{"id":31932,"date":"2017-04-17T15:33:07","date_gmt":"2017-04-17T18:33:07","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=31932"},"modified":"2022-08-25T17:35:22","modified_gmt":"2022-08-25T20:35:22","slug":"historiando-paulo-vanzolini-volta-por-cima","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/historiando-paulo-vanzolini-volta-por-cima\/","title":{"rendered":"Historiando Paulo Vanzolini \u2013 VOLTA POR CIMA"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
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Juvenal chegou \u00e0 rodovi\u00e1ria, vindo da colheita de caf\u00e9 no norte paulista, onde permanecera por cinco meses, buscando uma maneira de arranjar a vida cada vez mais dif\u00edcil para as gentes pobres. Tudo que ganhara estava numa conta no Banco. Comera o p\u00e3o que o diabo amassou a fim de economizar o que pudesse. Trazia consigo muitos planos. Haveria de dar uma pintura no barraco com p\u00f3 xadrez. A cor seria conforme a escolha de sua companheira, adornamento que toda mulher gosta de fazer. Compraria para ela um vestido de organdi branco, comprido, com muitas fitas e, finalmente, os dois se casariam no cart\u00f3rio, de modo a parecer gente de bem, e ele n\u00e3o seria qualquer um \u00e0 toa, sem incumb\u00eancia com a fam\u00edlia.<\/p>\n

Mal botou os p\u00e9s no ch\u00e3o de sua cidadezinha, Juvenal foi cercado por um moleque que se ofereceu para ajud\u00e1-lo a levar a mala e o volumoso r\u00e1dio toca-fitas, que anunciava sua chegada com um meloso bolero, m\u00fasica preferida de sua morena. O menino foi logo soltando o verbo: \u201cO senhor j\u00e1 sabe que sua mulher fugiu com um mascate?\u201d. Uma fincada de dor paralisou o pobre homem. Suas pernas bambearam e ele se sentou no meio-fio. Um golpe desgra\u00e7ado de do\u00eddo jogava seus sonhos por terra. Uma torrente de \u00e1gua saltou de seus olhos, mal tendo ele tempo de dar ao garoto uns trocados. Os amigos aproximaram-se dele, mas sem lhe perguntar o porqu\u00ea, tamanho era a piedade. Sentiam-se constrangidos, pois sabiam o motivo.<\/p>\n

Todo alquebrado pela dor, Juvenal dirigiu-se para a casa de sua m\u00e3e, encontrando conforto em seu abra\u00e7o e colo. Mais calmo, ele lhe relatou: \u201cChorei, ai eu chorei\/ N\u00e3o procurei esconder\/ Todos viram, fingiram\/ Pena de mim, n\u00e3o precisava ter\/ Ali onde eu chorei\/ Qualquer um chorava\u201d<\/em>. \u00a0Na semana seguinte recebeu uma proposta de trabalho numa cidade grande. Juntou tudo e partiu. Um ano depois, voltou acompanhado de sua jovem esposa. Todos o elogiavam por seu vis\u00edvel bem-estar. E aos que retornavam ao acontecido, ele dizia: \u201cDar a volta por cima que eu dei\/ Quero ver quem dava.<\/em>\u201d. E \u00e0 esposa, que de tudo tomara conhecimento ali, e que o inquiriu pelo fato de nada ter dito a ela, ele explicou: \u201cUm homem de moral\/ N\u00e3o fica no ch\u00e3o\/ Nem quer que mulher\/ Lhe venha dar a m\u00e3o\/ Reconhece a queda\/ E n\u00e3o desanima\/ Levanta, sacode a poeira\/ E d\u00e1 a volta por cima.\u201d<\/em>.<\/p>\n

Contam alguns que, dois anos depois, Lindaura voltou de seu embeleco com o mascate, trazendo uma m\u00e3o na frente e outra atr\u00e1s. E, com os miolos meio revirados, andava rua acima e rua abaixo, clamando pelo nome de Juvenal.<\/p>\n

Obs.:<\/u> Clique no link abaixo para ouvir:
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VOLTA POR CIMA<\/a><\/p>\n

Nota:<\/u> Separa\u00e7\u00e3o<\/em>, obra Edvard Munch.<\/p>\n

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Autoria de Lu Dias Carvalho Juvenal chegou \u00e0 rodovi\u00e1ria, vindo da colheita de caf\u00e9 no norte paulista, onde permanecera por cinco meses, buscando uma maneira de arranjar a vida cada vez mais dif\u00edcil para as gentes pobres. Tudo que ganhara estava numa conta no Banco. Comera o p\u00e3o que o diabo amassou a fim de […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[41],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/31932"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=31932"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/31932\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47538,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/31932\/revisions\/47538"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=31932"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=31932"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=31932"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}