\u00a0<\/strong>A<\/u> Ecl\u00edptica<\/u><\/p>\nVoc\u00ea certamente sabe que uma bicicleta se equilibra mais facilmente em movimento que parada. Isso porque uma roda em rota\u00e7\u00e3o tende a manter a dire\u00e7\u00e3o de seu eixo. \u00c9 sabido tamb\u00e9m que se voc\u00ea atirar um disco, deve faz\u00ea-lo rodar: rodando ele tende a manter o plano em que est\u00e1 girando, independentemente de seu deslocamento. Isso tem a ver com as mesmas causas que fazem um pi\u00e3o manter-se de p\u00e9 enquanto estiver rodando. Parado, ele cai. O pi\u00e3o, enquanto estiver rodando, vai fazer tamb\u00e9m aquele \u201cbamboleio\u201d caracter\u00edstico de seu eixo.<\/p>\n
Vale a pena voltar a um experimento cl\u00e1ssico para entender a precess\u00e3o<\/em>. \u00a0Imagine uma roda de bicicleta com apenas um peda\u00e7o de eixo saliente para cada lado, de tal maneira que voc\u00ea possa segurar com cada uma de suas m\u00e3os cada uma das extremidades do eixo, mantendo a roda entre seus bra\u00e7os. Se a roda n\u00e3o estiver girando, voc\u00ea poder\u00e1 desloc\u00e1-la em qualquer dire\u00e7\u00e3o assim como mudar a dire\u00e7\u00e3o do eixo. Imagine agora que a roda \u00e9 posta a girar. Voc\u00ea poder\u00e1 ir para frente, para tr\u00e1s, para cima e para baixo, sem que nada tenha mudado por conta da rota\u00e7\u00e3o da roda. Voc\u00ea tamb\u00e9m pode mudar a dire\u00e7\u00e3o do eixo: \u201ctorcer\u201d o eixo para qualquer outra dire\u00e7\u00e3o. Enquanto voc\u00ea segura a roda pelas duas extremidades do eixo, pe\u00e7a a algu\u00e9m que fa\u00e7a a roda girar com a maior velocidade poss\u00edvel. Repita os movimentos para frente, para tr\u00e1s, para cima e para baixo. Tudo ser\u00e1 como quando a roda estava parada.<\/p>\nAgora, aten\u00e7\u00e3o! Com a roda ainda girando, tente mudar a dire\u00e7\u00e3o do eixo… voc\u00ea agora vai notar que algo muito \u201cdiferente\u201d acontece… o eixo \u201cresistir\u00e1\u201d e \u201creagir\u00e1\u201d de forma diferente daquela de quando a roda estava parada.\u00a0 Repita o experimento e notar\u00e1 que quando voc\u00ea o torce <\/em>o eixo, ele \u201cquer fazer\u201d um \u201cbamboleio\u201d. \u00c9 esse mesmo efeito que se aplica sobre a Terra, ou melhor, sobre o \u201cpneu\u201d de seu incha\u00e7o equatorial. Sem esse \u201cincha\u00e7o\u201d o eixo de nosso \u201cpi\u00e3o\u201d terrestre n\u00e3o ficaria sujeito a tor\u00e7\u00e3o<\/em> para \u201cbambolear\u201d.<\/p>\nA maior parte dessa tor\u00e7\u00e3o<\/em> \u00e9 devida \u00e0 maior for\u00e7a de atra\u00e7\u00e3o exercida sobre a Terra que \u00e9 a atra\u00e7\u00e3o do Sol. Em menor escala, a da Lua tamb\u00e9m contribui para esse efeito. Se a Terra fosse perfeitamente esf\u00e9rica todas essas for\u00e7as, mesmo existindo da mesma maneira, com a mesma intensidade, n\u00e3o teriam como fazer \u201ctorcer\u201d o eixo da Terra. Assim seu eixo continuaria sempre na mesma dire\u00e7\u00e3o. \u00c9 o maior di\u00e2metro equatorial da Terra, o seu \u201cincha\u00e7o\u201d equatorial, a condi\u00e7\u00e3o que faz aparecer o torque que\u00a0 produz o \u201cbamboleio\u201d de seu eixo . A parte mais importante desse \u201cbamboleio\u201d ou precess\u00e3o<\/em> \u00e9 a\u00a0 mudan\u00e7a lenta na dire\u00e7\u00e3o do eixo\u00a0 de nosso \u201cpi\u00e3o\u201d terrestre.