{"id":2988,"date":"2013-03-17T13:21:58","date_gmt":"2013-03-17T16:21:58","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=2988"},"modified":"2022-07-26T16:16:12","modified_gmt":"2022-07-26T19:16:12","slug":"oxalato-de-escitalopram-ou-fluoxetina","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/oxalato-de-escitalopram-ou-fluoxetina\/","title":{"rendered":"OXALATO DE ESCITALOPRAM OU FLUOXETINA"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/strong>
\n<\/b><\/p>\n

\u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 \"descabelada\"<\/a> \u00a0 \u00a0\u00a0\"feliz\"<\/a><\/b> <\/b>
\n<\/b>\u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 Antes\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 Depois<\/strong><\/em><\/p>\n

Meus caros amigos, hoje eu lhes quero dar um prec\u00edpuo testemunho e desejar que, com o meu relato, algumas almas desorientadas, aflitivas e tontas como era a minha, encontrem a salva\u00e7\u00e3o, n\u00e3o a eterna, mas a terrena, j\u00e1 que a primeira \u00e9 consequ\u00eancia da segunda. Am\u00e9m!<\/p>\n

O fato \u00e9 que eu andava fastidiosa e serrazina com este mundo nauseabundo. Nada minimizava o nojo e o desalento entranhado no meu pobre esp\u00edrito, alquebrado pela abirrita\u00e7\u00e3o e dol\u00eancia, amarfanhado por dilatados e inconceptos ardis dos muitos contratempos desta vida. E pior, eu achava que era a \u00fanica vivente a carregar t\u00e3o achavascada cruz.<\/p>\n

O marid\u00e3o, n\u00e3o aguentando o embate com os meus atormentados dem\u00f4nios, tratou de salvar a pr\u00f3pria pele, tentando me persuadir a procurar um bom psiquiatrista para, ao menos, abrandar a minha afronesia. At\u00e9 ele, coitado, que sempre foi tido como o pai da paci\u00eancia, n\u00e3o estava me suportando mais. O que d\u00e1 uma ideia de como a coisa estava braba, brab\u00edssima.<\/p>\n

Embora com as ideias meio desconjuntadas pelos fricotes de minha mente, um lampejo de lucidez mostrou-me que poderia usar a insist\u00eancia do meu var\u00e3o para fazer escambo. Ent\u00e3o, elenquei uma centena de pedidos. Alguns bem incab\u00edveis e inusitados, eu bem sei. Mas n\u00e3o poderia perder a ensancha. Vai que o especialista da mente me restaurasse a massa cinzenta por completo e eu n\u00e3o tivesse outra oportunidade… O melhor era me precaver.<\/p>\n

Ajustes feitos na transa\u00e7\u00e3o e ciente de que detinha 90% das vantagens, selamos o compromisso. Eu aceitei ir ao psiquiatra, para o bem da fam\u00edlia, dos bichanos, dos amigos e do mundo concreto que me rodeia, assim como do virtual. Como eu era chata, ma\u00e7ante, enfadonha, impertinente, rabugenta, tediosa e sofrida! Nem eu mesma me aguentava, mas n\u00e3o tinha como me ver livre de mim ou de deixar-me num canto de algum arm\u00e1rio.<\/p>\n

Dr. Wander Lemos, o psiquiatra, recebeu-me com cara de bons amigos. Entabulamos v\u00e1rios assuntos antes de entrarmos no X da quest\u00e3o. Aqui para n\u00f3s, penso que esse tipo de introdu\u00e7\u00e3o seja para avaliar o grau de desvairamento do paciente. Mas ao me perguntar sobre o motivo que me levou at\u00e9 ele, aproveitei a deixa e desfiei as contas do meu mart\u00edrio, bem mais apavorantes do que o de Joana D`Arc. E o marid\u00e3o, que j\u00e1 conhecia toda a ladainha de cor e salteada, ali ao lado, dando o suporte estrat\u00e9gico.<\/p>\n

Contei ao especialista que j\u00e1 era uma velha batalhante nos desacertos de minha mente, heran\u00e7a de minha amad\u00edssima av\u00f3, que tomava cloridrato de fluoxetina<\/i> havia um bocado de tempo, sem falar em muitos outros cloridatos j\u00e1 apagados pela mem\u00f3ria. Foi quando ele me sugeriu mudar para certo oxalato de escitalopram<\/i>, bem mais moderno. Meu Deus, quem seria esse tal mancebo? Como me trataria? D\u00favidas cru\u00e9is!<\/p>\n

