Marc Chagall<\/em> (1887-1953)\u00a0 nasceu de pais pobres e incultos, sendo que o cotidiano da fam\u00edlia desenrolava-se num gueto judaico\u00a0 da cidade russa de Vitebsk. Desde pequeno ajudava o pai no mercado, onde tinha uma banca de peixes. Apesar do cansativo trabalho, n\u00e3o abria m\u00e3o da leitura di\u00e1ria dos livros sagrados do Juda\u00edsmo e de assistir aos cultos na sinagoga. A vida em fam\u00edlia era pac\u00edfica, apesar de simples, embora houvesse o temor dos peri\u00f3dicos \u201cpogroms\u201d (massacres).<\/p>\nDesde crian\u00e7a, Chagall mostrava-se muito sens\u00edvel, enternecendo-se com as coisas mais simples que via. Gostava de desenhar. Seus primeiros desenhos eram feitos com carv\u00e3o e papel. Sua m\u00e3e, apesar de inculta, captou o gosto do filho por essa forma de arte, incentivando-o a estudar na escola de artes da cidade, ainda que modesta. Depois de aprender o que ali era poss\u00edvel, Chagall precisava al\u00e7ar novos voos. Por\u00e9m, uma lei impedia os judeus de residirem nas \u00e1reas metropolitanas de seu pa\u00eds. Mas o veto foi contornado com a ajuda do deputado Max Vinaver, ao ver no jovem algu\u00e9m com um futuro promissor. Depois de uma longa espera, j\u00e1 contando com 20 anos de idade, o rapaz seguiu para S\u00e3o Petersburgo, onde foi admitido na Academia de Belas-Artes da cidade.<\/p>\n
Depois de alguns meses na academia, Chagall desencantou-se com a arte f\u00fatil, estetizante e cheia de bajulice ensinada \u00e0 \u00e9poca no seu pa\u00eds, que tinha por objetivo agradar uma aristocracia provinciana e med\u00edocre. O interesse do pintor voltou-se ent\u00e3o para outras plagas, sendo a Fran\u00e7a o pa\u00eds mais desejado. Por\u00e9m, a pobreza e a falta de um emprego det\u00e9m seu sonho. E novamente o deputado Max Vinaver p\u00f5e-se a postos, prometendo-lhe uma pequena pens\u00e3o para ajud\u00e1-lo em suas necessidades no exterior.<\/p>\n
Em Paris, Chagall ficou estarrecido com o Cubismo, estilo em voga \u00e0 \u00e9poca. E s\u00e3o os amigos Guillaume Apollinaire e Blaise Cendrars que o estimulam a permanecer no pa\u00eds, onde novos movimentos e tend\u00eancias desenvolvem-se. \u00c9 o movimento Surrealista, de Andr\u00e9 Breton, que acaba atraindo o pintor russo, embora n\u00e3o o tome ao p\u00e9 da letra, mas ele ser\u00e1 considerado o respons\u00e1vel por fundir a poesia e as artes pl\u00e1sticas. Tanto Chagall quanto o Surrealismo buscam a exalta\u00e7\u00e3o do sonho, do inconsciente e do incoerente, jogando por terra as leis do mundo f\u00edsico. O presente e o passado unem-se para formar o \u201cagora\u201d, n\u00e3o havendo mais fronteiras entre o ontem e o hoje, que coexistem no nosso inconsciente.<\/p>\n
Apesar de seu encontro com o Surrealismo, Chagall, ao chegar a Paris, j\u00e1 trazia em sua bagagem uma vis\u00e3o po\u00e9tica e il\u00f3gica do inconsciente e da percep\u00e7\u00e3o intuitiva, que contrapunha \u00e0 reflex\u00e3o racional. Portanto, o Surrealismo para ele n\u00e3o era uma novidade, pois a busca pelo fant\u00e1stico j\u00e1 o acompanhava desde Vitebsk. E ser\u00e1 o seu trabalho, onde se faz presente o fantasioso, o respons\u00e1vel por abrir espa\u00e7o em meio a um p\u00fablico ainda relutante quanto ao novo estilo. A cor tamb\u00e9m \u00e9 libertada das regras at\u00e9 ent\u00e3o impostas. Ela \u00e9 meramente simb\u00f3lica. \u201cA luz f\u00edsica \u00e9 substitu\u00edda, nos tons de Chagall, pela ilumina\u00e7\u00e3o psicol\u00f3gica\u201d, assim dizem os cr\u00edticos. Ao pintor russo n\u00e3o importam o desenho formal ou a perspectiva, a luz ou a sombra. Nada de regras. Ainda assim, n\u00e3o parte para o abstracionismo de um Kandinsky.<\/p>\n
Fonte de pesquisa:
\n<\/u>Marc Chagall\/ Taschen
\nG\u00eaneros da pintura\/ Abril Cultural<\/p>\n
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Autoria de Lu Dias Carvalho […], quando eu via meu pai, a barba e as rugas de seu rosto, sentia-me tomado de profunda pena. E quando contemplava uma \u00e1rvore novinha, ou a lua, ficava encantado com sua beleza. Mas eu n\u00e3o atinava com o que eu poderia fazer dessas sensa\u00e7\u00f5es. (Chagall) Chegara (em Paris) como […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/29631"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=29631"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/29631\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47246,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/29631\/revisions\/47246"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=29631"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=29631"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=29631"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}