<\/a><\/p>\nEsta tela foi encomendada a Caravaggio pelo cardeal Del Monte. E com ela o pintor inaugura o estilo chamado de tenebrismo<\/i>, quando come\u00e7a a potencializar os tons escuros. A personagem domina quase toda a composi\u00e7\u00e3o, sendo que os objetos presentes possuem um peso menor e s\u00e3o todos alusivos a ela, o que refor\u00e7a a sua presen\u00e7a.<\/p>\n
Para fazer Santa Catarina de Alexandria<\/i>, Caravaggio tomou como modelo a bela cortes\u00e3 Fillide Melandroni, \u00e0 \u00e9poca uma das mulheres mais populares de Roma, que frequentava ambientes ricos sendo muito requisitada. O talento do pintor aliado \u00e0 personalidade da modelo conferiu \u00e0 santa um ar de modernidade e vigor.<\/p>\n
Santa Catarina <\/i>\u00e9 frequentemente representada na arte, especialmente no final da Idade M\u00e9dia. Aqui, ela n\u00e3o se apresenta como uma mulher madura, mas como uma jovenzinha doce e calma. Est\u00e1 ricamente vestida, com tecidos de veludo e damasco bordados, de acordo com sua posi\u00e7\u00e3o de princesa, de joelhos sobre uma almofada vermelha, cuja tom \u00e9 ressaltado pelos tons roxos e azuis das vestes da santa. Sobre a almofada tamb\u00e9m se encontra uma folha seca de palmeira.<\/p>\n
A roda de madeira, equipada com l\u00e2minas cortantes e ferros pontiagudos, onde Santa Catarina<\/i> encontra-se apoiada, assim como os pregos e a espada, s\u00e3o os instrumentos usados no seu mart\u00edrio, e contrastam com a suntuosidade de suas vestes.<\/p>\n
De uma maneira irreal, um facho de luz coloca em destaque a cena, tornando brilhante a pele e a blusa de Santa Catarina, incusive deixando luzes salpicadas em sua indument\u00e1ria. Brilhantes tamb\u00e9m s\u00e3o a espada e os pregos na parte superior da roda, como se a a tocha de luz estivesse vindo da direita. No entanto, ali est\u00e1 uma imensa escurid\u00e3o, sem nenhum filete de luz.<\/p>\n
A santa tem os cabelos dourados, jogados para tr\u00e1s e, acima da cabe\u00e7a encontra-se o halo que simboliza a sua santidade. Seu rosto dirige-se ao observador, com um olhar interrogativo. Tem entre as m\u00e3os delgadas a espada (s\u00edmbolo de seu mart\u00edrio), cujo metal cintila sob a luz. Ela se encontra bela e solene.<\/p>\n
Curiosidades:<\/span><\/p>\n1.Tenebrismo<\/i> foi uma tend\u00eancia pict\u00f3rica nascida no Barroco que se perpetuou at\u00e9 o Romantismo. Seu nome deriva de tenebra<\/i> (treva, em latim), e \u00e9 uma radicaliza\u00e7\u00e3o do princ\u00edpio do \u201cchiaroscuro\u201d. Teve precedentes na Renascen\u00e7a e se desenvolveu com maior for\u00e7a a partir da obra do italiano Michelangelo Merisi, o Caravaggio, sendo praticada tamb\u00e9m por outros artistas da Espanha, Pa\u00edses Baixos e Fran\u00e7a. Como corrente estil\u00edstica teve curta dura\u00e7\u00e3o, mas em termos de t\u00e9cnica representou uma importante conquista, que foi incorporada \u00e0 hist\u00f3ria da pintura ocidental. Por vezes, o Tenebrismo<\/i> \u00e9 usado como sin\u00f4nimo de Caravaggismo<\/i>, mas n\u00e3o s\u00e3o coisas id\u00eanticas.<\/p>\n
Os intensos contrastes de luz e sombra emprestam um aspecto monumental aos personagens e, embora exagerada, \u00e9 uma ilumina\u00e7\u00e3o que aumenta a sensa\u00e7\u00e3o de realismo, tornando mais evidentes as express\u00f5es faciais, a musculatura adquire valores escult\u00f3ricos, e se enfatizam o primeiro plano e o movimento. Ao mesmo tempo, a presen\u00e7a de grandes \u00e1reas enegrecidas d\u00e1 mais import\u00e2ncia \u00e0 pesquisa crom\u00e1tica e ao espa\u00e7o iluminado como elementos de composi\u00e7\u00e3o com valor pr\u00f3prio.<\/p>\n
Na Fran\u00e7a Georges de La Tour foi um dos adeptos da t\u00e9cnica; na It\u00e1lia, Battistello Caracciolo, Giovanni Baglione e Mattia Preti, e na Holanda, Rembrandt van Rijn. Mas, talvez, os mais t\u00edpicos representantes sejam os espanh\u00f3is Jos\u00e9 de Ribera, Francisco Ribalta e Francisco de Zurbar\u00e1n.
