{"id":36672,"date":"2019-12-01T10:20:44","date_gmt":"2019-12-01T13:20:44","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=36672"},"modified":"2022-09-09T19:42:49","modified_gmt":"2022-09-09T22:42:49","slug":"mestres-da-pintura-giorgio-morandi","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/mestres-da-pintura-giorgio-morandi\/","title":{"rendered":"Mestres da Pintura \u2013 GIORGIO MORANDI"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho
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O pintor que nos d\u00e1 a impress\u00e3o de ter verdadeiramente santificado a realidade \u00e9 Giorgio Morandi. (De Chirico)<\/em><\/strong><\/p>\n

Morandi se comove na a\u00e7\u00e3o de pintar e nela se concentra com muito amor e sentimento, dedicados com igual intensidade a cada cent\u00edmetro do quadro. (Alberto Martini)<\/em><\/strong><\/p>\n

O pintor italiano Giorgio Morandi (1890 \u2013 1964) veio de uma fam\u00edlia muito modesta da cidade de Bolonha, onde nasceu. Seu pai Andrea era um pequeno comerciante e sua m\u00e3e Maria Maccaferri dona de casa. Foi o primeiro de cinco irm\u00e3os.\u00a0 Ap\u00f3s os estudos regulares, trabalhou no escrit\u00f3rio de seu pai por um tempo. Embora sua cidade fosse desprovida de tradi\u00e7\u00f5es art\u00edsticas, ali havia uma Academia de Belas Artes, onde o rapazinho veio a estudar, mesmo percebendo que o ensino ministrado pela academia era muito limitado. Ele passou a completar sua instru\u00e7\u00e3o com a leitura de livros e revistas de arte, vindas da Fran\u00e7a, pois naquela \u00e9poca a It\u00e1lia vivia um per\u00edodo de relativa obscuridade.<\/p>\n

Mesmo seu pa\u00eds tendo pouco conhecimento sobre o Impressionismo que imperava na Fran\u00e7a, Morandi, ainda muito jovem, lia tudo que encontrava sobre o assunto. Foi assim que entrou em contato com o trabalho de Seurat, C\u00e9zanne, Rousseau, Picasso, D\u00e9rain e Braque. Ao visitar as telas de Renoir, na Bienal de Veneza, Morandi encantou-se com elas. Na cidade de Floren\u00e7a ele observou e estudou o trabalho dos mestres da Renascen\u00e7a: Giotto, Masaccio e Paolo Ucello. Em Roma, ao visitar a Exposi\u00e7\u00e3o Internacional, ficou conhecendo as primeiras obras de Monet, mestre do Impressionismo. Contudo, embora buscasse aprender com os outros pintores, seu grande interesse era pelo trabalho de C\u00e9zanne.<\/p>\n

Morandi participou em Roma da Primeira Exposi\u00e7\u00e3o Livre Futurista, onde exp\u00f4s seu trabalho pela primeira vez, aos 24 anos de idade, embora esse n\u00e3o estivesse ligado ao movimento e \u00e0s suas concep\u00e7\u00f5es, objetivando apenas opor-se \u00e0 tradi\u00e7\u00e3o acad\u00eamica. Tamb\u00e9m exp\u00f4s em Bolonha, onde passou a ensinar desenho nas escolas. Por\u00e9m, no ano seguinte, foi mobilizado para a guerra, mas acabou sendo reformado em raz\u00e3o de uma doen\u00e7a grave. Sua vida pessoal era rotineira e muito simples. Dedicava-se ao trabalho e \u00e0 medita\u00e7\u00e3o na calmaria da velha casa familiar, sendo muito moroso na cria\u00e7\u00e3o de suas obras, levando um a dois anos na feitura de uma tela. Fazia suas pinturas no est\u00fadio, passeava \u00e0 tarde e ia \u00e0 escola dar aulas de desenho. Levando uma vida muito modesta, o pintor jamais teve dinheiro para longas viagens, n\u00e3o tendo conhecido nem Paris.<\/p>\n

O artista, dono de um estilo em que a realidade do objeto, colhida em toda a sua pureza, era o mist\u00e9rio, atingiu sua maturidade com a pintura \u201cGarrafa com Fruteira\u201d em 1916, aos 26 anos de idade. Dois anos depois passou pelo per\u00edodo \u201cmetaf\u00edsico\u201d, mas voltou ao seu estilo tradicional, influenciado por Chardin (importante colorista franc\u00eas do s\u00e9culo XVIII, famoso por suas naturezas-mortas e interiores dom\u00e9sticos) e Corot (pintor conhecido por suas paisagens po\u00e9ticas e retratos femininos). Participou de uma exposi\u00e7\u00e3o em Berlim, ao lado de Chirico e Carr\u00e1. J\u00e1 famoso tanto na It\u00e1lia quanto no exterior, ganhou o pr\u00eamio da IV Bienal de S\u00e3o Paulo, em 1957.\u00a0 Morreu aos 74 anos no mesmo lugar onde nasceu.<\/p>\n

Morandi \u2013 um dos maiores nomes da arte italiana do s\u00e9culo XX \u2013 foi um muito comprometido com seu trabalho que passou praticamente ignorado no seu pa\u00eds, envolvido \u00e0 \u00e9poca com o fascismo. Ele era o poeta das coisas simples e da intimidade, sendo sempre fiel a si mesmo. Seus temas prediletos eram garrafas, utens\u00edlios de cozinha, flores e paisagens. Encontrava-se entre os poucos artistas capazes de ver beleza e poesia nos objetos dom\u00e9sticos, personagens comuns do cotidiano.\u00a0 Sobre o trabalho do pintor expressa o cr\u00edtico Alberto Martine: \u201cO amor \u00e0s coisas pequenas, infelizmente sempre desprezadas na It\u00e1lia, poder\u00e1 explicar a poesia sentida e murmurada que captamos ao admirar esses objetos de t\u00e3o irrelevante valor material, que s\u00f3 valem enquanto desejados pelo esp\u00edrito e ligados a uma saudade\u201d.<\/p>\n

Fonte de pesquisa:
\n<\/u>G\u00eanios da Pintura\/ Editora Abril Cultural<\/p>\n

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