{"id":35518,"date":"2018-06-13T12:39:16","date_gmt":"2018-06-13T15:39:16","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=35518"},"modified":"2022-09-03T18:59:00","modified_gmt":"2022-09-03T21:59:00","slug":"segall-interior-de-indigentes","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/segall-interior-de-indigentes\/","title":{"rendered":"Segall \u2013 INTERIOR DE INDIGENTES"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/strong>\"\"<\/a><\/p>\n

O pintor Lasar Segall (1891-1957) era o sexto dos oito filhos do casal Abel Segall e Ester Segall, tendo nascido em Vilna, na Litu\u00e2nia, quando o pa\u00eds ainda se encontrava sob o jugo do imp\u00e9rio russo. No decorrer da Primeira Guerra Mundial, Vilna foi invadida pelos alem\u00e3es que ali permaneceram tr\u00eas anos e, ap\u00f3s esse per\u00edodo, os russos retomaram \u00e0 cidade. Segundo o pr\u00f3prio pintor, houve lutas entre lituanos, poloneses e russos pelo dom\u00ednio de Vilna que ora ficava nas m\u00e3os de uns, ora nas m\u00e3os de outros, at\u00e9 ser incorporada \u00e0 Pol\u00f4nia definitivamente. E, por isso, ele sempre se sentiu como um ap\u00e1trida. Sua fam\u00edlia era judia e, como as demais, vivia \u00e0 margem da sociedade, no gueto. Ele foi ali instru\u00eddo pelo pai escriba do Tor\u00e1 (livro sagrado do juda\u00edsmo), com quem viveu at\u00e9 os 15 anos de idade.<\/p>\n

A composi\u00e7\u00e3o intitulada Interior de Indigentes<\/em> \u00e9 uma obra do artista que era muito sens\u00edvel \u00e0s quest\u00f5es sociais, dono de uma voca\u00e7\u00e3o humanit\u00e1ria e religiosa. Encontra-se no acervo do MASP desde 1950. O quadro em quest\u00e3o pertence ao seu per\u00edodo expressionista em que ele exterioriza os estados \u00edntimos de sofrimento, usando uma dram\u00e1tica simplifica\u00e7\u00e3o das linhas e das tonalidades principais da composi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

O casal encontra-se numa casa muito humilde com o ch\u00e3o assoalhado. Em primeiro plano est\u00e1 a mulher, encarando o observador, como se lhe mostrasse sua mis\u00e9ria, trazendo o filho nos bra\u00e7os. Em segundo plano encontra-se o homem sentado diante de uma pequena mesa, com o bra\u00e7o esquerdo descansando sobre ela, perdido em seus pensamentos, sem saber o que fazer da vida.<\/p>\n

A mulher \u00e9 magra e seus olhos d\u00edspares repassam um grande sofrimento. Seus seios ca\u00eddos s\u00e3o percept\u00edveis atrav\u00e9s do vestido de mangas compridas. Sua boca fechada traz a sensa\u00e7\u00e3o de que n\u00e3o tem mais voz para alardear sua pobreza. Ela apenas mostra o filho raqu\u00edtico, talvez morto, enquanto faz um gesto com a m\u00e3o direita.<\/p>\n

O homem traz o rosto s\u00e9rio, mergulhado na sua pr\u00f3pria impot\u00eancia, aniquilado diante da mis\u00e9ria. Seu olhar de desesperan\u00e7a est\u00e1 voltado para a direita. Sua postura \u00e9 de conformismo, como se n\u00e3o houvesse mais nada a fazer, sen\u00e3o aceitar e aceitar at\u00e9 que seu fim chegasse.<\/p>\n

A sensa\u00e7\u00e3o repassada ao observador \u00e9 a de que ele tamb\u00e9m faz parte deste drama, caso traga consigo um rasgo de sensibilidade, capaz de ser tocado pelo sofrimento dos desvalidos, impotentes diante da crueza do mundo.<\/p>\n

Ficha t\u00e9cnica
\n<\/u>Ano: 1920
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
\nDimens\u00f5es: 83,5 x 68,5 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Museu de Arte, S\u00e3o Paulo, Brasil<\/p>\n

Fontes de pesquisa
\n<\/u>Enciclop\u00e9dia dos Museus\/ Mirador<\/p>\n

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