<\/a><\/p>\n\u00c9 um grande exerc\u00edcio de mem\u00f3ria a compara\u00e7\u00e3o do que se tornou o Carnaval carioca com aquilo que tamb\u00e9m j\u00e1 era a maior festa popular, especialmente no Rio de Janeiro, mesmo nos anos trinta.<\/span><\/p>\nEm Copacabana, a grande atra\u00e7\u00e3o era o desfile dos carros abertos pela Avenida Atl\u00e2ntica. Muita gente, principalmente as mo\u00e7as, em belas fantasias, atiravam confetes e serpentinas. As mais frequentes fantasias eram de pierr\u00f4, colombina, pirata, toureiro, odalisca e o \u201cFlit\u201d. Uma que me ficou gravada, pela sua originalidade e ocasi\u00e3o, era a de \u201csoldado mata-mosquito\u201d, em uniforme, com a maquininha de \u201cFlit\u201d, o inseticida usado no combate \u00e0queles insetos, em campanha nacional.<\/span><\/p>\n\u00c9 desse per\u00edodo a elei\u00e7\u00e3o do primeiro Rei Momo. Pelas cal\u00e7adas tamb\u00e9m desfilavam foli\u00f5es com fantasias e havia concentra\u00e7\u00f5es deles e \u201cmascarados\u201d nas \u201cbatalhas de confetes\u201d e \u201clan\u00e7a-perfumes\u201d. O lan\u00e7a-perfume ainda era, para a maioria, uma brincadeira ing\u00eanua. A coisa mais atrevida era esguich\u00e1-lo nas costas e nos decotes das mo\u00e7as, especialmente das mais bonitas e exuberantes. Era importado, em frascos de vidro, ou em tubos met\u00e1licos.<\/span><\/p>\nOs blocos ou \u201cbatucadas\u201d vinham principalmente dos morros e eram constitu\u00eddos em sua maioria por gente negra e mais humilde. O desfile de carros aleg\u00f3ricos, puxados por burros dos carros de lixo da Prefeitura, era organizado pelas \u201cgrandes sociedades\u201d: os \u201cFenianos\u201d, os \u201cTenentes do Diabo\u201d, \u201cDemocr\u00e1ticos\u201d, dentre outros, e eram feitos na Avenida Rio Branco, no centro da cidade, vindo na dire\u00e7\u00e3o do obelisco. Os anos trinta marcaram tamb\u00e9m a consagra\u00e7\u00e3o das marchinhas de carnaval. Certamente uma das de maior sucesso e, por isso, ficou gravada em minha mem\u00f3ria foi \u201cO teu cabelo n\u00e3o nega\u201d de Lamartine Babo.<\/span><\/p>\nAcompanhando meus pais para assistir ao desfile das grandes sociedades \u00a0na\u00a0 Avenida \u00a0Rio \u00a0Branco, \u00a0vi \u00a0e\u00a0 ouvi \u00a0as \u00a0primeiras refer\u00eancias aos bailes do Municipal, embora nunca tivesse entrado nele naqueles anos. Get\u00falio Vargas parece ter sido o primeiro pol\u00edtico a entender o Carnaval como meio de comunica\u00e7\u00e3o, especialmente em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s classes mais pobres da sociedade.<\/span><\/p>\nNota:<\/u> Extra\u00eddo do livro \u201cCorrupira\u201d, ainda in\u00e9dito, do autor.<\/span><\/p>\nImagem:<\/u> Carnaval<\/em>, obra de Di Cavalcanti<\/span><\/p>\nViews: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria do Prof. Rodolpho Caniato \u00c9 um grande exerc\u00edcio de mem\u00f3ria a compara\u00e7\u00e3o do que se tornou o Carnaval carioca com aquilo que tamb\u00e9m j\u00e1 era a maior festa popular, especialmente no Rio de Janeiro, mesmo nos anos trinta. Em Copacabana, a grande atra\u00e7\u00e3o era o desfile dos carros abertos pela Avenida Atl\u00e2ntica. Muita gente, […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[16],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/33123"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=33123"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/33123\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":33898,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/33123\/revisions\/33898"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=33123"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=33123"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=33123"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}