{"id":32685,"date":"2017-06-05T00:47:27","date_gmt":"2017-06-05T03:47:27","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=32685"},"modified":"2022-08-26T18:56:06","modified_gmt":"2022-08-26T21:56:06","slug":"quentin-massys-o-banqueiro-e-sua-mulher","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/quentin-massys-o-banqueiro-e-sua-mulher\/","title":{"rendered":"Quentin Massys \u2013 O BANQUEIRO E SUA MULHER"},"content":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho \u00a0\u00a0\u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 <\/a> \u00a0 \u00a0 <\/a><\/p>\n O pintor holand\u00eas Quentin Massys<\/em> (c.1465 \u2013 1530) \u00e9 tido como respons\u00e1vel pela funda\u00e7\u00e3o da escola de pintura da Antu\u00e9rpia. Presume-se que tenha iniciado seus estudos sobre pintura na B\u00e9lgica, cidade onde nasceu, indo a seguir para Antu\u00e9rpia, onde participou da Guilda de S\u00e3o Lucas. O artista ficou famoso por ter sido o primeiro pintor holand\u00eas a compor figuras humanas sem levar em conta a iconografia tradicional crist\u00e3, mostrando-as operando livremente no seu dia a dia. Ele pertenceu \u00e0 mesma \u00e9poca de Albrecht D\u00fcrer, Hans Holbein, o Velho, entre outros nomes da pintura flamenga.<\/p>\n A composi\u00e7\u00e3o intitulada O Banqueiro e sua Mulher<\/em>, tamb\u00e9m conhecida como O Cambista e sua Mulher<\/em>, \u00e9 uma obra do artista, sendo um bom exemplo da influ\u00eancia da primitiva pintura flamenga, t\u00e3o caracter\u00edstica do estilo do pintor. \u00c9 vista como uma das primeiras cenas de cotidiano da hist\u00f3ria da arte. \u00c9 interessante saber que esta pintura, ap\u00f3s mais de um s\u00e9culo de sua exist\u00eancia, apareceu pintada, como um quadro dentro de outro, conforme mostra a gravura menor, denominada \u201cA Oficina de Apolo\u201d, obra do pintor Willem van Haecht. E voc\u00ea, como bom observador que \u00e9, dever\u00e1 encontr\u00e1-la ali (amplie a foto menor clicando nela).<\/p>\n O artista, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 sua pintura acima, deixou aos cr\u00edticos a dif\u00edcil miss\u00e3o de nome\u00e1-la. Seria um retrato duplo, uma cena de g\u00eanero ou uma alegoria religiosa? Para alguns se trata de uma obra aleg\u00f3rica e moral, que despreza a avareza e louva a honestidade e a ora\u00e7\u00e3o. Naquela \u00e9poca, os artistas usavam a pintura como ensinamento, condenando os v\u00edcios e mostrando \u00e0s pessoas que a vida humana \u00e9 fr\u00e1gil e passageira. Esta pintura de Massys lembra-nos \u201cSanto Eloi\u201d (presente aqui no site), obra de Petrus Christus, tanto no seu detalhamento quanto nas figuras enormes. Ao longo dos anos, esta composi\u00e7\u00e3o tem sido copiada e replicada. O espelho presente na obra tamb\u00e9m nos lembra \u201cO Casal Arnolfini\u201d (tamb\u00e9m presente aqui), obra de Jan van Eyck. As roupas arcaicas, anterior \u00e0 \u00e9poca da cria\u00e7\u00e3o da obra, jogam por terra a teoria de que se trata de um retrato duplo.<\/p>\n A cena mostra um casal rico, sentado diante de uma mesa forrada com um pano verde. As duas figuras monumentais, sim\u00e9tricas e enquadradas, ocupando a maior parte do painel, s\u00e3o o foco de aten\u00e7\u00e3o da obra. O marido veste um casaco azul-cinzento e uma esp\u00e9cie de chap\u00e9u verde, enquanto a esposa usa um vestido vermelho e uma coifa branca, adornada com um alfinete de ouro, na testa. Acima da touca ela usa certo tipo de chap\u00e9u. As mangas e gola das vestimentas de ambos s\u00e3o de pele. A mulher usa an\u00e9is de ouro no dedo mindinho da m\u00e3o direita e o homem no dedo indicador do mesmo lado.