\n2. Alguns textos escritos entre os s\u00e9culos VI e X , que se reportam aos acontecimentos do ano 305, tornaram p\u00fablica a empolgante figura feminina de Catarina, descrita como uma jovem de dezoito anos, crist\u00e3, de rara beleza, filha do rei Costus, de Alexandria. Muito culta, dispunha de vastos conhecimentos teol\u00f3gicos e human\u00edsticos. Discutia filosofia, pol\u00edtica e religi\u00e3o com os grandes mestres, o que n\u00e3o era nada comum a uma mulher e jovem naquela \u00e9poca. Era respeitada pelos s\u00faditos da Corte que seria sua por direito. Entretanto, esses eram tempos duros, pois governava o imperador romano Maximino, terr\u00edvel perseguidor e exterminador de crist\u00e3os. Segundo os relatos, a hist\u00f3ria do mart\u00edrio da bela crist\u00e3 teve in\u00edcio com a sua recusa ao trono de imperatriz. Maximino apaixonou-se por ela, e precisava tir\u00e1-la da lideran\u00e7a que exercia na expans\u00e3o do cristianismo. Ofereceu-lhe poder e riqueza materiais e estava disposto a divorciar-se para se casar com ela, contanto que passasse a adorar os deuses eg\u00edpcios.<\/p>\n
Catarina recusou enfaticamente a proposta do imperador, ao mesmo tempo em que tentou convert\u00ea-lo, desmistificando os deuses pag\u00e3os. Sem conseguir discutir com a mo\u00e7a, o imperador chamou os s\u00e1bios do reino para auxili\u00e1-lo. Eles tentaram defender suas seitas com sa\u00eddas te\u00f3ricas e filos\u00f3ficas, mas acabaram convertidos por Catarina. Irado, Maximino condenou todos ao supl\u00edcio e \u00e0 morte. Exceto ela, para quem tinha preparado algo especial.<\/p>\n
O imperador mandou torturar Catarina com rodas equipadas com l\u00e2minas cortantes e ferros pontiagudos. Com os olhos elevados ao Senhor, ela rezou e fez o sinal da cruz. Ent\u00e3o, ocorreu o prod\u00edgio: o aparelho desmontou. O imperador, transtornado, levou-a para fora da cidade e comandou pessoalmente a sua tortura, depois mandou decapit\u00e1-la. Ela morreu, mas outro milagre aconteceu. O corpo da m\u00e1rtir foi levado pelos anjos para o alto do monte Sinai. Isso aconteceu em 25 de novembro de 305.<\/p>\n
Contam-se aos milhares as gra\u00e7as e os milagres acontecidos naquele local por intercess\u00e3o de santa Catarina de Alexandria. Passados tr\u00eas s\u00e9culos, Justiniano, imperador de Biz\u00e2ncio, mandou construir o Mosteiro de Santa Catarina e a igreja onde estaria sua sepultura no monte Sinai. Mas somente no s\u00e9culo VIII conseguiram localizar o seu t\u00famulo, difundindo ainda mais o culto entre os fi\u00e9is do Oriente e do Ocidente, que a celebram no dia de sua morte. (Irm\u00e3s Paulinas)<\/p>\n
Ficha t\u00e9cnica:
\n<\/span>Ano: 1597
\nMaterial: \u00f3leo sobre tela
\nDimens\u00f5es: 173 x133 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Museu Thussen-Bornemisza, Madri, Espanha<\/p>\nFontes de Pesquisa:
\n<\/span>Grandes mestres da pintura\/ Cole\u00e7\u00e3o Folha
\nGrandes mestres\/ Abril Cole\u00e7\u00f5es
\nWikip\u00e9dia<\/p>\nViews: 6<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Autoria de Lu Dias Carvalho Esta tela foi encomendada a Caravaggio pelo cardeal Del Monte. E com ela o pintor inaugura o estilo chamado de tenebrismo, quando come\u00e7a a potencializar os tons escuros. A personagem domina quase toda a composi\u00e7\u00e3o, sendo que os objetos presentes possuem um peso menor e s\u00e3o todos alusivos a ela, […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[11],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3644"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=3644"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3644\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":45657,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3644\/revisions\/45657"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=3644"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=3644"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=3644"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}