{"id":36617,"date":"2018-12-25T12:01:45","date_gmt":"2018-12-25T14:01:45","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=36617"},"modified":"2020-04-18T10:56:43","modified_gmt":"2020-04-18T13:56:43","slug":"natalicio-menino-perdao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/natalicio-menino-perdao\/","title":{"rendered":"NATAL\u00cdCIO \u2013 MENINO, PERD\u00c3O!"},"content":{"rendered":"

Autoria de Hila Fl\u00e1via<\/strong><\/p>\n

\"\"<\/a><\/strong><\/p>\n

Brilhou na \u00e1rvore um vagalume. N\u00e3o estava preso nos galhos. Apenasmente se encostou um pouco para iluminar. Depois veio outro; e depois outro; e mais um. Num instante m\u00e1gico, pequenas luzes piscavam, de alto a baixo.<\/p>\n

\u00a0E o menino sorriu. Um sorriso de puro encantamento.<\/p>\n

Afinal era seu anivers\u00e1rio. N\u00e3o sabia bem porque era ainda um menino, j\u00e1 que, para usar de franqueza, ele fazia mais de dois mil\u00eanios. A \u00fanica diferen\u00e7a que tinha dos beb\u00eas era que sabia sorrir. Um sorriso consciente por algo. Os pequeninos at\u00e9 sorriem, mas o motivo \u00e9 uma barriguinha cheia ou um ataque de extremo bem-estar.<\/p>\n

O menino, n\u00e3o. Sorria e sabia por que sorria. Sabia sorrir.<\/p>\n

E eu via aquele menino sorrindo. N\u00e3o queria ter a presun\u00e7\u00e3o tamanha de dizer que ele sorriu para mim. Poderia ter sorrido de mim. Os meninos sempre riem de mim, ou para mim, sei l\u00e1. Mas, pensando bem, vou ser presun\u00e7osa e afirmar que o menino sorriu para mim.<\/p>\n

Ent\u00e3o fiquei pensando: como \u00e9 dif\u00edcil viver um dia de anivers\u00e1rio em que o aniversariante adota como tema a singeleza. \u00c9 a mesma coisa de um adulto que tem loucura por um dia de sol e detesta se deitar tarde e os amigos lhe oferecem uma noite inteira da maior barulheira.<\/p>\n

D\u00e1 vontade de gritar!<\/p>\n

S\u00f3 quem n\u00e3o quer ver e n\u00e3o quer ouvir e n\u00e3o quer perceber \u00e9 que n\u00e3o v\u00ea, n\u00e3o ouve e n\u00e3o percebe que ele quer paz. E o que lhe oferecem?<\/p>\n

Algazarra, loucuras, comilan\u00e7a, bebedeira, obriga\u00e7\u00f5es cumpridas de procurar parentes que n\u00e3o se procura o ano inteiro, votos formais, presentes acima das posses e abaixo das expectativas, confus\u00e3o, correria, mau-humor, brigas, descontentamentos, desilus\u00f5es, viol\u00eancias de toda ordem, enfim, uma festa de anivers\u00e1rio tendo por base um enorme fingimento, uma incomensur\u00e1vel hipocrisia.<\/p>\n

Menino, perd\u00e3o!<\/p>\n

A experi\u00eancia de vida vai dando \u00e0 gente no\u00e7\u00e3o exata das coisas e a medida certa das a\u00e7\u00f5es. E sabemos, com o tempo, que o vazio que sente o ser humano, ap\u00f3s uma busca fren\u00e9tica, vem do simples fato de que n\u00e3o foi preenchido o que ele tem de mais sublime, de mais doce, de mais delicado: o afeto.<\/p>\n

Percebemos que cada pessoa do mundo \u00e9 um mundo inteiro. E em cada cora\u00e7\u00e3o cabe todo o universo e toda a solid\u00e3o. E tamb\u00e9m todo o amor. E toda a esperan\u00e7a. \u00c9 sozinho que o ser humano resolve ser ou n\u00e3o feliz. \u00c9 decis\u00e3o dele, pessoal, intransfer\u00edvel. Ningu\u00e9m pode decidir por outro a felicidade e ningu\u00e9m tem, realmente, o poder de tir\u00e1-la de ningu\u00e9m, se a pessoa n\u00e3o quer perd\u00ea-la.<\/p>\n

No seu anivers\u00e1rio, menino, compreendo, todo ano, porque voc\u00ea n\u00e3o fica velho: porque a esperan\u00e7a \u00e9 eterna. \u00c9 t\u00e3o nova que renasce a cada dia, n\u00e3o somente a cada ano. Esse simbolismo de ano novo \u00e9 s\u00f3 um lembrete; \u00e9 s\u00f3 uma comemora\u00e7\u00e3o. O que realmente se comemora \u00e9 o nascer de cada dia, \u00e9 a estrela luminosa, \u00e9 a lua, \u00e9 o sol, s\u00e3o as \u00e1guas, os p\u00e1ssaros, as cores e os sons. O que realmente se comemora \u00e9 o amor, \u00e9 a vida.<\/p>\n

Quer presente melhor?<\/p>\n

Ofere\u00e7o-lhe, menino, de presente, a minha vida, a minha alegria, meu trabalho, minha lida. Meu imenso amor por voc\u00ea. E n\u00e3o fa\u00e7o isto por bondade n\u00e3o. Ofere\u00e7o-lhe o que recebi de gra\u00e7a.<\/p>\n

\u00a0E foi me sentindo assim, t\u00e3o pequena e t\u00e3o grande, t\u00e3o cheia de ternura no cora\u00e7\u00e3o, que me tornei um vagalume e me encostei tamb\u00e9m na \u00e1rvore que sombreava o lugar do menino. Brilhei, pisquei, voei, dei cambalhotas, fui para l\u00e1 e para c\u00e1, fiz estripulias.<\/p>\n

\u00a0E ele sorriu para mim. Desta vez, vi mesmo!<\/p>\n

Nota:<\/u> Natividade<\/em>, obra de Sandro Botticelli<\/p>\n

Views: 1<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Autoria de Hila Fl\u00e1via Brilhou na \u00e1rvore um vagalume. N\u00e3o estava preso nos galhos. Apenasmente se encostou um pouco para iluminar. Depois veio outro; e depois outro; e mais um. Num instante m\u00e1gico, pequenas luzes piscavam, de alto a baixo. \u00a0E o menino sorriu. Um sorriso de puro encantamento. Afinal era seu anivers\u00e1rio. N\u00e3o sabia […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"sfsi_plus_gutenberg_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_show_text_before_share":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_type":"","sfsi_plus_gutenberg_icon_alignemt":"","sfsi_plus_gutenburg_max_per_row":"","_monsterinsights_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[9],"tags":[],"aioseo_notices":[],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/36617"}],"collection":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=36617"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/36617\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":36714,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/36617\/revisions\/36714"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=36617"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=36617"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/virusdaarte.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=36617"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}