{"id":35700,"date":"2018-09-19T00:58:54","date_gmt":"2018-09-19T03:58:54","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=35700"},"modified":"2018-09-19T00:58:54","modified_gmt":"2018-09-19T03:58:54","slug":"inst-musicais-e-estado-dalma","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/inst-musicais-e-estado-dalma\/","title":{"rendered":"INST. MUSICAIS E ESTADO D\u2019ALMA"},"content":{"rendered":"

Autoria do Prof. Herm\u00f3genes<\/strong>\"\"<\/a><\/strong><\/p>\n

O Professor Herm\u00f3genes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a sa\u00fade f\u00edsica e mental.\u00a0 Neste texto retirado de seu livro \u201cYoga para Nervosos\u201d*, ele nos fala sobre as maravilhas da m\u00fasica.<\/em><\/strong><\/p>\n

Os instrumentos musicais causam efeitos espec\u00edficos no ser humano e, por isso mesmo, segundo conclus\u00f5es de Arosta: os melanc\u00f3licos e linf\u00e1ticos deveriam escutar solos de violino; os nervosos se beneficiariam com solo de contrabaixo ou de clarineta; a harpa seria indicada nos casos de histeria; os man\u00edacos de persegui\u00e7\u00e3o se beneficiariam com a trompa; a flauta consolaria os apaixonados incorrespondidos; os excitados encontrariam calma com o violoncelo, os neurast\u00eanicos seriam estimulados pelo contrabaixo e o piano ajudaria a extravas\u00e3o ps\u00edquica.<\/p>\n

Mitcheli e Zanger, m\u00e9dicos londrinos, acham que os diferentes estilos tamb\u00e9m atuam de modo espec\u00edfico. Utilizando-nos de suas conclus\u00f5es \u00e9 que fazemos as sugest\u00f5es seguintes: Escute o estilo cl\u00e1ssico, a fim de enriquecer-se da sensa\u00e7\u00e3o de seguran\u00e7a. Se pretende liberta\u00e7\u00e3o emocional, escute pe\u00e7as rom\u00e2nticas. O estilo impressionista, embora n\u00e3o tendo valor terap\u00eautico nitidamente espec\u00edfico, estimula o interesse dos mais ap\u00e1ticos. A m\u00fasica contempor\u00e2nea \u00e9 irritante, mas consegue evadir o esquizofr\u00eanico de seu autismo, de seu isolamento, fazendo-o cair de dentro de si.<\/p>\n

Voc\u00ea pode se utilizar do valor terap\u00eautico da m\u00fasica:
\na)compondo-a;
\nb) executando-a;
\nc) cantando-a;
\nd) ouvindo-a.<\/p>\n

Quanto ao primeiro caso, deixo de comentar, pois se trata de algo muito especial e privil\u00e9gio de poucos. Um instrumento musical tocado por n\u00f3s mesmos, seja um pandeiro, uma guitarra, uma gaita de boca, seja um piano, violino ou harpa e, na pior das hip\u00f3teses, mesmo um assobio, \u00e9 algo que nos alegra e nos faz esquecer, por um momento, alguma vicissitude, portanto, nos retempera, refresca e areja. Quando \u00e9 o caso de um verdadeiro instrumentista, as horas de estudo se comparam em intensidade e concentra\u00e7\u00e3o espiritual a uma eucaristia. No final n\u00e3o importa se o instrumento \u00e9 um \u00f3rg\u00e3o e a obra \u00e9 de Bach ou se \u00e9 um simples cavaquinho nas m\u00e3os de um trabalhador tocando m\u00fasica popular junto \u00e0 fogueira. O efeito da express\u00e3o musical de seu estado d’alma \u00e9 o que importa. Se puser amor na execu\u00e7\u00e3o, est\u00e1 fazendo musicoterapia.<\/p>\n

