Dia das M\u00e3es<\/em>, que passo sem sua presen\u00e7a, sem seu carinho, sem seu sorriso, sem seu jeito afetuoso e meigo, que tanto emocionava nossa fam\u00edlia. Havia em mim, confesso-lhe, uma amargura intensa, como se uma dor lancinante penetrasse forte, tormentosa, em meu cora\u00e7\u00e3o diante de sua aus\u00eancia. Estava compenetrado, arraigado, fechado em mim com estes pensamentos e acabei fazendo-lhe um texto, exteriorizando a dor que sentia com a sua aus\u00eancia, este insuport\u00e1vel e penoso vazio.<\/p>\nAus\u00eancia! Essa era a palavra que batia forte em meu \u00e2nimo, deprimindo-me; dava para sentir o sabor da melancolia. Na poesia, evidenciei estes sentimentos pesarosos, nos seus versos finais. Ao coment\u00e1-los, uma amiga alertou-me sobre a dor da aus\u00eancia, dizendo que ela parece nos aliviar do sofrimento e, no poema, asseverou-me que eu havia retomado a minha vida. Para tanto, lembrou-me Carlos Drummond de Andrade, postando seu poema \u201cAus\u00eancia\u201d. Em seguida, disse-me para n\u00e3o me entristecer com a aus\u00eancia, que, como diz Drummond, \u201c\u00e9 um estar em mim\u201d, que permanecer\u00e1 como saudade. E eu a compreendi e voltei novamente a sorrir.<\/p>\n
Realmente, M\u00e3e, esta saudade est\u00e1 t\u00e3o forte em meu cora\u00e7\u00e3o, que a encontro em mim. Como n\u00e3o serei feliz ao recordar daquela que me deu a vida, ninou e me embalou nos bra\u00e7os durante tantas noites, tratou-me com tanto carinho e afeto e, durante toda a vida, foi a for\u00e7a que me apoiou para viver e lutar, o conselho e o est\u00edmulo, para enfrentar as minhas dificuldades, sem nunca esmorecer.<\/p>\n
Quero agora e sempre sorrir alegre ao rever as nossas lembran\u00e7as, essa aus\u00eancia assimilada, que ningu\u00e9m mais ir\u00e1 nos roubar, os momentos maravilhosos que vivemos, consigo, Mam\u00e3e, todos n\u00f3s, sua fam\u00edlia, seus filhos, seus genros e nora, seus netinhos e at\u00e9 mesmo bisnetos. Voc\u00ea nos amou e n\u00f3s todos a amamos. Falar de sua vida t\u00e3o doada \u00e0 nossa felicidade, horas de dedica\u00e7\u00e3o, de trabalho, de paci\u00eancia, de alegrias e tristezas, \u00e9 record\u00e1-la ensinando-nos a esperan\u00e7a, a f\u00e9 e o amor, nos seus mais singelos, por\u00e9m sublimes atos de afei\u00e7\u00e3o a toda fam\u00edlia.<\/p>\n
Dos seus pertences, fiquei com alguns de seus quadros, todos bordados, com tanta arte, que parecem at\u00e9 pintura a \u00f3leo. Eu me emociono ao v\u00ea-los, pois sei que cada um deles consumiu meses e meses de trabalho \u00e1rduo, colocando a descoberto a sensibilidade e o sentimento maravilhoso que habitavam seu esp\u00edrito. S\u00e3o lindos. Comoventes. Vendo-os, percebo que ainda est\u00e1 entre n\u00f3, porque sua exist\u00eancia, como seus quadros, perpetua-se formosa e perfeita em nossas vidas e faz parte de nossos cora\u00e7\u00f5es.<\/p>\n
M\u00e3e, voc\u00ea \u00e9 a saudade, um legado da aus\u00eancia. Est\u00e1 dentro de n\u00f3s, como disse o Poeta, aconchegada em nossos bra\u00e7os. At\u00e9 estou ouvindo-a cantar, no meio de todos n\u00f3s, sua fam\u00edlia, sua m\u00fasica preferida, \u201cDa Cor do Pecado\u201d, com aquela voz af\u00e1vel, delicada e sentimental, que me faz chorar de alegria por ter tido a felicidade de ser seu filho. M\u00e3e, tenho a certeza que sempre estaremos juntos, rindo, alegres, amando-nos, presos e acorrentados, um ao outro, pela saudade, eternamente.<\/p>\n
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Autoria de Edward Chaddad \u00c9 mais um Dia das M\u00e3es, que passo sem sua presen\u00e7a, sem seu carinho, sem seu sorriso, sem seu jeito afetuoso e meigo, que tanto emocionava nossa fam\u00edlia. Havia em mim, confesso-lhe, uma amargura intensa, como se uma dor lancinante penetrasse forte, tormentosa, em meu cora\u00e7\u00e3o diante de sua aus\u00eancia. Estava […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[9],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/32591"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=32591"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/32591\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":32593,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/32591\/revisions\/32593"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=32591"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=32591"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=32591"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}