{"id":32616,"date":"2023-07-12T00:40:00","date_gmt":"2023-07-12T03:40:00","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=32616"},"modified":"2023-07-12T12:46:04","modified_gmt":"2023-07-12T15:46:04","slug":"os-viciados-em-dizer-sim","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/os-viciados-em-dizer-sim\/","title":{"rendered":"OS VICIADOS EM DIZER \u201cSIM!\u201d"},"content":{"rendered":"

Autoria de Celina Telma Hohmann<\/strong><\/p>\n

\"\"<\/a><\/p>\n

Dentre todas as minhas dificuldades, eu, Celina, digo que dizer \u201cN\u00e3o!\u201d \u00e9, com toda a certeza, a maior delas. Dizer \u201cn\u00e3o\u201d \u00e9 como virar as costas e isso nos parece (a n\u00f3s que n\u00e3o sabemos faz\u00ea-lo) um n\u00e3o ser \u00fatil, um deixar de ser necess\u00e1rio, um ser mesquinho, e por a\u00ed vai\u2026 Confesso do alto do estressante gasto energ\u00e9tico at\u00e9 \u00e0s mal dormidas noites, constantes e cansativas, frutos do sempre dizer \u201csim\u201d, como se fosse uma esp\u00e9cie de fantoche ou marionete, que vivo \u00e0s voltas com raivas contidas, sensa\u00e7\u00f5es de ser tola e terrivelmente ing\u00eanua em raz\u00e3o desse muitas vezes inoportuno adv\u00e9rbio afirmativo.<\/p>\n

Lembro-me pouco da inf\u00e2ncia \u2013 somente do que quero me lembrar \u2013 e muito da fase em que comecei a tentar agradar todo mundo. E na arte final do \u201csim\u201d, sempre me dou conta de que esse servir\u00e1 apenas a quem pediu o favor, ou extrapolou o direito do uso. O \u201csim\u201d, ao final, a quem o teve, perdeu o valor logo ap\u00f3s sua cess\u00e3o, e a n\u00f3s, os concessores habituais, deixou um gosto ruim de mais uma vez ser usado, na imensa maioria das vezes. Baixa autoestima? Com certeza! \u00c9 como se dizer \u201cn\u00e3o\u201d nos tornasse seres ruins, frios, indiferentes. Ledo engano, nosso!<\/p>\n

Nem sei mais por quantas vezes fui ultrajada, literalmente, no uso do bendito \u201csim\u201d! Mas sempre h\u00e1 aquele medo de dizer o \u201cn\u00e3o\u201d, que a mim nem d\u00e1 tempo de pensar nele, pois afoita que sou, nem me pedem e j\u00e1 me proponho\u2026 Pensam que nos chamam de bonzinhos? Nada disso! No nosso primeiro \u201cn\u00e3o\u201d v\u00eam as caras fechadas. E com elas a nossa inseguran\u00e7a de n\u00e3o estar sempre \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o. \u00c9 um perigo esse jogo! Mas vivo nele e claro, sou perdedora contumaz, como se fosse uma corda que enla\u00e7a delicadamente e depois aperta e sufoca. Assim vivo eu e os que sempre dizem \u201csim\u201d, enredados num caminho que mais d\u00f3i que faz bem!<\/p>\n

Dizer \u201csim\u201d todo o tempo \u00e9 uma patologia, com certeza! \u00c9 a necessidade de agradar, ou vergonhosamente de dizer: \u201cClaro!\u201d, \u201cEu posso!\u201d, \u201cEu fa\u00e7o!\u201d, \u201cPode deixar!\u201d e por a\u00ed vai, como se fazendo isso, n\u00f3s, os da turma do \u201csim\u201d, nos fiz\u00e9ssemos amados ou superiores, querendo mostrar que somos capazes de ajudar e absolutamente incapazes de virarmos as costas \u00e0s pessoas.<\/p>\n

Eu sou uma lerda, assumida! Nessa do n\u00e3o saber dizer \u201cn\u00e3o\u201d, levam junto at\u00e9 minha pressuposta intelig\u00eancia, pois h\u00e1 vezes em que me mentem para que eu diga “sim”, e descubro depois, mas a\u00ed o estrago j\u00e1 foi feito. Tenho hist\u00f3rias ruins das in\u00fameras vezes em que o meu \u201csim\u201d deu-me rasteiras, deixando em mim a sensa\u00e7\u00e3o de ser tola por ter sido passada a perna por aquilo que eu julgava ser bondade.<\/p>\n

\u201cN\u00e3o se comprometa, se n\u00e3o pode faz\u00ea-lo. S\u00f3 fa\u00e7a aquilo que se sinta capaz em sua execu\u00e7\u00e3o.\u201d, dizem os livros de autoajuda. \u00a0O fato \u00e9 que eu nem penso se posso ou n\u00e3o posso. Pediu? Levou! E adivinhem quem sofre as consequ\u00eancias? Enquanto esse ou aquele se livra da pr\u00f3pria tarefa, estou eu com as costas ainda mais curvadas pelo excesso. E foi-se meu dia com minhas prioridades. A cara de tacho deve ficar bem aparente, pois percebo que naquela incapacidade de dizer \u201cn\u00e3o\u201d, eu corri, fui atr\u00e1s, fiz e desfiz, e do que era meu e necess\u00e1rio, ficou s\u00f3 o cansa\u00e7o.<\/p>\n

Por tudo isso, num determinado per\u00edodo de minha vida, eu comecei a afastar-me das pessoas. Foi um escapismo para n\u00e3o ter que aceitar o que n\u00e3o devo assumir. No servi\u00e7o, n\u00e3o por medo do chefe, mas pela necessidade de provar que tudo podia, fui sempre a que estava sempre \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o, quer fosse no per\u00edodo normal de trabalho ou at\u00e9 mesmo \u00e0s quatro horas da manh\u00e3, afinal, eu \u201cprecisava\u201d fazer. Precisava nada! Metia os p\u00e9s pelas m\u00e3os e, enquanto os demais dormiam tranquilos, ganhando seus sal\u00e1rios habituais, eu passava noites em claro, tamb\u00e9m ganhando meu sal\u00e1rio habitual.<\/p>\n

N\u00f3s, os viciados no \u201cSim!\u201d, temos consci\u00eancia de que \u00e9 preciso dizer \u201cN\u00e3o!\u201d, \u201cN\u00e3o quero!\u201d, \u201cN\u00e3o posso!\u201d, \u201cN\u00e3o farei isso!\u201d, mas desde que n\u00e3o nos pe\u00e7am nada. Se nos pedem, esquecemo-nos de tudo, e l\u00e1 vamos n\u00f3s, deixando para tr\u00e1s nossos afazeres e alertas que jamais cumpriremos! Necessitamos de tratamento!<\/p>\n

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