidar da educa\u00e7\u00e3o do filho e das tarefas dom\u00e9sticas, uma vez que sua esposa dava aula de piano, e a renda de ambos era muito pequena.<\/p>\n

Nas viagens que faz a Paris, Klee encantou-se com as obras de Van Gogh e C\u00e9zanne. Embora fosse dono de uma arte natural e aut\u00f4noma, o artista apreendeu li\u00e7\u00f5es do Cubismo, do Expressionismo e do Primitivismo. Travou contato com os pintores do grupo \u201cDer Blaue Reiter\u201d (O Cavaleiro Azul), ocasi\u00e3o em que se tornou amigo de Kandinsky, Franz Marc, Macke e Jawlensky. No ano seguinte entrou em contato com o pintor Robert Delaunay e com as obras de Rousseau, Picasso e Braque. Embora s\u00f3 tenha tido uma edi\u00e7\u00e3o, a publica\u00e7\u00e3o \u201cDer Blaue Reiter\u201d \u00e9 tida como o mais importante manifesto da Arte do s\u00e9culo XX.<\/p>\n

Dentre as viagens feitas por Klee, a visita \u00e0 Tun\u00edsia, no norte da \u00c1frica, que teve a dura\u00e7\u00e3o de 12 dias, foi a que mais exerceu influ\u00eancia sobre sua arte. O artista ficou fascinado com o brilho e luminosidade daquele pa\u00eds, o que o levou a transpor para suas telas uma turbul\u00eancia de cores. Ele se tornou dono de um estilo pict\u00f3rico que fazia uma jun\u00e7\u00e3o perfeita entre uma fantasia livre e uma s\u00f3lida organiza\u00e7\u00e3o. Aos poucos, em sua pintura, a forma foi ultrapassando o conte\u00fado. Ele n\u00e3o tinha mais como objetivo representar a realidade exterior.<\/p>\n

Paul Klee foi convocado para servir na Primeira Guerra Mundial, mas logo retomou sua arte (soube-se depois que seu pai trabalhou para que ele n\u00e3o fosse mandado para o front). J\u00e1 bem conhecido, foi convidado para lecionar na renomada Bauhaus. Continuou com suas excurs\u00f5es pelo mundo (It\u00e1lia, C\u00f3rsega, Egito), sempre agregando novas influ\u00eancias \u00e0 sua arte. Foi chamado para lecionar na Academia de Belas-Artes de D\u00fcsseldorf, na Alemanha, quando o nazismo j\u00e1 mostrava a cara. Sua pintura passou a ser chamada de \u201cbolchevismo cultural\u201d pelos nazistas, e de \u201cfacismo cultural\u201d pelo stalinistas. Ele foi retirado do cargo. Dentre as obras de Klee, 102 delas foram confiscadas pelo governo nazista, e 17 passaram a fazer parte da “Exposi\u00e7\u00e3o\u00a0 de Arte Degenerada”.<\/p>\n

O artista retornou \u00e0 Su\u00ed\u00e7a, dando in\u00edcio \u00e0 \u00faltima parte de sua carreira. Encontrava-se angustiado ao conscientizar-se de qu\u00e3o fr\u00e1gil era a arte diante da prepot\u00eancia das ditaduras. Suas telas passaram a ter nomes sombrios como \u201cO Medo\u201d ou \u201cA M\u00e1scara do Medo\u201d. O colorido de sua arte cedeu lugar \u00e0s formas arredondas, em ziguezagues, de limites indeterminados. Nessa fase, Klee passou a excluir qualquer tra\u00e7o ou matiz sup\u00e9rfluo, numa crescente economia de meios, e ampliou a dimens\u00e3o de seus quadros. Ele tamb\u00e9m lutava contra uma doen\u00e7a de pele (esclerodermia progressiva) que, ao enrijecer-lhe os tecidos, dificultava-lhe o manuseio do pincel, o que tornou sua obra ainda mais angustiante.<\/p>\n

Paul Klee, ao contr\u00e1rio de Kandinsky, n\u00e3o queria subtrair a naturza de sua obra, mas apenas modific\u00e1-la atrav\u00e9s de sua sensibilidade e imagina\u00e7\u00e3o. Foi na obra do pintor holand\u00eas Van Gogh, em sua deforma\u00e7\u00e3o da linha,\u00a0 que ele encontrou um dos subs\u00eddios para seu estilo original. O artista morreu, em 1940, ap\u00f3s cinco anos de sofrimento, na batalha travada contra sua doen\u00e7a de pele, quando tinha in\u00edcio a Segunda Guerra Mundial.<\/p>\n

Acerca de Klee tem-se dito que sua evolu\u00e7\u00e3o art\u00edstica foi lenta. \u00c9 poss\u00edvel que seu ambiente familiar tenha contribu\u00eddo para isso, uma vez que a m\u00fasica ocupava o lugar principal na casa paterna, sem falar que o artista tamb\u00e9m tinha, por esta forma de arte, grande paix\u00e3o, dedicando-lhe bastante tempo. Embora Paul Klee tenha nascido e sido criado na Su\u00ed\u00e7a, era considerado cidad\u00e3o alem\u00e3o como seu pai.<\/p>\n

Paul Klee \u00e9 tido como um pintor primitivista, levando-se em conta o fato de que ele modelou suas pinturas tomando por base os desenhos infantis, como fizeram artistas como Picasso, ao usar as m\u00e1scaras primitivas tribais e figuras de cole\u00e7\u00f5es antropol\u00f3gicas. Inclusive, o artista, em seus estudos, tomou como base os desenhos de inf\u00e2ncia de seu filho Felix. Klee n\u00e3o achava que os desenhos infantis fossem bonitos, mas apenas que eles mostravam caminhos para que valores mais profundos fossem encontrados.<\/p>\n

Fontes de pesquisa
\n<\/u>G\u00eanios da pintura\/ Abril Cultural
\nPaul Klee\/ Taschen<\/p>\n

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Autoria de Lu Dias Carvalho Concebo um motivo muito diminuto e tento represent\u00e1-lo de forma sum\u00e1ria, naturalmente por meio de \u201cest\u00e1gios\u201d, mas de modo pr\u00e1tico, isto \u00e9, armado de um l\u00e1pis. Partindo desta a\u00e7\u00e3o concreta, resulta algo bem melhor, dessa s\u00e9rie de pequenos atos repetidos, de um \u00e9lan po\u00e9tico sem forma e sem figura\u00e7\u00e3o… Todas […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/29287"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=29287"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/29287\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47244,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/29287\/revisions\/47244"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=29287"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=29287"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=29287"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}