Meus caros leitores, confesso que foi um duro golpe para mim, a \u201csugest\u00e3o\u201d dada pelo doutor, pois durante 15 anos, a Flu\u00f4 <\/i>(fluoxetina) e eu vivemos como unha e carne, duas grandes e insepar\u00e1veis amigas. Ela me conhecia muito melhor de que eu mesma. Havia passado muitos percal\u00e7os a meu lado, sem jamais me abandonar. Sabia de tudo o que se passava em minha mente, conhecia os meandros de minhas fantasias e as m\u00e1goas acumuladas ao longo de tantos anos de caminhada juntas. Passar de uma hora para outra a conviver com esse tal senhor oxalato de escitalopram<\/i>, seria como trair uma amizade feita com os neur\u00f4nios de minha cadeia nervosa. E eu nunca fui mulher de atrai\u00e7oar aqueles que me s\u00e3o caros. Dura decis\u00e3o!<\/p>\n

Ainda havia um sen\u00e3o, que ora lhes conto, meus amados. A Flu\u00f4 <\/i>era uma pessoa simples e comedida, que exigia de mim pouqu\u00edssimo valor monet\u00e1rio. Gastava com ela uma quantia pequena, a cada dois meses. \u00c9 fato que a amiga j\u00e1 fora muito poderosa, quando usava o nobre nome de Prozac<\/i>. Depois que caiu sua patente, a coitadinha de minha amiga virou gente comum, sem nenhum aparato de nobreza. E estava a\u00ed a maior causa do meu forte apego a ela. N\u00e3o sabia ainda o que o tal do oxalato de escitalopram<\/i> iria exigir por sua perman\u00eancia comigo. Mas n\u00e3o tardaria por esperar.<\/p>\n

Eu n\u00e3o tinha sa\u00edda, pois no contrato que firmara com o meu \u201chusband\u201d havia uma cl\u00e1usula em que me comprometia a seguir a orienta\u00e7\u00e3o do especialista. S\u00f3 n\u00e3o contava com o golpe de ter que me afastar de minha doce e generosa Flu\u00f4<\/i>. Pensei que o tratador da mente fosse me recomendar uns gramas a mais da benignidade dela. E foi sob o rigor da lei matrimonial que dei adeus \u00e0 minha companheira querida, mas que perdera a for\u00e7a para conter os meus chiliques e fricotes. N\u00e3o me restava outro caminho, sen\u00e3o lhe dizer adeus. Ela ainda permaneceria no meu corpo durante 15 dias, at\u00e9 que se esva\u00edsse por completo. S\u00f3 ent\u00e3o, estaria eu preparada, ou seja, purificada, para receber o outro mancebo. E tamb\u00e9m evitaria uma s\u00edndrome serotonin\u00e9rgica<\/em>.<\/p>\n

Dr. Wander apresentou-me o tal senhor oxalato de<\/i> escitalopram<\/i>, presenteando-me com uma caixinha mirrada, uma amostra gr\u00e1tis bem magrelinha, com sete comprimidos apenas. Disse-me que o tal mancebo em quest\u00e3o viera da Dinamarca e, por isso, exigia um dote cinco vezes maior do que aquele pago \u00e0 minha velha amiga Flu\u00f4,<\/i> brasileir\u00edssima. Cora\u00e7\u00e3o e bolso trombetearam ao mesmo tempo, mas o olhar do mach\u00e3o repassou, em neon, a ordem de que eu deveria aceitar, pois sa\u00fade e bem-estar n\u00e3o t\u00eam pre\u00e7o. Com certeza, pensava mais na sua paz de esp\u00edrito do que em mim. Aceitei, j\u00e1 que nossa conta \u00e9 conjunta e o rombo seria pela metade. Mas sa\u00ed do consult\u00f3rio pisando alto. Indignada, \u00e9 bom que se diga.<\/p>\n

Eis que a cartelinha acanhada, inexpressiva e raqu\u00edtica acabou, e l\u00e1 fui eu comprar o \u201cbendito\u201d para os outros dias faltantes. Quase ca\u00ed do salto com seu valor abusivo. Levei o tal dinamarqu\u00eas para casa numa revolta sem igual, xingando todas as suas gera\u00e7\u00f5es. Tomara que fossem inundados pelo degelo da calota polar do \u00c1rtico e, que os vikings voltassem para dizim\u00e1-los. Eu poderia comprar mensalmente tantos livros, CDs e DVDs com um valor daqueles… E pior, como o ciclo lun\u00e1tico, o desgra\u00e7ado do rem\u00e9dio s\u00f3 vinha com 28 comprimidos. Aqueles dinamarqueses ignorantes nem sabiam que s\u00f3 o m\u00eas de fevereiro possui 28 dias. Ou era ganhu\u00e7a das brabas? Eu fazia quest\u00e3o dos outros dois comprimidos. Pensei at\u00e9 em procurar o PROCON, mas o marid\u00e3o falou que me bastava deixar de comprar alguns pares de sapatos anualmente. Sendo assim, manda quem pode e obedece quem tem ju\u00edzo. E eu tinha o discernimento de que precisava de ajuda.<\/p>\n

