mostra que o vazio atrai o t\u00e9dio. \u00a0<\/em><\/strong><\/p>\nEnquanto o homem n\u00e3o inventara a agricultura e vivia somente da coleta, ca\u00e7a e pesca, tinha uma vida \u00e1rdua e totalmente ocupada com o est\u00f4mago e com o abrigo. Era obrigado a um viver n\u00f4made, sem pouso nem descanso. Inventada a agricultura, portanto, sentindo-se mais independente da natureza, \u00e0 qual passou a obrigar a fornecer-lhe alimentos, em tribos e fam\u00edlias, come\u00e7aram os homens a fixar-se, iniciando-se dessa forma, a vida sedent\u00e1ria. O sedentarismo deu come\u00e7o \u00e0 civiliza\u00e7\u00e3o, pois proporcionava ao ex-n\u00f4made uma folga, um tempo de lazer, j\u00e1 que n\u00e3o era totalmente necess\u00e1rio lutar ininterruptamente pelo alimento e, assim, nos momentos de \u00f3cio, dedicou-se \u00e0 arte. E o pensamento se desenvolveu.<\/p>\n
Quem \u00e9 obrigado a buscar o p\u00e3o de cada dia, sem um pingo de folga, que possibilidades tem de meditar, de criar e de inventar algo melhor? O lazer do homem primitivo criou e desenvolveu a ci\u00eancia, a filosofia e a arte. O mesmo tempo vago que impulsionou o ser humano para cultivar o esp\u00edrito e desenvolver a mente tem sido hoje, no entanto, respons\u00e1vel pelo desequil\u00edbrio dos nervos e sofrimento mental de muitas pessoas. N\u00e3o \u00e9 raro encontrar quem, ou por atitude neur\u00f3tica ou por abastan\u00e7a financeira ou por educa\u00e7\u00e3o err\u00f4nea, nada ou pouco faz de \u00fatil. Os empregados fazem tudo. O tempo sobra, sobra demais. O vazio atrai o t\u00e9dio. Assim como para a depress\u00e3o do terreno correm as \u00e1guas da chuva, o t\u00e9dio corre para o cora\u00e7\u00e3o do ocioso. Com o t\u00e9dio pode vir, quase sempre, a distonia do simp\u00e1tico e a psiconeurose.<\/p>\n
Sou conhecedor de muitos casos de oficiais das for\u00e7as armadas que, aproveitando a suposta vantagem de uma reforma do servi\u00e7o ativo quando ainda relativamente jovens, dentro de poucos meses de inatividade, viram-se presas do sentimento de inutilidade e frustra\u00e7\u00e3o. Alguns arranjaram um novo emprego e, assim, conseguiram manter o equil\u00edbrio emocional.<\/p>\n
Se por quaisquer circunst\u00e2ncias voc\u00ea est\u00e1 desocupado, vendo mon\u00f3tonos dias se arrastarem morosos e improdutivos, se o “fazer nada” est\u00e1 enchendo-o de t\u00e9dio, recorra \u00e0quilo que \u00e9 chamado de terap\u00eautica ocupacional ou ergoterapia. \u201cErgo\u201d significa trabalho. Assuma a responsabilidade por um afazer qualquer. Comece a sentir-se capaz. Trate de criar alguma coisa. Isto o aliviar\u00e1. Adquira pinc\u00e9is e tintas e pinte. Aprenda um instrumento e fa\u00e7a m\u00fasica. Cuide do canteiro. Arrume a casa. Mas a ocupa\u00e7\u00e3o que lhe dar\u00e1 mais significativas e profundas horas de bem-estar, integra\u00e7\u00e3o e equil\u00edbrio ps\u00edquico \u00e9 a que lhe der oportunidade de sentir-se \u00fatil e, melhor ainda, ser necess\u00e1rio a algu\u00e9m. <\/em><\/p>\n\u00a0<\/em>Garanto que uma senhora infeliz e inutilizada pela vida de conforto e lazer excessivos, gozar\u00e1 de grande alegria espiritual se dedicar seus dias \u00e0 assist\u00eancia social. Quem sentir sua presen\u00e7a fazendo nascer sorrisos em faces tristes e suas palavras transmitindo esperan\u00e7as novas aos desalentados, ou quem, por necessidade de ajudar, surpreender-se pedindo a Deus que lhe d\u00ea for\u00e7as para melhor prestar servi\u00e7o, atingir\u00e1 os planos onde a felicidade \u00e9 aut\u00eantica e indescrit\u00edvel e for\u00e7as lhe ser\u00e3o concedidas.<\/p>\n\u00c9 o servi\u00e7o inego\u00edstico, o que liberta e integra o psiquismo. Trabalhar para si e para os seus evita o t\u00e9dio. Mas somente seva, <\/em>isto \u00e9, <\/em>o servir aos outros em nome do Supremo \u00e9 que nos conduz \u00e0 bem-aventuran\u00e7a. A caridade que \u00e9 tida por alguns como o \u00fanico meio de salva\u00e7\u00e3o \u00e9 diferente do que se chama Karma Yoga. <\/em>Qualquer que seja o interesse ego\u00edstico que motive o servir aos outros, pode reduzir o valor espiritual do trabalho, mesmo que este interesse seja ganhar o c\u00e9u.<\/p>\nFazer “caridade” por ostenta\u00e7\u00e3o, como “hobby”, porque est\u00e1 na moda ou por mero passatempo e mesmo para salvar-se e ganhar as b\u00ean\u00e7\u00e3os de Deus e galgar o c\u00e9u, espiritualmente, \u00e9 a\u00e7\u00e3o ainda frustradora por ser ego\u00edstica. Mas, \u00e9 bem melhor do que o \u00f3cio e a vadiagem. Ocupe seu \u00f3cio com o servir Deus, na pessoa de seu pr\u00f3ximo. Isto sim \u00e9 solu\u00e7\u00e3o. Ofere\u00e7a ao Senhor Supremo o fruto do seu agir. N\u00e3o se reconhe\u00e7a credor de retribui\u00e7\u00f5es. Esta \u00e9 a mais eficaz terapia ocupacional.<\/p>\n
\u00c9 leg\u00edtimo e sadio, ganhar profissionalmente seu sustento. Mesmo que voc\u00ea receba remunera\u00e7\u00e3o pelo que faz, devote a Deus o que faz e fa\u00e7a tudo em Seu Santo Nome e para Sua Gl\u00f3ria. Tire de sua ocupa\u00e7\u00e3o o necess\u00e1rio para si, mas fa\u00e7a de suas obras, de seus atos, de seu agir no mundo oferendas ao Onipresente.<\/p>\n
*O livro \u201cYoga para Nervosos\u201d encontra-se em PDF no Google.<\/p>\n
Nota:<\/u> Bailarina<\/em>, obra de Anita Malfatti<\/p>\nViews: 0<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria do Prof. Herm\u00f3genes O Professor Herm\u00f3genes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a sa\u00fade f\u00edsica e mental.\u00a0 Neste texto retirado de seu livro \u201cYoga para Nervosos\u201d*, ele nos mostra que o vazio atrai o t\u00e9dio. \u00a0 Enquanto o homem n\u00e3o inventara a agricultura e vivia somente da […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[46],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/35787"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=35787"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/35787\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":36145,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/35787\/revisions\/36145"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=35787"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=35787"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=35787"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}