Para efeitos terap\u00eauticos, a melhor forma de escutar m\u00fasica \u00e9 sentar-se em recolhimento, comodamente, fechar os olhos, aquietar-se, afrouxar o corpo e entregar-se \u00e0 m\u00fasica. Se conseguir manter aten\u00e7\u00e3o ininterrupta, melhor. Isto nem todos conseguem. O que voc\u00ea deve evitar \u00e9 fatigar-se lutando por concentrar-se. Pode deixar sua mente vagar. De quando em quando, sem luta, volte \u00e0 m\u00fasica. M\u00fasica faz bem at\u00e9 quando voc\u00ea presta aten\u00e7\u00e3o a outra coisa. Suas vibra\u00e7\u00f5es, de qualquer maneira, est\u00e3o influenciando seu mundo interior e at\u00e9 mesmo o tom vibrat\u00f3rio de suas c\u00e9lulas. Sempre que puder ouvir m\u00fasica suave e calmante, prefira-a \u00e0 r\u00edtmica e agitada. Se por qualquer circunst\u00e2ncia se sentir aborrecido e mentalmente fatigado, v\u00e1 para sua m\u00fasica.<\/p>\n

Alguns me perguntam se eu associo m\u00fasica \u00e0s aulas de Yoga. A resposta \u00e9 “n\u00e3o”. Principalmente nos exerc\u00edcios de medita\u00e7\u00e3o e no relax procuro n\u00e3o depender de m\u00fasica, a fim de escutar o mundo interior que \u00e9 tamb\u00e9m sonoro. Refiro-me ao som nada, <\/em>provindo de vibra\u00e7\u00f5es de n\u00edveis universais muito quintessenciados. Ao fazer Yoga, procuro sil\u00eancio. Mas em todas as minhas classes, os alunos e eu cantamos a s\u00edlaba OM <\/em>que, misticamente entendida, \u00e9 o som fundamental do universo e o s\u00edmbolo sonoro do Absoluto, enquanto que, para quem entende de eletr\u00f4nica, \u00e9 um “som branco”, isto \u00e9, de baixa frequ\u00eancia e consequentemente calmante. \u00c9 induzente \u00e0 vida interior.<\/p>\n

Resta-me sugerir um excelente calmante para os nervos que s\u00e3o as vozes da natureza. Os p\u00e1ssaros, livres nas matas, cantando; o balido de ovelhas; o mugido das vacas; o vento soprando nas \u00e1rvores; as ondas batendo na praia; o pio de uma gaivota vagabunda; as clarinadas dos galos dentro da madrugada; a disritmia sedativa dos chocalhos no pasto; a cantiga do regato nas pedras da encosta; finalmente toda uma sinfonia gostosa, calmante, enlanguecedora, pode ser buscada para serenar os nervos, numa forma de musicoterapia que existiu desde os prim\u00f3rdios da cria\u00e7\u00e3o. Se n\u00e3o fosse por outros motivos, os fins de semana no campo se justificariam somente por esta musicoterapia propiciada pela natureza.<\/p>\n

Aos que n\u00e3o t\u00eam casa de campo e, portanto, est\u00e3o impossibilitados de aproveitar os valores terap\u00eauticos das manifesta\u00e7\u00f5es sonoras dos lugares aonde os ru\u00eddos industriais ainda n\u00e3o chegaram, o recurso \u00e9 a excelente pr\u00e1tica sedativa e quase hipn\u00f3tica do nispandha bhava <\/em>(ver p\u00e1g. 327 do meu livro). Aos que n\u00e3o t\u00eam como se defender da a\u00e7\u00e3o arrasadora das m\u00fasicas selvagens dos mo\u00e7os, assim como de toda a cacofonia dos ru\u00eddos de uma grande cidade e mesmo das vozes irritantes de pessoas com quem vivem, o Yoga ensina a pr\u00e1tica de tapas <\/em>(p\u00e1g. 171) e lembre-se: a) “receba as coisas como lhe v\u00eam”; b) “tudo \u00e9 necess\u00e1rio”.<\/p>\n

*O livro \u201cYoga para Nervosos\u201d encontra-se em PDF no Google.<\/p>\n

Nota:<\/span> Melodia sem Fim<\/em>, obra de Leonid Afremov<\/p>\n

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