{"id":33038,"date":"2017-07-03T21:13:57","date_gmt":"2017-07-04T00:13:57","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=33038"},"modified":"2017-07-03T21:13:57","modified_gmt":"2017-07-04T00:13:57","slug":"tiao-paineira-o-mundo-comecou-com-o-barro","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/tiao-paineira-o-mundo-comecou-com-o-barro\/","title":{"rendered":"Ti\u00e3o Paineira: O MUNDO COME\u00c7OU COM O BARRO"},"content":{"rendered":"

Autoria de Luiz Cruz<\/strong><\/p>\n

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Sebasti\u00e3o Augusto de Freitas nasceu em Tiradentes, em 23 de abril de 1928. \u00c9 homem privilegiado, pois tem dois santos guerreiros como protetores: S\u00e3o Sebasti\u00e3o e S\u00e3o Jorge. \u00c9 o nosso querido Ti\u00e3o Paineira \u2013 Paineira \u00e9 apelido de fam\u00edlia. No quintal de seu bisav\u00f4 existia uma gigantesca \u00e1rvore de paina e desde essa \u00e9poca todos se referem aos \u201cPaineira\u201d. Casou-se com Maria Jos\u00e9 de Freitas, que nascera em Barroso. Ela foi o amor de sua vida e nos conta que a \u201cconheceu quando passeava se agradou do Ti\u00e3o, que era bom das vistas, andava arrumadinho e ela achou gra\u00e7a em mim.\u201d. Tiveram nove filhos e agora t\u00eam oito netos.<\/span><\/p>\n

Desde muito cedo, com mais ou menos 12 anos, aprendeu o of\u00edcio da profiss\u00e3o de ceramista com o pai \u2013 que havia aprendido com seu av\u00f4.\u00a0 Morou na V\u00e1rzea de Baixo durante muitos anos e para fazer suas pe\u00e7as, tirava barro do barreiro da Cer\u00e2mica Progresso. Suas pe\u00e7as eram queimadas em um formo feito num barranco. Esse tipo de forno \u00e9 chamado \u201ccrivo\u201d e era assim que os ind\u00edgenas, seus antepassados, queimavam a cer\u00e2mica. Quando se mudou para o Cuiab\u00e1, passou a buscar o barro na V\u00e1rzea do Gualter. Um trabalho pesado, mas foi com ele que conseguiu criar a fam\u00edlia. Do barro fez milhares de pe\u00e7as: potes, vasos, bias, moringas, panelas, pratos, bules e apitos, al\u00e9m de obras art\u00edsticas.<\/span><\/p>\n

Homem de cultura simples, mas ex\u00edmio contador de hist\u00f3rias, com amplo vocabul\u00e1rio e muita criatividade. Ti\u00e3o Paineira recebe estudantes e turistas de v\u00e1rias partes do Brasil, n\u00e3o somente pela cer\u00e2mica, mas tamb\u00e9m para ouvir suas hist\u00f3rias fabulosas recriadas, ou mesmo contando como conseguiu criar seus \u201cbarrigudinhos\u201d. Conta com imensur\u00e1vel orgulho os casos dos antepassados ind\u00edgenas, dos quais herdou o of\u00edcio de ceramista.<\/span><\/p>\n

\u201cCaminh\u00e3o de um olho s\u00f3!\u201d, assim se autodenomina, em consequ\u00eancia de um acidente, quando perdeu uma vista, devido a exposi\u00e7\u00e3o \u00e0 alta temperatura e ao frio: \u201cEstava queimando as cer\u00e2micas e tive que carregar um caminh\u00e3o com as minhas mercadorias e com isso perdi uma vista.\u201d. Fica muito orgulhoso quando nos conta que seu filho Jos\u00e9 Vicente de Freitas aprendeu o of\u00edcio da cer\u00e2mica e vai manter a tradi\u00e7\u00e3o familiar.<\/span><\/p>\n

Gostava de passear em companhia de sua dona, a Maria Jos\u00e9, a quem tem imenso amor e profunda admira\u00e7\u00e3o, e a levava para todos os lados. Ti\u00e3o ainda nos revela que \u201cela era muito ciumenta \u2013 n\u00e3o dava problema \u2013 eu gostava muito daquele ci\u00fame. Me fazia bem, me arrumava mais, cuidava mais do cabelo\u201d. Gostava de dan\u00e7ar em casa com a dona, quando fazia festa nos \u201cjaneiros\u201d e a casa enchia de alegria. Teve um terreno no Capote, onde lavrou por muitos anos, mas teve que vender, pois os \u201cjaneiros\u201d foram pesando.<\/span><\/p>\n

Perdeu sua dona e ficou vi\u00favo. \u00c9 com tristeza que fala: \u201cOs bons ternos v\u00e3o e vai ficando s\u00f3 o palet\u00f3 rasgado.\u201d. Mas logo recupera a alegria ao retomar a fala sobre o trabalho: \u201cCom a cer\u00e2mica n\u00e3o deu para ficar rico, mas deu para ficar nobre.\u201d e arremata dizendo que \u201cDeus come\u00e7ou o mundo com o barro, a minha mat\u00e9ria-prima.\u201d.<\/span><\/p>\n

A primeira edi\u00e7\u00e3o do Festival de Artes e Tradi\u00e7\u00f5es de Tiradentes homenageia Ti\u00e3o Paineira com uma pequena mostra, na Casa de Cultura da UFMG, Rua Padre Toledo, 158, aberta nos dias 7, 8 e 9 de julho.<\/span><\/p>\n

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