{"id":33132,"date":"2017-07-13T15:49:19","date_gmt":"2017-07-13T18:49:19","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=33132"},"modified":"2017-07-13T18:10:10","modified_gmt":"2017-07-13T21:10:10","slug":"a-funcao-de-uma-boa-escola","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/a-funcao-de-uma-boa-escola\/","title":{"rendered":"A FUN\u00c7\u00c3O DE UMA BOA ESCOLA"},"content":{"rendered":"

Autoria do Prof. Rodolpho Caniato<\/strong><\/span><\/p>\n

\"\"<\/a><\/p>\n

A fala do professor geralmente \u00e9 a \u201cfonte\u201d que reproduz as coisas que est\u00e3o escritas no livro did\u00e1tico. Isso agrava a car\u00eancia na habilidade de ler dos nossos alunos. Essa car\u00eancia \u00e9 t\u00e3o grave que se estende aos n\u00edveis mais altos de escolaridade, at\u00e9 mesmo \u00e0 p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o, com reflexos no desempenho dos indiv\u00edduos e no desenvolvimento do pa\u00eds. Nosso ensino \u00e9 feito quase que exclusivamente pelo discurso do professor. Quase nada fica do “quase tudo” que pensamos ter ensinado, quando se usa o \u201cm\u00e9todo\u201d apenas discursivo ou de copiar. <\/span>A aus\u00eancia na escola de qualquer atividade inteligente que envolva tamb\u00e9m as m\u00e3os \u00e9 uma das deformidades de nossa cultura. Essa deforma\u00e7\u00e3o se propaga e constitui um dos problemas das elites intelectuais nos pa\u00edses \u201csub\u201d desenvolvidos. <\/span><\/p>\n

Sabemos fazer discursos sobre \u201csolu\u00e7\u00f5es\u201d, mas sabemos fazer muito pouco de fato. Este n\u00e3o \u00e9 um problema s\u00f3 do ensino fundamental e m\u00e9dio. Grande parte das institui\u00e7\u00f5es de ensino superior \u00e9 de uma enorme pobreza na capacidade de realizar qualquer coisa que n\u00e3o seja \u201caula te\u00f3rica\u201d. Quando se trata de ensino de alguma \u00e1rea das chamadas ci\u00eancias da Natureza ou simplesmente Ci\u00eancia, isso produz uma grande e grave deforma\u00e7\u00e3o. Aprende-se a “falar” sobre as coisas, mas se sabe “fazer” muito pouco com elas. Ao longo de d\u00e9cadas de meu trabalho com professores de Ci\u00eancias e de F\u00edsica ficou para mim evidente que muitos de nossos cursos s\u00e3o parecidos a cursos de nata\u00e7\u00e3o feitos por correspond\u00eancia: aprendemos a falar sobre a import\u00e2ncia da nata\u00e7\u00e3o, mas n\u00e3o nos atrevemos a entrar na \u00e1gua.<\/span><\/p>\n

O constante exerc\u00edcio de uma postura passiva, de s\u00f3 se sentar e ouvir, acaba por atrofiar a iniciativa dos jovens, formando muito mais \u201csentistas\u201d que cientistas. A iniciativa \u00e9 um dos ingredientes indispens\u00e1veis ao progresso do indiv\u00edduo e das na\u00e7\u00f5es. Nossa escola, pela postura passiva que estimula a imobilidade como \u201cbom comportamento\u201d, exercita a passividade e atrofia a iniciativa. A dificuldade de exprimir-se com clareza ao falar denota a grande falta de oportunidade de exercitar-se essa habilidade, pois:<\/span><\/p>\n

1. \u00c9 a ESCOLA o lugar em que se deve exercitar a verbaliza\u00e7\u00e3o de argumentos<\/em>. <\/span><\/p>\n

2. \u00c9 tamb\u00e9m a ESCOLA o lugar em que, nas DISCUSS\u00d5ES, o jovem deve aprender a exercitar a oportunidade em que se deve calar para ouvir os argumentos dos outros<\/em>. Democracia se aprende exercitando suas regras desde cedo: na ESCOLA, principalmente. <\/span><\/p>\n

3. \u00c9 tamb\u00e9m na ESCOLA que devemos exercitar o conv\u00edvio com as diferen\u00e7as de todos os tipos: ra\u00e7a, credo religioso, orienta\u00e7\u00e3o pol\u00edtica ou de g\u00eanero, defici\u00eancias f\u00edsicas e outras. <\/span><\/p>\n

A ESCOLA pode e deve ser tolerante com as diferen\u00e7as, mas intransigente com a burla e a fraude. Mais importante que discursos sobre \u00c9TICA \u00e9 o exerc\u00edcio do respeito a pessoas e institui\u00e7\u00f5es em todas as atividades, dentro e fora das classes. Portanto, o<\/span> papel da ESCOLA e do PROFESSOR deve e pode ser uma esp\u00e9cie de \u201crampa\u201d para a \u201cdecolagem\u201d definitiva e independente do indiv\u00edduo rumo a um \u201cvoo\u201d com autonomia para continuar a crescer em conhecimento, pelos seus pr\u00f3prios meios. A ESCOLA e o PROFESSOR devem, e podem, ser as coisas de que nos recordaremos por toda a vida com admira\u00e7\u00e3o, gratid\u00e3o e respeito pelo \u201cbalizamento\u201d que nos guiaram e com as boas\u00a0 lembran\u00e7as das pessoas que nos proporcionaram a \u201cpista\u201d para uma boa \u201cdecolagem\u201d com nossos \u201cmotores\u201d em nosso \u201cvoo\u201d pela vida e pelo Mundo.<\/span><\/p>\n

Nota:<\/u> texto extra\u00eddo do livro \u201cNossa Escola Quase In\u00fatil\u201d, 2006, in\u00e9dito
\nImagem: A Li\u00e7\u00e3o de Anatomia do Dr. Tulp<\/em>, obra de Rembrandt<\/span><\/p>\n

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