{"id":37285,"date":"2019-03-25T00:05:38","date_gmt":"2019-03-25T03:05:38","guid":{"rendered":"http:\/\/virusdaarte.net\/?p=37285"},"modified":"2022-09-07T20:00:51","modified_gmt":"2022-09-07T23:00:51","slug":"hunt-o-despertar-da-consciencia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/virusdaarte.net\/hunt-o-despertar-da-consciencia\/","title":{"rendered":"Hunt \u2013 O DESPERTAR DA CONSCI\u00caNCIA"},"content":{"rendered":"

Autoria de Lu Dias Carvalho<\/strong>\"\"<\/a><\/strong><\/p>\n

O pintor ingl\u00eas William Holman Hunt (1827 \u2013 1910) foi um dos fundadores da Irmandade Pr\u00e9-Rafaelita \u2013 grupo formado por in\u00fameros artistas ingleses com a finalidade \u2013 segundo os seus seguidores \u2013 de desafiar o vazio em que se encontrava a pintura e de valorizar as obras de Rafael Sanzio, tendo Hunt permanecido fiel \u00e0s suas ideias por toda a vida. O artista e seu grupo acreditavam piamente nas virtudes do mundo medieval, n\u00e3o aceitando as mudan\u00e7as advindas da industrializa\u00e7\u00e3o. Ele foi um pintor de cenas religiosas, cuja precis\u00e3o de detalhes locais seguia a cartilha dos pr\u00e9-rafaelitas.<\/p>\n

A composi\u00e7\u00e3o intitulada O Despertar da Consci\u00eancia<\/em> \u00e9 uma obra do artista que exemplifica a popularidade deste tipo de quadro na Inglaterra vitoriana. Trata-se de uma pintura de g\u00eanero (uma cena de interior dom\u00e9stico) que tem como tema uma mulher desonrada, ou seja, mostra a vis\u00e3o inglesa moralista e reprovadora da \u00e9poca. In\u00fameros detalhes comp\u00f5em a simbologia da obra.\u00a0 Os temas moralizantes e piegas, pintados detalhadamente em quadros, tornaram-se tamb\u00e9m populares na Europa, onde havia muitos admiradores e colecionadores.<\/p>\n

Destrinchando a simbologia da obra:<\/p>\n

O rel\u00f3gio \u00e0 esquerda, sobre um piano de madeira talhada, est\u00e1 envolto pela figura da Castidade que prende o Cupido \u2013 deus do amor \u2013 indicando que o cavalheiro presente n\u00e3o concretizar\u00e1 seu desejo. Por tr\u00e1s do rel\u00f3gio v\u00ea-se um quadro na parede que relata a hist\u00f3ria b\u00edblica da ad\u00faltera. E \u00e0 esquerda est\u00e1 um vaso com flores de ipomeia (planta trepadeira das regi\u00f5es quentes) que, pelo fato de misturar-se a outras plantas, diz respeito \u00e0s rela\u00e7\u00f5es complexas da mulher. Aos p\u00e9s do piano e no meio do tapete est\u00e3o meadas de l\u00e3, misturadas, que refor\u00e7am a mesma simbologia.<\/p>\n

A mulher traz seis an\u00e9is nos dedos, excetuando aquele onde deveria estar um anel de casamento, o que mostra que \u00e9 dependente do homem (seu amante) ali presente. Ela usa roupas de baixo, sendo a bainha de renda parte de sua an\u00e1gua. O modo como a jovem encontra-se no colo do homem indica que ela se prepara para levantar-se, como se tivesse tomado consci\u00eancia de que seu comportamento est\u00e1 errado. Seus grandes olhos est\u00e3o direcionados para cima. A luva suja jogada no ch\u00e3o, \u00e0 sua frente, simboliza o seu futuro, caso n\u00e3o mude sua vida.<\/p>\n

O homem festivo, esparramado na cadeira, traz uma m\u00e3o nas teclas do piano e outra no colo da mo\u00e7a, enquanto canta, sem notar que uma nova atitude brota no rosto de sua amante. V\u00ea-se pela sua vestimenta que ele \u00e9 um jovem rico em visita \u00e0 sua am\u00e1sia na casa mantida por ele, como mostra o seu chap\u00e9u sobre a mesa, ao lado de um livro encadernado. No ch\u00e3o, sobre um pano azul, est\u00e1 uma partitura enrolada. Refere-se a \u201cL\u00e1grimas, In\u00fateis L\u00e1grimas\u201d, adapta\u00e7\u00e3o de Edward Lear (pintor e escritor ingl\u00eas) para um poema de Alfred Tennyson (poeta ingl\u00eas) com a mesma tem\u00e1tica da pintura. Bem pr\u00f3ximas \u00e0 partitura est\u00e3o as iniciais do pintor e a data de feitura da obra.<\/p>\n

Um gato sob a mesa \u2013 logo atr\u00e1s da cadeira do cavalheiro vitoriano \u2013 brinca com um p\u00e1ssaro. \u00c9 poss\u00edvel que o gato represente o homem e a ave a mulher. Ele \u00e9 o ca\u00e7ador e ela a presa. A fuga da ave, j\u00e1 de costas para o gato que olha para cima, pode sugerir que a vida da jovem ainda pode ser mudada. A presen\u00e7a de um raio de luz sobre o p\u00e9 do piano tamb\u00e9m simboliza vida nova para a mulher, assim como o seu olhar direcionado para fora da janela, em dire\u00e7\u00e3o ao jardim que se reflete no grande espelho \u00e0s suas costas, assim como parte do rosto do homem e as costas da mulher. A luz simboliza Cristo como a \u201cLuz do Mundo\u201d (t\u00edtulo de outra pintura que fazia par com esta). As rosas brancas no jardim representam a pureza.<\/p>\n

Obs.:<\/span> A modelo da pintura \u00e9 Annie Miller, namorada do pintor \u00e0 \u00e9poca.<\/p>\n

Ficha t\u00e9cnica<\/span>
\nAno: 1853
\nT\u00e9cnica: \u00f3leo sobre tela
\nDimens\u00f5es: 76 x 56 cm
\nLocaliza\u00e7\u00e3o: Tate Gallery, Londres, Gr\u00e1-Bretanha<\/p>\n

Fonte de pesquisa<\/span>
\nA arte em detalhes\/ Robert Cumming<\/p>\n

Views: 79<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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