<\/a><\/p>\nDepois de sua visita \u00e0 C\u00e2mara Federal e ao Senado, Xandeco, o marciano, tirou o resto da semana para refletir sobre o que presenciara e tamb\u00e9m vira na m\u00eddia da capital brasileira, embora alguns fatos chegassem a ele \u00e0 boca pequena<\/em>. Nenhuma das duas casas visitadas deixara-lhe uma boa impress\u00e3o, pois, apesar dos entreveros \u00e0s claras<\/em>, ele sabia muito bem que o destino da na\u00e7\u00e3o \u00e9 resolvido \u00e0 chucha calada<\/em>, quando todos os gatos s\u00e3os pardos,\u00a0<\/em> quando o filho chora e m\u00e3e n\u00e3o v\u00ea<\/em>. Embora a fina flor<\/em> dos mandantes tente passar ao povo a impress\u00e3o de que o pa\u00eds caminha sobre tapete vermelho<\/em>, usando aquela mesma e velha hist\u00f3ria <\/em>de mudan\u00e7as, o povo, \u00e0 duras penas,<\/em> empurrado a ferro e fogo<\/em>, vive na pen\u00faria, continuando \u00e0 matroca<\/em>. E, se um ou outro exp\u00f5e a verdade nua e crua<\/em>, deixando claro que a vaca foi para o brejo <\/em>h\u00e1 muito tempo, \u00e9 logo tratado a pata de cavalo <\/em>e chamado a abaixar a bola<\/em>.<\/p>\nN\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel a Xandeco deixar de fazer algumas considera\u00e7\u00f5es sobre parte dos mandachuvas de sua nova p\u00e1tria, pois arrotam import\u00e2ncia, <\/em>mas tratam o Brasil a sangue-frio<\/em>, com seus segredinhos guardados a sete chaves,<\/em> sempre abaixando a guarda<\/em> para o Tio Sam e a elite dominante do pa\u00eds, adulando o sol que nasce<\/em>. O marciano considerou a maioria dos n\u00e3o t\u00e3o \u201cnobres\u201d representantes brasileiros como um bando de med\u00edocres com a r\u00e9dea solta,<\/em> fazendo tudo em conformidade com <\/em>as for\u00e7as poderosas que os controlam, aproveitando enquanto Br\u00e1s \u00e9 tesoureiro<\/em>, mesmo vendo a desgra\u00e7a dos pequenos seguir a todo vapor<\/em>. Tamb\u00e9m ficou sabendo\u00a0 que muitos brasileiros, sentindo que a porta da rua \u00e9 a sa\u00edda da casa<\/em>, est\u00e3o deixando o pa\u00eds a peito descoberto<\/em>, mesmo sabendo que Mr. Trump pode lhes dar um belo chute no traseiro<\/em> (pois tem ojeriza a latinos sem eira e nem beira), e<\/em> os pobrecos que aqui ficam est\u00e3o a enfiar bufa na linha<\/em>, enquanto uns poucos conseguem trabalhar a troco de reza<\/em>, pois emprego \u00e9 coisa de primeiro mundo. Junto \u00e0 maioria dos brasileiros, o marciano segue tamb\u00e9m a trouxe-mouxe.<\/em><\/p>\nXandeco concluiu que, sem nenhuma saben\u00e7a sobre a real ocupa\u00e7\u00e3o de seu planeta no Universo, os prepotentes se consideram a cereja<\/em> do bolo<\/em> do Cosmo. Em sua pouca cultura, \u00e9 prov\u00e1vel que ainda esteja achando que a Terra \u00e9 o centro do Universo, conforme apregoava o matem\u00e1tico e astr\u00f4nomo grego Ptolomeu (90 d.C. e 168 d.C). Pobres coitados! A sua Via L\u00e1ctea n\u00e3o passa de mais uma das poss\u00edveis 400 bilh\u00f5es de gal\u00e1xias existentes apenas no Universo observ\u00e1vel (na parte que \u00e9 capaz de ser vista pela tecnologia humana).\u00a0 Se irrelevante \u00e9 a Via L\u00e1ctea, gal\u00e1xia que agrega o planeta terrestre, menor import\u00e2ncia se pode dar \u00e0 Terra, uma merdinha \u00e0 toa <\/em>perdida na imensid\u00e3o sideral. Por a\u00ed \u00e9 poss\u00edvel imaginar a insignific\u00e2ncia dos terr\u00e1queos, seres med\u00edocres, chu\u00e9s e chifrins\u00a0 diante da magnitude do Cosmo, rodando presos a uma bolinha feita de rocha e metal, solta num obscuro e solit\u00e1rio mundar\u00e9u do nada.<\/p>\nO marciano matutava, mas n\u00e3o conseguia entender a emp\u00e1fia desmedida, <\/em>especialmente dos chamados representantes brasileiros, a maioria em busca de poder e riqueza, mesmo sabendo que s\u00e3o passageiros fugazes de uma navezinha \u00e0 toa (Terra) \u00e0 deriva num Universo que se expande aceleradamente, com gal\u00e1xias a se afastarem velozmente. Lamentou que a evolu\u00e7\u00e3o darwiniana (baseada na sele\u00e7\u00e3o natural) tamb\u00e9m n\u00e3o grassasse em meio aos pol\u00edticos (n\u00e3o apenas do Brasil), sem a necessidade da interven\u00e7\u00e3o da justi\u00e7a humana que tarda e falha<\/em>. Xandeco, que n\u00e3o era ligado a nenhuma cren\u00e7a religiosa, passou a acreditar na sabedoria popular que reza que Deus os fez e o diabo os ajuntou<\/em>. \u00c9 muita desgra\u00e7a junta. Grande parte estaria muito bem atr\u00e1s das grades<\/em>, mas o marciano sabe que at\u00e9 que o inferno congele<\/em> isso jamais acontecer\u00e1, pois essa gente tamb\u00e9m costura as leis<\/em> que a protege. \u00c9 por isso que o desrespeito ao povo, nas bandas de c\u00e1<\/em>, prossegue at\u00e9 o diabo dizer basta<\/em>, qui\u00e7\u00e1 at\u00e9 o fim dos tempos<\/em>, fim esse que nenhuma diferen\u00e7a faria a este paiseco atado de p\u00e9s e m\u00e3os, sem coragem para arrega\u00e7ar as mangas <\/em>e dar um basta <\/em>nesta merda toda. Aqui tem jacutinga!<\/em> E muita!
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Autoria de Lu Dias Carvalho Depois de sua visita \u00e0 C\u00e2mara Federal e ao Senado, Xandeco, o marciano, tirou o resto da semana para refletir sobre o que presenciara e tamb\u00e9m vira na m\u00eddia da capital brasileira, embora alguns fatos chegassem a ele \u00e0 boca pequena. Nenhuma das duas casas visitadas deixara-lhe uma boa impress\u00e3o, […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[47],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/34561"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=34561"}],"version-history":[{"count":8,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/34561\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":47867,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/34561\/revisions\/47867"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=34561"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=34561"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=34561"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}