\u00a0 \u00c9 essa lenta mudan\u00e7a na dire\u00e7\u00e3o do eixo da Terra que, levando consigo seu equador<\/em>, produz o deslocamento do encontro deste, equador, com o plano da \u00f3rbita terrestre, a ecl\u00edptica<\/em>.<\/p>\nAgora ent\u00e3o, voc\u00ea pode entender que o eixo do incha\u00e7o da Terra, assim como o eixo da roda de bicicleta, sujeito ao torque<\/em> (de torcer), faz um \u201cbamboleio\u201d, como e eixo de um pi\u00e3o. Fazendo esse \u201cbamboleio\u201d a Terra leva seu equador<\/em> e, por isso, faz mudar o encontro deste com o plano da ecl\u00edptica<\/em>. Voc\u00ea pode visualizar esse movimento espetando qualquer bolinha por uma agulha de tric\u00f4.\u00a0 A agulha serve para materializar o eixo de sua \u201cTerra\u201d. Segurando as extremidades da agulha voc\u00ea pode reproduzir a \u201cbamboleio\u201d do eixo fazendo cada uma das extremidades descreva uma circunfer\u00eancia.<\/p>\nHoje sabemos que a mudan\u00e7a de dire\u00e7\u00e3o do eixo \u00e9 um pouco maior (50\u00b4\u00b4\/ano) que a encontrada por Hyparco<\/em> (46\u00b4\u00b4\/ano).\u00a0 Isso significa que uma \u00fanica volta desse \u201cbamboleio\u201d leva cerca de 26.000 anos<\/em> para se completar. Mesmo passados os cerca de 2200 anos depois de Hyparco,<\/em> o eixo de nosso \u201cpi\u00e3o\u201d terrestre mudou sua dire\u00e7\u00e3o em menos de 1\/12 da volta. \u00a0\u00c9 esse deslocamento que fez o ponto equinocial recuar sobre a ecl\u00edptica, passando da constela\u00e7\u00e3o de \u00c1ries para Peixes, quase na constela\u00e7\u00e3o de Aqu\u00e1rio. Voltando \u00e0 sua agulha de tric\u00f4, voc\u00ea pode reproduzir esse efeito, rodando cada uma das extremidades de agulha. Assim voc\u00ea estar\u00e1 materializando o cone imagin\u00e1rio descrito pelo eixo, tamb\u00e9m imagin\u00e1rio, enquanto gira. O que quer dizer que o ponto vernal ou equin\u00f3cio<\/em> se moveu pouco menos que a amplitude de um \u201csigno\u201d, 1\/12 da volta em pouco mais de 2.000 anos.<\/p>\nViews: 0<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria do Prof. Rodolpho Caniato \u00a0A Ecl\u00edptica Voc\u00ea certamente sabe que uma bicicleta se equilibra mais facilmente em movimento que parada. Isso porque uma roda em rota\u00e7\u00e3o tende a manter a dire\u00e7\u00e3o de seu eixo. \u00c9 sabido tamb\u00e9m que se voc\u00ea atirar um disco, deve faz\u00ea-lo rodar: rodando ele tende a manter o plano em […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[9],"tags":[],"class_list":["post-34549","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-cronicas"],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/34549","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=34549"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/34549\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":34609,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/34549\/revisions\/34609"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=34549"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=34549"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=34549"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}