{"id":32134,"date":"2017-04-09T21:17:46","date_gmt":"2017-04-10T00:17:46","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=32134"},"modified":"2017-04-09T21:17:46","modified_gmt":"2017-04-10T00:17:46","slug":"marolo-fruta-da-semana-santa","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/marolo-fruta-da-semana-santa\/","title":{"rendered":"MAROLO – FRUTA DA SEMANA SANTA"},"content":{"rendered":"
Autoria de Luiz Cruz<\/strong><\/p>\n <\/a>\u00a0 \u00a0 \u00a0 <\/a><\/p>\n \u00a0O quanto em toda vereda em que se baixava, a gente saudava o buritizal e se bebia est\u00e1vel. Assim que a matalotagem desmereceu em acabar, mesmo fome n\u00e3o curtimos, por um bem: se ca\u00e7ou boi. A mais, ainda tinha araticum maduro no cerrado. (Jo\u00e3o Guimar\u00e3es Rosa) <\/em><\/strong><\/p>\n A Serra de S\u00e3o Jos\u00e9 tem muitos atrativos. Al\u00e9m da paisagem, das cachoeiras e da rica biodiversidade, encontram-se alguns frutos t\u00edpicos e um deles \u00e9 o marolo (Annona crassiflora<\/em>). \u00c9 uma fruta da fam\u00edlia Annonaceae, a mesma da fruta-do-conde. \u00c9 conhecida tamb\u00e9m como araticum, bruto e cabe\u00e7a-de-nego. Ela \u00e9 composta por tr\u00eas ecossistemas: Mata Atl\u00e2ntica, Campo Rupestre e Cerrado.<\/p>\n O Cerrado sofreu forte impacto devido \u00e0s atividades agr\u00edcolas, ficando poucas manchas de matas junto ao sop\u00e9 da serra. Embora reduzidas, essas \u00e1reas tornaram-se da maior import\u00e2ncia para a prote\u00e7\u00e3o da biodiversidade. Uma das esp\u00e9cies encontradas nas matas do Cerrado da serra \u00e9 o marolo<\/em>, uma \u00e1rvore de porte m\u00e9dio, variando de 4 a 8 metros de altura, com folhas grossas, troncos retorcidos e bastante resistentes aos inc\u00eandios, que ocorrem no ecossistema. Ela consegue desenvolver em \u00e1reas de baixa umidade e tem crescimento muito lento. Suas flores s\u00e3o verdes-amarelado, solit\u00e1rias e carnosas, ocorrendo entre os meses de outubro e novembro. Os frutos em bagas s\u00e3o encontrados entre fevereiro e abril. Podem pesar at\u00e9 2 kg e, quando maduros, caem sobre o solo. T\u00eam sabor adocicado e perfume bem caracter\u00edstico. Possuem elevados teores de a\u00e7\u00facares, prote\u00ednas, c\u00e1lcio, ferro, f\u00f3sforo, vitaminas C, A, B1, B2 e fibras. As sementes s\u00e3o relativamente grandes, espessas e r\u00edgidas, para germinar precisam de longo per\u00edodo de dorm\u00eancia. Seus principais dispersores s\u00e3o os animais que se alimentam dos frutos. Infelizmente, devido ao desmatamento, a esp\u00e9cie est\u00e1 cada vez mais reduzida \u00e0s pequenas manchas de matas.<\/p>\n A variedade dessa esp\u00e9cie \u00e9 grande, cerca de 25, uma delas \u00e9 o Marolo de Moita (Annona dioica<\/em>), que foi descrita pelo viajante franc\u00eas Auguste de Saint-Hilaire. A fruta tem amplo e tradicional uso na culin\u00e1ria mineira. Pode ser consumida in natura<\/em>, com sua polpa faz-se licores, biscoitos, bolachas, bolos, sorvetes, picol\u00e9s, geleias, doces, batidas, e ainda se prepara um creme para rechear os \u201covos de p\u00e1scoa\u201d, pois sua combina\u00e7\u00e3o com o chocolate \u00e9 perfeita! Seu sabor est\u00e1 intrinsicamente ligado ao per\u00edodo da Semana Santa, devido \u00e0 grande oferta da fruta nesse per\u00edodo do ano.<\/p>\n Quem tiver interesse em saborear marolo<\/em> n\u00e3o precisa sair procurando pelas \u00e1rvores atr\u00e1s da Serra de S\u00e3o Jos\u00e9, basta chegar at\u00e9 a Pra\u00e7a S\u00e3o Sebasti\u00e3o, no centro de Santa Cruz de Minas, e encontrar com o Jos\u00e9 Norberto dos Passos. Ele, j\u00e1 idoso, aos seus 81 anos de idade, mas cheio de energia, sobe a serra, colhe os frutos e os vende em seu carrinho, instalado na pra\u00e7a. Norberto conhece todos os p\u00e9s de marolo<\/em> da serra e ajuda na preserva\u00e7\u00e3o, divulgando essa esp\u00e9cie t\u00e3o significativa para a culin\u00e1ria mineira e para a biodiversidade.<\/p>\n Nota:<\/u> Fotografias do autor mostrando Jos\u00e9 Norberto dos Passos e a fruta marolo<\/em><\/p>\n Views: 0<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Autoria de Luiz Cruz \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0O quanto em toda vereda em que se baixava, a gente saudava o buritizal e se bebia est\u00e1vel. Assim que a matalotagem desmereceu em acabar, mesmo fome n\u00e3o curtimos, por um bem: se ca\u00e7ou boi. A mais, ainda tinha araticum maduro no cerrado. 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