\u00a0 A m\u00e3o esquerda de ambos realiza o mesmo gesto pendente no ar: ela segurando a p\u00e1gina do livro e ele a balan\u00e7a.<\/p>\n O marido mostra-se extremamente concentrado em seu trabalho. Traz uma balan\u00e7a na m\u00e3o esquerda e uma moeda na direita. \u00c0 sua frente est\u00e3o quatro an\u00e9is de ouro com pedras preciosas, enfiados num canudo de papel, uma ta\u00e7a de cristal e ouro, um monte de p\u00e9rolas sobre uma bolsa de pano preto, tidas como s\u00edmbolo da lux\u00faria, moedas de ouro de diferentes pa\u00edses e \u00e9pocas e objetos usados para pesar. A esposa tira sua aten\u00e7\u00e3o do livro que l\u00ea, ou seja, de sua obriga\u00e7\u00e3o espiritual, para centr\u00e1-la no servi\u00e7o do marido. O grosso “Livro de Horas”, ricamente adornado, \u00e9 uma obra de devo\u00e7\u00e3o, conforme mostra a figura da Virgem Maria com seu Menino Jesus. A p\u00e1gina, onde a mulher descansa a m\u00e3o, tem como imagem um cordeiro, s\u00edmbolo relativo ao Apocalipse. O livro de ora\u00e7\u00f5es representa o mundo espiritual e a balan\u00e7a o material.<\/p>\n Um espelho convexo e redondo est\u00e1 colocado em primeiro plano, pr\u00f3ximo ao encontro dos bra\u00e7os dos dois personagens. Trata-se de um objeto muito usado na pintura flamenga, com dois objetivos: criar um elo com o espa\u00e7o e emoldurar a cena refletida. O espelho em quest\u00e3o reproduz a imagem de um homem de p\u00e9, aparentemente lendo um livro, em frente a uma janela dividida em cruz, que se abre para fora, onde se v\u00ea a torre g\u00f3tica de uma igreja e outra edifica\u00e7\u00e3o. Este homem estaria de frente \u00e0 mesa. Seria ele um cliente? Na lateral direita da composi\u00e7\u00e3o, atrav\u00e9s de uma porta entreaberta, v\u00ea-se um velho e um jovem conversando na rua. O homem idoso parece admoestar o jovem sobre os perigos de entrar naquele lugar.<\/p>\n Ao fundo, atr\u00e1s do casal, encontra-se uma estante de madeira com duas prateleiras \u00e0 vista. Os objetos ali dispostos t\u00eam por objetivo refor\u00e7ar a mensagem moral do painel. No canto direito da prateleira mais baixa, atr\u00e1s do chap\u00e9u da mulher, v\u00ea-se uma vela apagada, enquanto na prateleira mais alta encontra-se uma ma\u00e7\u00e3. Os dois objetos, s\u00edmbolos da morte, aludem ao pecado original e \u00e0 fugacidade da vida. A garrafa com \u00e1gua, situada \u00e0 esquerda da primeira prateleira, e o ros\u00e1rio dependurado logo abaixo, simbolizam a inoc\u00eancia e pureza da Virgem Maria, e a diminuta caixa de madeira, logo abaixo do ros\u00e1rio, simboliza a aus\u00eancia de f\u00e9.<\/p>\n Ficha t\u00e9cnica Fontes de pesquisa Views: 33<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Autoria de Lu Dias Carvalho \u00a0\u00a0\u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0 \u00a0\u00a0 \u00a0 \u00a0 O pintor holand\u00eas Quentin Massys (c.1465 \u2013 1530) \u00e9 tido como respons\u00e1vel pela funda\u00e7\u00e3o da escola de pintura da Antu\u00e9rpia. 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\n<\/strong><\/p>\n
\n<\/u>Ano: 1514
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre madeira
\nDimens\u00f5es: 71 x 68 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Museu do Louvre, Paris, Fran\u00e7a<\/p>\n
\n<\/u>Enciclop\u00e9dia dos Museus\/ Mirador
\n1000 obras-primas da pintura europeia\/ K\u00f6nemann
\nhttp:\/\/www.louvre.fr\/en\/oeuvre-notices\/moneylender-and-his-wife
\nhttps:\/\/pt.wikipedia.org\/wiki\/O_cambista_e_a_sua_mulher_(Matsys)<\/p>\n