{"id":35631,"date":"2018-07-11T00:02:44","date_gmt":"2018-07-11T03:02:44","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=35631"},"modified":"2018-07-10T19:40:23","modified_gmt":"2018-07-10T22:40:23","slug":"sofrimento-x-felicidade","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/sofrimento-x-felicidade\/","title":{"rendered":"SOFRIMENTO X FELICIDADE"},"content":{"rendered":"

Autoria do Prof. Herm\u00f3genes<\/strong><\/p>\n

\"\"<\/a><\/strong><\/p>\n

O Professor Herm\u00f3genes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a sa\u00fade f\u00edsica e mental.\u00a0 Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos <\/em><\/strong>fala sobre sofrimento e felicidade.<\/strong><\/em><\/p>\n

Em rela\u00e7\u00e3o ao problema sofrimento\/felicidade, <\/em>os fil\u00f3sofos se dividem em otimistas e pessimistas. Os primeiros afirmam ser a dor real, universal e existente por si mesma, enquanto o prazer ou a felicidade n\u00e3o passa de simples aus\u00eancia dela. Os otimistas, ao contr\u00e1rio, acham ser a dor t\u00e3o somente a falta da felicidade, tal como a sombra que s\u00f3 existe quando e onde falta a luz. Os primeiros veem o mundo com um desastrado desterro e o existir, em si mesmo, um sofrer incessante e sem esperan\u00e7a “neste vale de l\u00e1grimas”. H\u00e1 muito mais pessimistas do que otimistas. O que mais se ouve s\u00e3o reclama\u00e7\u00f5es, lamentos e ais. H\u00e1 muito mais rostos tristes do que sorridentes. H\u00e1 muito menos indiv\u00edduos corajosos e afirmativos do que amedrontados e negativos. \u00c9 raro encontrar quem tenha paz e seja autossuficiente em seu contentamento.<\/p>\n

N\u00e3o estou querendo catequizar ningu\u00e9m para um otimismo piegas e enganoso. A filosofia yogui<\/em> poder\u00e1 at\u00e9 ser chamada pessimista, quando mostra ser este mundo mai\u00e1vico <\/em>(ilus\u00f3rio) feito de experi\u00eancia dolorosa, concluindo que viver \u00e9 conviver com a dor. A mesma filosofia pode ser chamada, no entanto, otimista ao ensinar um rem\u00e9dio para a dor da exist\u00eancia. H\u00e1 n\u00e3o s\u00f3 uma salva\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m uma explica\u00e7\u00e3o para a dor. Tanto h\u00e1 um modo de amenizar, como de evitar o sofrimento. Yoga \u00e9, portanto, uma filosofia da Realidade: nem pessimista nem otimista. Afirma ser a Realidade, em sua manifesta\u00e7\u00e3o ilus\u00f3ria, feita de opostos: luz e sombra; alegria e tristeza; riqueza e pobreza; fome e saciedade; altos e baixos; dias de sol e dias de chuva; rigor de inverno e de ver\u00e3o; umidade e secura; trigais e espinheiros; desertos e florestas; guerra e paz; harmonia e disc\u00f3rdia; ber\u00e7o e esquife; cair e levantar-se, crime e amor. . . S\u00e3o opostos e complementares. Um n\u00e3o existe sem o outro. Nos extremos de um, o outro nasce. Sucedem-se e coexistem. Est\u00e3o aqui e al\u00e9m. Fora e dentro.<\/p>\n

O yoguin<\/em> \u00e9 permanentemente sereno e equ\u00e2nime, isolado da dualidade, longe do alcance das fugazes manifesta\u00e7\u00f5es do Real. Para ele,<\/em> tudo \u00e9 necess\u00e1rio e nada indispens\u00e1vel. <\/em>Sabe conquistar o positivo, mas n\u00e3o se perturba, se o perde. Sabe evitar o negativo, mas n\u00e3o se apavora quando por ele \u00e9 apanhado. Sabe gozar o dia quente e aproveitar a noite de chuva. V\u00ea na dor n\u00e3o amea\u00e7a ou desgra\u00e7a, mas um desafio ao pr\u00f3prio crescimento: \u00e0 evolu\u00e7\u00e3o. A ang\u00fastia \u2013 este privil\u00e9gio do bicho-homem \u2013 n\u00e3o \u00e9 infelicidade em si, sen\u00e3o na medida em que o angustiado, por ignor\u00e2ncia e autopiedade, enfrenta-a em m\u00edsero estado de medo e infelicidade. Para o yoguin<\/em>, ang\u00fastia \u00e9 saudade da Perfei\u00e7\u00e3o, da Plenitude, do Amor Universal Onipresente. Sem o desafio e a convoca\u00e7\u00e3o, representados pela ang\u00fastia, o jiva <\/em>(alma individual em evolu\u00e7\u00e3o) se perder\u00e1, totalmente alienado, nesta exist\u00eancia mai\u00e1vica <\/em>(ilus\u00f3ria), onde os prazeres s\u00e3o muitos, mas decepcionantes. A vit\u00f3ria sobre a ang\u00fastia, em \u00faltima e definitiva inst\u00e2ncia, consiste em a alma individual em evolu\u00e7\u00e3o (jiva) <\/em>integrar-se \u00e0 Alma Universal (Paramatman).<\/em><\/p>\n

