{"id":33167,"date":"2017-07-18T16:15:57","date_gmt":"2017-07-18T19:15:57","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=33167"},"modified":"2017-07-19T17:09:49","modified_gmt":"2017-07-19T20:09:49","slug":"a-vida-no-brejo-e-o-luar-do-sertao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/a-vida-no-brejo-e-o-luar-do-sertao\/","title":{"rendered":"A VIDA NO BREJO E O LUAR DO SERT\u00c3O"},"content":{"rendered":"

Autoria do Prof. Rodolpho Caniato<\/strong><\/span><\/p>\n

\"\"<\/a><\/p>\n

As luzes da jovem e vaidosa Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, tinham sido substitu\u00eddas, para mim, pela escurid\u00e3o e tamb\u00e9m pelo luar do sert\u00e3o, coisas que eu nunca imaginara at\u00e9 entr\u00e3o. O c\u00e9u da cidade, cuja presen\u00e7a eu nem notara, agora se apresentava num esplendor que me deixaria deslumbrado e cativo para o resto da minha vida. Era preciso aprender a andar na escurid\u00e3o, pelos caminhos r\u00fasticos trafegados apenas a p\u00e9, por carro\u00e7as ou algum cavaleiro. O luar desconhecido da cidade, agora, no meio rural, al\u00e9m da poesia, tornava os caminhos bem vis\u00edveis, mudava muito a vida da gente. Das noites no sert\u00e3o ficaram em mim impress\u00f5es e lembran\u00e7as que nunca se apagariam.<\/span><\/p>\n

Al\u00e9m do luar e do c\u00e9u estrelado havia a familiaridade com todo um mundo de ru\u00eddos da noite: os latidos distantes dos c\u00e3es que guardavam seus terreiros, as corujas e os curiangos piando seus solos e, como grande coral, o coaxar da saparia pelos brejos. Se todo o mato tem uma grande variedade de ru\u00eddos noturnos, os brejos t\u00eam algo de especial. A\u00ed vivem, numa imensa variedade e proximidade, sapos, sapinhos, sap\u00f5es, r\u00e3s e pererecas, al\u00e9m de aves, cobras e uma multid\u00e3o de insetos a\u00e9reos e terrestres. No ver\u00e3o, essa variedade se enriquece com pirilampos que riscam com sua suave luz a escurid\u00e3o da noite. \u00a0\u00c9 interessante que essa espantosa variedade de seres vivos \u201cd\u00e1 expediente\u201d principalmente \u00e0 noite. Toda essa imensa diversidade de vida \u201cfunciona\u201d plenamente na mais completa escurid\u00e3o.<\/span><\/p>\n

Algumas dessas \u201cdescobertas\u201d eu pude fazer muito cedo, ainda crian\u00e7a. Com um prec\u00e1rio lampi\u00e3o a querosene ou com a mais \u201cavan\u00e7ada tecnologia\u201d da \u00e9poca: um lampi\u00e3o a carbureto. Com ele, eu fazia \u201cexpedi\u00e7\u00f5es\u201d para pescar em pequenos riachos ou para ca\u00e7ar r\u00e3s, logo depois das chuvas. A simples presen\u00e7a de uma pequena luz, n\u00e3o s\u00f3 mostra como alvoro\u00e7a toda a vida do brejo, mas tamb\u00e9m a que existe ao seu redor. A forte impress\u00e3o sobre a grande variedade de bichos e a presen\u00e7a perturbadora da luz sobre a vida do brejo ganhariam, no futuro, para mim, um significado muito maior.<\/span><\/p>\n

Nota:<\/u> Extra\u00eddo do livro \u201cCorrupira\u201d, ainda in\u00e9dito, do autor.
\nImagem: Meninos Brincando<\/em>, obra de Portinari<\/span><\/p>\n

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato As luzes da jovem e vaidosa Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, tinham sido substitu\u00eddas, para mim, pela escurid\u00e3o e tamb\u00e9m pelo luar do sert\u00e3o, coisas que eu nunca imaginara at\u00e9 entr\u00e3o. O c\u00e9u da cidade, cuja presen\u00e7a eu nem notara, agora se apresentava num esplendor que me deixaria […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[16],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/33167"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=33167"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/33167\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":33261,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/33167\/revisions\/33261"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=33167"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=33167"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=33167"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}