Amigos queridos, foi assim que conheci o jovem Oxalato de Escitalopram<\/i>. Confesso que, apesar da saudade da Flu\u00f4<\/i>, no segundo dia de affaire, tirando os exageros do romance, eu j\u00e1 estava apaixonada pelas transforma\u00e7\u00f5es que ele operava em mim, embora seu pre\u00e7o acabasse sempre por me jogar na cama, digo, na lona. Valeria \u00e0 pena continuar um amancebamento t\u00e3o oneroso para uma das partes? O meu buldogue dizia que sim. E ao marido a gente sempre obedece… Desde que exista algo compensativo no pacto.<\/p>\n

Mas, como tudo na vida flui, principalmente levando em conta a guerra travada entre os laborat\u00f3rios farmac\u00eauticos, uns parentes mais pobres do mo\u00e7oilo come\u00e7aram a chegar ao mercado do pa\u00eds, fazendo com que o dote do nobre e donairoso Escitalopram<\/i> despencasse. Seu pre\u00e7o agora \u00e9 m\u00f3dico, modic\u00edssimo em rela\u00e7\u00e3o a seu valor inicial, principalmente no que tange a seus familiares. Diria que j\u00e1 quase equivale ao pre\u00e7o da minha querida Flu\u00f4<\/i>. O que foi a salva\u00e7\u00e3o de minha mente conturbada e amotinada. E o nosso aconchego n\u00e3o mais passa por nenhum tipo de desencontro. Haja paix\u00e3o!<\/p>\n

Devo confessar aos leitores que o novo embeleco mudou minha vida. Hoje, o mundo \u00e9 t\u00e3o azul quanto o planeta Avatar. A humanidade \u00e9 composta por anjos resplandecentes e generosos, sem um laico de ego\u00edsmo. O sofrimento inexiste. Homens e animais vivem em perfeita harmonia. A justi\u00e7a impera em todos os lugares da Terra, inclusive no Brasil. N\u00e3o existem\u00a0 desigualdades sociais, tampouco qualquer tipo de preconceito em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s ra\u00e7as. O planeta \u00e9 tratado com respeito. E eu sou brilhante, insinuante, coruscante e maravilhosa.<\/p>\n

S\u00f3 n\u00e3o sei, amigos, por quanto tempo durar\u00e1 o meu chamego com tal var\u00e3o, pois, como sabem voc\u00eas, os homens s\u00e3o seres inconstantes e inconsistentes. Mas o Oxa<\/i> (apelido carinhoso) <\/i>tem sido um cavalheiro, daqueles que nos amparam com fervor nos momentos mais dif\u00edceis da vida. Al\u00e9m do mais, goza de todo o apoio do titular (Existe marido que \u00e9 cego!). Posso ficar sem o meu var\u00e3o, mas sem o Oxa,<\/i> nem ver. Sem me amancebar com ele, uma vez por dia, meus pensamentos ficam inquietantes, rodopiando na bacia do c\u00e9rebro, sem saberem onde parar, tamanho \u00e9 o embeleco. E eu perco toda a minha tesura, ou melhor, textura.<\/p>\n

Portanto, meus leitores, para uma vida risonha, nada como um amante perfeito. Mas que o seu custo n\u00e3o seja muito grande, pois, se assim for, nossos problemas redobram. O retorno de um am\u00e1sio deve ser exageradamente maior do que os prazeres que lhe damos. Fora disso n\u00e3o h\u00e1 enrabichamento que resista, ou for\u00e7a que mantenha o amancebo.<\/p>\n

Aten\u00e7\u00e3o:<\/strong><\/span><\/p>\n

Caros leitores, em raz\u00e3o do excesso de coment\u00e1rios nesta postagem, o que vem dificultando a abertura da p\u00e1gina, ela foi fechada para novos coment\u00e1rios. No entanto, voc\u00eas poder\u00e3o ter acesso aos que aqui se encontram, mas, se quiserem deixar um coment\u00e1rio, devem se direcionar ao texto a seguir, clicando no link abaixo:<\/p>\n

OS ANTIDEPRESSIVOS EM NOSSA VIDA<\/strong><\/a><\/p>\n

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Nota:<\/span> Imagens copiadas de transitivoedireto.blogspot.com <\/i>e \u00a0br.freepik.com<\/i><\/p>\n

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Autoria de Lu Dias Carvalho \u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 Antes\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 Depois Meus caros amigos, hoje eu lhes quero dar um prec\u00edpuo testemunho e desejar que, com o meu relato, algumas almas desorientadas, aflitivas e tontas como era a minha, encontrem a salva\u00e7\u00e3o, […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[39],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2988"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2988"}],"version-history":[{"count":36,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2988\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45646,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/2988\/revisions\/45646"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2988"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=2988"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=2988"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}