A <\/em>dor em todas suas nuances e n\u00edveis \u00e9 filha do pecado (erro) e neta da ignor\u00e2ncia. A filosofia yogui<\/em> diz igualmente que, por ignor\u00e2ncia (avidya),<\/em> o homem causa a si mesmo os piores danos, seus pr\u00f3prios sofrimentos. Esta \u00e9 a chamada lei do karma, <\/em>isto \u00e9, a lei da causalidade, <\/em>segundo mesmo o bem ou o mal, a bem-aventuran\u00e7a ou a desgra\u00e7a, como consequ\u00eancia dos atos que se praticar. O homem peca porque \u00e9 ignorante. Ele ignora a Realidade de Deus. Ignora que ele e o Pai s\u00e3o um s\u00f3. Ignora que ele e o pr\u00f3ximo (e at\u00e9 mesmo seu inimigo) tamb\u00e9m s\u00e3o um s\u00f3. Ignora a lei do karma <\/em>e que ele, consequentemente, \u00e9 o art\u00edfice de seu pr\u00f3prio destino.<\/p>\n

O homem vive sob a convic\u00e7\u00e3o de ser um degradado, um c\u00e3o sem dono, uma presa das enfermidades, mas achando ter o direito de vir a ser feliz de qualquer modo, at\u00e9 mesmo \u00e0 custa do sofrimento dos “outros”. Por ignor\u00e2ncia, cr\u00ea num Deus antropom\u00f3rfico a quem recorre somente nas horas de necessidade. Por ignor\u00e2ncia j\u00e1 n\u00e3o acredita num Deus que n\u00e3o tem atendido as suas ora\u00e7\u00f5es ego\u00edstas. Sendo ignorante, tem a ilus\u00e3o de impunemente poder fazer todas as formas de maldades, desde que “ningu\u00e9m fique sabendo que foi ele o autor”. Por ignor\u00e2ncia, tem cometido, vem cometendo e cometer\u00e1 toda sorte de viol\u00eancias contra a infal\u00edvel lei do karma <\/em>e, portanto, contra si mesmo, embora enganosamente queira ferir os outros. Por ignor\u00e2ncia, cria para si mesmo as algemas de seus dist\u00farbios neur\u00f3ticos e os desesperos de sua aliena\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

A filosofia do yoguin <\/em>faculta-o a optar por ser bom ou ser mau, pelo viver enfermo ou sadio, pelo ef\u00eamero ou pelo Eterno, dedicar-se \u00e0s coisas finitas ou ao Infinito. D\u00e1-lhe sabedoria (vidya), <\/em>com a qual pode, algum dia, deslumbrar-se na contempla\u00e7\u00e3o do Absoluto. A isto \u00e9 que poder\u00edamos chamar vidyaterapia<\/em> ou a cura pela sabedoria. No ocidente, logoterapia. Estudando, meditando sobre e vivenciando no quotidiano e em toda a vida a libertadora Yoga Brahtna Vidya <\/em>(Ci\u00eancia Sint\u00e9tica do Absoluto), cada um de n\u00f3s vai podendo evitar erros e consequentes sofrimentos. Ao mesmo tempo, sabedor das consequ\u00eancias k\u00e1rmicas <\/em>de seus pensamentos, desejos e a\u00e7\u00f5es, o yoguin trata de semear na mente, no corpo e para o futuro, as sementes pr\u00f3prias \u00e0 colheita de paz, alegria, serenidade, sa\u00fade, vit\u00f3ria, resist\u00eancia…<\/p>\n

A metaf\u00edsica yogui<\/em> desinteressa-se pela considera\u00e7\u00e3o do pecado. N\u00e3o incute no homem que \u00e9 pecador. N\u00e3o se ocupa em falar sobre o mal. Ensina o caminho do bem. N\u00e3o fala de castigos ao malvado. Anuncia promessas de liberta\u00e7\u00e3o \u00e0quele que sofre.<\/p>\n

*Esse livro \u00e9 encontrado em PDF no Google.<\/p>\n

Nota:<\/u> Retrato do Dr. Gachet<\/em>, obra de Van Gogh<\/p>\n

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